quarta-feira, 29 de junho de 2011

Liza Marklund - Homicídio no Parque [Opinião]

Eu sou uma entusiasta confessa de policiais nórdicos e já há muito que Lisa Marklund estava à espera na estante, aguardando a sua vez.

Basicamente a história gira em torno da jornalista Annika Bengtzon, que se envolve numa investigação de crime, quando um corpo de uma jovem de 19 anos é encontrado atrás de uma lápide num cemitério.

Embora seja o primeiro livro da autora publicado em português, subentende-se que existem livros anteriores protagonizados pela jornalista. Ora pela minha pesquisa, encontrei um, editado pela Círculo de Leitores, chamado "A Bomba" e já adaptado em versão cinematográfica.

Posto isto, a temática central do livro gira em torno dos relacionamentos abusivos. É também um livro que faz reflectir sobre o equilíbrio entre o respeito pela privacidade de todos e direito do leitor à informação. Vai portanto, muito além da mera investigação criminal. Depois um facto bastante interessante do livro é o vislumbre dos escândalos políticos e mundo do crime na Suécia, tornando-se quase como reconfortante constatar que nenhum país está imune a estes problemas.

A própria estrutura do livro compõe-se por, no início de cada capítulo, uma curta e perturbadora narração, em itálico, constituindo uma parte importante da investigação central do assassinato. Exceptuando as descrições do sistema político sueco, achei que o livro tinha bastante acção bem como uma dose de emoções fortes, associada aos valores da amizade, o mundo degradante da pornografia e a relação entre o eu/família...
Marklund criou uma história bastante credível, munida de personagens de um carácter complexo e envolvente, muitos dos quais não tão queridos como Annika, mas ainda são altamente reais.

Annika é um personagem fascinante. A sua inexperiência prejudica-a mas ela desempenha um bom trabalho na forma como consegue conquistar confiança nas pessoas que entrevista. A sua preocupação com Josefin é genuína, não sendo apenas a mera investigação do crime que está em jogo. Ela enfrenta vários conflitos no local de trabalho, desde a rivalidade entre os vários colaboradores até o descobrir as amizades genuínas/verdadeiro companheirismo no mundo laboral. A vida pessoal da protagonista também tem umas nuances nomeadamente nas relações com a mãe e o namorado controlador.
Dada a inexperiência desta personagem, a história caracteriza-se quase como protagonizada por um detective amador.

No decorrer do livro, o leitor formula as suas próprias teorias no que concerne à identidade do assassino e o motivo. A acção desenvolveu-se numa espiral de acontecimentos relativamente inesperados até ao culminar, que foi deveras surpreendente. São então explicadas muitas pontas soltas que foram sendo deixadas para trás e Annika conhece o maior desafio, para o qual ela definitivamente não está preparada!

Uma leitura que recomendo sem reservas!

domingo, 26 de junho de 2011

James Patterson - 3º Grau [Opinião]


3º Grau é o terceiro volume da saga do Clube das Investigadoras. Embora tenha lido apenas "Primeira a Morrer" e já há algum tempo, consegui mergulhar por completo nesta história que passo já a comentar.

Lindsay Boxer, tenente do Departamento de Polícia de S, Francisco e a sua cadela, Martha, estão a desfrutar de uma corrida quando uma explosão quase as derruba ao chão. Depois de chamar o 112, Lindsay entra no prédio em chamas para ver se há sobreviventes, onde ouve o som do choro de alguém e descobre um menino. Imediatamente Lindsay resgata-o. Mas o casal progenitor da criança morre na explosão...

Este é apenas o primeiro dos assassinatos brutais que ocorrem neste livro.
Como nos romances anteriores, Lindsay recorre à ajuda das suas três melhores amigas que, juntas, formam o Clube das Investigadoras. O clube é composto por Jill Berhardt (advogada e Procuradora de Justiça), Claire Washburn (médica legista), e Cindy Thomas (jornalista do Chronicle). Cada mulher é capaz de contribuir para o caso, de uma forma específica.

Apesar do 3º Grau constituir o terceiro romance do Clube das Investigadoras, e apresentar-se como uma história independente, não se torna estritamente necessário ler-se os dois livros anteriores para se entender este. No entanto o primeiro livro, "Primeira a Morrer" ajuda o leitor a perceber a base para a formação deste clube e a motivação dos personagens principais do grupo.

São estas as personagens que o leitor, desde o inicio da saga, sente um carinho especial e vive os seus dramas pessoais aliado à própria investigação do crime. Desde ao tema do aborto, relações falhadas até à violência doméstica, são exploradas uma série de situações que comovem o leitor. Depois a própria relação entre as mulheres, sólida e bastante cúmplice, tem uma componente muito reflexiva sobre a amizade e os valores que esta tem associada.

Com uma trama surpreendente, Patterson (com a participação de Gross) criam um romance que alia ingredientes como acção, mistério, drama e uma dose elevadíssima de emoções fortes. Depois o autor incorpora a narrativa em pequenos capítulos de uma a duas páginas, que induzem maior rapidez na leitura. No entanto certos aspectos caem no banal, tendo em conta que já há algumas histórias baseadas no 11 de Setembro e outros ataques terroristas.
O livro é contada a partir dos pontos de vista de Lindsay Boxer, o que influencia um envolvimento ainda maior não só com esta personagem, bem como com os acontecimentos sucessivos da narrativa.

Apesar de ter lido apenas o primeiro livro, gostei muito mais do que este 3º Grau. Ainda que as conjunturas do terrorismo, aliadas ao realismo dos cenários sejam aspectos bastante convincentes, houve um único pormenor, que me desiludiu redondamente, e faz-me equacionar toda a qualidade da narrativa. Este pormenor prende-se com o rumo de uma personagem.

Eu recomendo, mas não como uma leitura obrigatória. Se algum seguidor estiver porventura, inclinado a ler James Patterson, recomendo o primeiro desta série, Primeira a Morrer.


quinta-feira, 23 de junho de 2011

Resultado do Passatempo "Michael Ridpath - Onde Moram as Sombras"

Neste passatempo da menina dos policiais contei com 194 participações válidas (atenção com as participações repetidas! Está expresso nas regras do passatempo que, para moradas repetidas, são automaticamente invalidas, apesar do nome do participante ser diferente)

Contudo, todos os participantes acertaram nas respostas que eram:

1. O que contém o manuscrito?
Uma saga sobre um anel com um terrível poder.

2. O anel está na posse da família há quantos anos?
Há quase 800 anos.

3. Este manuscrito terá servido de inspiração a Tolkien para escrever que livro?
O Senhor dos Anéis.

4. Onde estudou o autor do livro, Michael Ridpath?
Em Oxford.

Depois de um sorteio no site Random.org, o vencedor é:

181. Isabel Martins (Loulé)

Muitos parabéns à vencedora! A todos os que tentaram e ainda não conseguiram, não desistam, terei todo o gosto de voltar a fazer passatempos! Boa sorte e boas leituras para todos!

Michael Ridpath - Onde Moram as Sombras [Opinião]

Em colaboração com a Editorial Presença tive oportunidade de ler este livro, que constitui o último volume da colecção Minutos Contados.

O primeiro aspecto que devo salientar é a adopção do novo acordo ortográfico. Este livro encontra-se já escrito consoante a língua portuguesa de doravante e foi o primeiro que li após esta alteração ter entrado em vigor. Ter encontrado palavras como adoção, ação, detetive, etc... fez com que me distraísse um pouco da leitura e reflectisse sobre a "evolução" da nossa língua (lamento mas eu sou contra este acordo ortográfico!).

Posto isto vamos lá passar ao que realmente interessa... Magnus Jonson é um detective de Boston de origem islandesa, e é destacado para a polícia islandesa para sua própria protecção, depois de uma operação mal sucedida com os barões da droga americanos. No primeiro caso na Islândia, Magnus dedica-se à investigação do assassinato de um professor de literatura islandesa. Este parece ter sido morto devido ao seu conhecimento do paradeiro de uma versão escrita de uma antiga saga islandesa (saga de Gaukur) que foi a base para uma das mais famosas obras literárias do mundo, a saga do Senhor dos Anéis de J.R.R. Tolkien.

Passando-se grande parte da acção na Islândia, o autor evoca com frequência a paisagem do país, o que provocou o efeito de familiaridade no cenário e a sensação de quase como vivermos in loco a acção da narrativa. No entanto, os difíceis nomes islandeses dos lagos, cidades, etc etc conferem uma dificuldade acrescida em associar o local ao exercício de visualização do mesmo.
E sendo Ridpath de origem britânica, tiro-lhe o chapéu pelo magnífico trabalho de investigação sobre o País a ponto de saber escrever tão bem sobre a Islândia como um nativo. Aliás, na nota do autor, no final do livro, este confessa que teve 15 anos para concretizar a escrita deste livro passado na Islândia!

Dado que a minha leitura anterior também recaiu sobre um autor islandês, devo confessar que tive alguma dificuldade em entrar em pleno na história. Talvez pelo nome das personagens e dos locais, que já começava a confundir com os do livro anterior. No entanto as narrativas nada têm a ver uma com a outra! Ridpath conta neste livro. uma história complexa e intrincada, uma vez que vai além da mera investigação policial, interpondo uma teia de intriga e conspiração bem como uma forte componente em folclore islandês.

Apesar dos conceitos do anel e do manuscrito (aspectos ligados mais à mitologia) desaparecidos serem diferentes do usual, a aventura em torno destes é bastante convincente. O autor conseguiu incorporar estes elementos, de uma forma bastante credível, através da inclusão de personagens complexas mas reais. Os aspectos mais gerais da Islândia moderna também são retratados, nomeadamente problemas actuais do país, como os financeiros e atitudes para estrangeiros de vários tipos. Aliás, Ridpath até é conhecido pela escrita de thrillers financeiros e utiliza esta perícia para mencionar algumas vezes o ambiente financeiro na Islândia, que recentemente passou por uma crise.

Um efeito que o livro despertou em mim foi a vontade de ler Tolkien. Eu, que não desgosto dos filmes da saga "Senhor dos Anéis", fiquei extremamente curiosa em ler os livros que deram origem a estes filmes adaptados por Peter Jackson na tela cinematográfica.

A minha curiosidade sobre o autor induziu-me a pesquisas na Internet. Descobri que "Onde Moram as Sombras" é o primeiro livro de uma saga, Fogo e Gelo (Fire and Ice), restando-me deduzir que será protagonizada por Magnus Jonson. Cá ficaremos à espera que a Editorial Presença edite os restantes volumes!

Sendo um livro de suspense inteligente, Onde Moram as Sombras irá satisfazer as delícias dos leitores que procuram um equilíbrio entre o realismo mágico e a fantasia urbana protagonizada por um detective. Daí que recomendo sem reservas este livro! Irão certamente perder-se no ambiente gélido da Islândia.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Novidade Julho - Porto Editora


Depois do grande êxito O Hipnotista, Lars Kepler volta com este O Executor, que só a sinopse me deixou em transe (vou comprar este livro mal saia!) hehehe

«O Executor», de Lars Kepler
«Uma mulher aparece misteriosamente morta numa embarcação de recreio ao largo do arquipélago de Estocolmo. O seu corpo está seco, mas a autópsia revela que os pulmões estão cheios de água. No dia seguinte, Carl Palmcrona, diretor-geral de Armamento e Infraestruturas de Defesa da Suécia, é encontrado enforcado em casa. O corpo parece flutuar ao som de uma enigmática música de violino que ecoa por todo o apartamento.
Chamado ao local, o comissário da polícia Joona Lina sabe que na sua profissão não se pode deixar enganar pelas aparências e que um presumível suicídio não é razão suficiente para fechar o caso. Haverá possibilidade de estes dois casos estarem relacionados? O que poderia unir duas pessoas que aparentemente não se conheciam?
Longe de imaginar o que está por detrás destas mortes, Joona Lina mergulhará numa investigação que o conduzirá, através de uma vertiginosa sucessão de acontecimentos, a uma descoberta diabólica. Existem pactos que nem mesmo a morte pode quebrar…»


sábado, 18 de junho de 2011

Arnaldur Indriðason - A Voz [Opinião]

Já conhecia este autor islandês. Ainda antes do blog ter nascido, li um livro dele, Laços de Sangue, que me marcou profundamente. Ainda hoje me recordo da história e das personagens (que são comuns a este livro, a Voz). Nessa altura nem se falava de Stieg Larsson, por isso foi provavelmente com este autor que me estreei na literatura nórdica.

Há muito que não tinha uma leitura assim! O livro prendeu-me desde o primeiro instante e tornou-se de certa forma, viciante. Li este livro em qualquer coisa como dois dias! Uma leitura que se caracterizou como bastante compulsiva!

Sem rodeios, o livro começa logo com o aparecimento da polícia no local do crime, um quarto na cave de um hotel islandês. A acção decorre em plena época natalícia e um homem vestido de Pai Natal, chamado Gudlaugur Egilsson aparece morto. Pelo estado do cadáver, bem como a posição comprometedora em que se encontrava, o leitor rapidamente deduz o grau de brutalidade do crime e o detective Erlendur Sveinsson é obrigado a intervir juntamente com a sua equipa.

Para compor o ramalhete, é também descrito o caso de uma criança alegadamente espancada pelo seu pai. Terão estes dois casos algum ponto em comum?

O livro centra-se não só na investigação destes crimes como também na personagem principal, Erlendur. Como começa já a ser comum, há toda uma panorâmica de problemas familiares na vida do detective, em especial a relação peculiar entre ele e a sua filha Eva Lind. Este é portanto uma personagem complexa, que esconde os seus sentimentos. Não sei se será a própria cultura nórdica (e já em Stieg Larsson senti isto), mas de um modo geral as personagens são frias, não expondo o que sentem (exceptuando talvez Eva Lind). Talvez seja uma questão cultural...

Com isto não quero dizer que as personagens são supérfluas, até porque grande parte do livro refere um trauma de infância de Erlendur, o que o aproxima mais ao leitor. Até a vida do porteiro Gudlaugur é explorada, de forma a que sintamos afinidade (e pena) do homem.

À primeira vista não me ocorria a ligação do nome do livro com o caso, mas se tiverem a oportunidade de ler o livro, irão perceber o quão importante é a Voz na vida de todos nós. Curiosos? Não digo mais nada...!

Em relação à escrita do autor, gostei bastante. É fluída, com um vocabulário acessível. Indridason formula capítulos pequenos e por umas duas vezes ainda me fez rir, pela forma como usa brilhantemente uma pitadinha de humor. Os diálogos entre as demais personagens são bastante intensos e abundantes o que dinamiza bastante a narrativa. Até a maneira como conta acções passadas é peculiar, recuando a acção do livro até a esses momentos, para os vivenciarmos melhor.

Como a narrativa e a própria investigação do crime sempre tiveram surpresas, o desenlace não escapou a este efeito de impressibilidade. No entanto achei-o demasiado rápido (muitas pontas soltas que são explicadas apenas nesse momento, num número muito reduzido de páginas).

Só tenho uma coisa a apontar: encontrei algumas gaffes no livro, que me distraíram da leitura, ainda que momentaneamente.

Dado que é um livro que mexe com o leitor, através da história de Erlendur e Eva Lind, vai além do mero policial. Não deixa de ser um drama intenso que nos deixa a reflectir nos acasos da vida. Um livro ideal para os aficionados das leituras nórdicas que não devem perder!

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Novidade Julho - Dom Quixote


Anjos Perdidos em Terra Queimada - Verão é o segundo volume da tetralogia de Mons Kallentoft que tem na inspectora Malin Fors a principal personagem e que os leitores começaram a conhecer em Sangue Vermelho em Campo de Neve - Outono, também editado pela Dom Quixote.
Nesta nova história, somos transportados para um enredo perturbador onde os preconceitos sexuais, a desconfiança face aos imigrantes, os amores desesperados e o ódio acumulado ao longo dos anos dão origem a um arrepiante cenário de crime e mistério.

Nas livrarias a 18 de Julho

Finalmente! Eu esperava por este já à algum tempo... O estranho é que passou do Inverno para o Verão sem passar pela Primavera. Das duas uma: ou na Suécia simplesmente não existe Primavera ou então o fenómeno das alterações climáticas entrou em vigor no mundo literário!


quinta-feira, 16 de junho de 2011

Passatempo "Diane Wei Liang" - Resultado


Em colaboração com a Bizâncio, a menina dos policiais tinha um pack de dois livros de Diane Wei Liang para dar, a quem simplesmente indicasse o melhor policial de sempre. Tive apenas 31 emails com resposta a este passatempo.

Os critérios da escolha foram sobretudo a qualidade da crítica e o ênfase dado ao comentário.
Assim sendo, anuncio o vencedor:

Sandra Sousa

"O meu policial preferido é os Pássaros da Morte de Mo Hayder. Já o li há vários anos, se não estou em erro devia ter uns 16 anos. Mas ficou-me na memória o momento em que o comecei a ler. Aquela sensação que temos quando começamos a ler um livro e já sabemos a partida que vamos encontrar um mundo diferente, um mundo cheio de coisas novas e inesperadas. Este livro tinha aquele bichinho que nós cola às páginas e quando o paramos de ler ficamos com uma sensação estranha no estômago, ficamos a pensar "Mas o que é que acabou de acontecer?!".
Na verdade não posso falar muito acerca do livro porque já não me lembro dos pormenores, apenas lembro-me do livro em geral. É um livro forte e com cenas extremamente chocantes! E fico eu a pensar...será que serei normal ao obter prazer ao ler cenas tão chocantes e pormenores tão obscuros?! Não serei um bocado estranha? Confesso que depois de acabar de ler o livro fiquei uns dias a pensar nisto. Mas pensando bem...mais estranha será a escritora! (Risos).
Depois deste li vários policiais mas nenhum até agora conseguiu bater o impacto que este teve em mim. Desde as descrições e a história em si que explora várias vertentes das personagens. "

Pois é Sandra, não podia concordar mais! Apenas a literatura policial me deixa este efeito, e sim, eu tenho prazer em ler cenas chocantes!

Parabéns!

A todos os que participaram, o meu muito obrigado! Nunca desistam de participar nestes passatempos!


Mikkel Birkegaard - A Biblioteca das Sombras [Opinião]

Mais um thriiler que vem do frio, mais concretamente, da Dinamarca.

Quando Luca Campelli inesperadamente morre, o seu filho Jon herda a sua loja de alfarrabistas, Libri di Luca, em Copenhaga. Jon não vê o seu pai há 23 anos, desde a morte misteriosa da sua mãe.

O autor apresenta-se com uma escrita bastante fluída e desprovida de elementos de extrema violência, para contar uma história envolta num véu de mistério mas com um nível de acção frenética! Os diálogos entre as personagens são envolventes, no entanto alguns demasiado morosos em momentos de maior tensão (como dizem: don´t talk, act fast). Apenas uma personagem, Katherina, é que me conquistou. Os demais intervenientes da narrativa são descritos quase como supérfluos, e não me consegui envolver em pleno com os mesmos.

Achei de certa forma que o autor se assemelha ao estilo de Dan Brown. Desta forma está patente em todo o livro uma conspiração e uma teia de intrigas em torno de uma seita secreta, tendo uma nuance especial: uma abordagem extensiva sobre a temática dos livros. Este conceito é no mínimo, original! Assim, bibliófilos e aficionados em Dan Brown ou James Rollins vêem nesta leitura um prazer acrescido.

Algumas particularidades a reter, e que deram um gostinho especial ao livro: a forma como o autor descreve as experiências paranormais de uma leitura é simplesmente fantástica, dotada de grande "realismo"! A maneira como é introduzido o acto de leitura é processado pelo nosso cérebro é bastante didáctico. Dado o meu gosto pela cultura egípcia, gostei particularmente da referência ao Egipto e da Biblioteca de Alexandria.

No entanto achei que o desfecho deixou um pouco a desejar... Birkegaard podia ter explorado de melhor forma o desenlace da história.

Insere-se na categoria de um livro que entretém, mas é apenas isso. Faltou o factor fundamental e que me deixa presa horas a fio numa leitura, o facto do realismo subjacente na história e a probabilidade de essa situação de facto vir a acontecer. Claro que neste livro isso não se verifica, essencialmente pelo forte peso em elementos sobrenaturais que a história contém.


Passatempo "Michael Ridpath - Onde Moram as Sombras"


Desta vez, e em parceria com a Editorial Presença, a menina dos policiais tem para sortear um exemplar do livro Onde Moram as Sombras de Michael Ridpath. Para participar no passatempo, tem apenas de responder acertadamente a todas as questões seguintes:

Regras do Passatempo:

-O passatempo começa hoje dia 16 de Junho de 2011 e termina às 23.59h do dia 22 de Junho de 2011;

-O participante vencedor será escolhido aleatoriamente;

-O vencedor será contactado via e-mail;

-Apenas poderão participar residentes em Portugal e só será permitida uma participação por residência.

- Se precisarem de ajuda, podem consultar a sinopse aqui




Boa Sorte aos participantes!

terça-feira, 14 de junho de 2011

Novidade Junho - Editorial Presença

Este é o novo título a integrar a colecção Minutos Contados da Editorial Presença. Deixo-vos a sinopse deste thriller histórico, no mínimo aliciante :)

Sinopse:
Um manuscrito contendo uma saga sobre um anel com um terrível poder está na posse de uma família há quase oitocentos anos. Este manuscrito terá servido de inspiração a Tolkien para escrever O Senhor dos Anéis, e só este facto já seria suficiente para que muitas pessoas se sentissem tentadas a tudo para o obterem. Mas também seriam capazes de matar? Um thriller repleto de ritmo e surpresas que constituirá uma leitura indispensável para os apreciadores de suspense.

Sobre o autor: Michael Ridpath cresceu no Yorkshire. Estudou em Oxford e trabalhou durante oito anos na City de Londres antes de se dedicar à escrita a tempo inteiro. É autor de diversos thrillers financeiros. Os direitos de Onde Moram as Sombras foram adquiridos por dez países. Michael Ridpath vive em Londres com a mulher e os três filhos.


Nas bancas a 16 de Junho! A não perder!


Minette Walters - A Máscara de Desonra [Opinião]

Há algum tempo li um livro desta autora, Fantasmas do Passado, e fiquei extasiada, principalmente com a forma como a autora formula enredos engenhosos e pela própria escrita envolvente. Ora a tendência verifica-se no decorrer desta narrativa.

Este livro constitui o 2º volume da Colecção O Fio da Navalha, da Editorial Presença, sendo portanto um dos livros mais antigos de uma das melhores colecções a nível de literatura policial/thriller.

Uma idosa velha e amarga de seu nome Mathilda Gillespie é encontrada morta na banheira, com os pulsos cortados e com uma máscara de desonra colocada (um engenho colocado em mulheres nos séculos XVI-XIX, sendo um objecto de tortura) em adorno de flores. Terá sido suicídio? Ou um homicídio dissimulado?
Com o desenvolver da narrativa, o leitor vai conhecendo a personagem Mathilda, através da investigação por parte da sua médica, Sarah Blakeney, a única pessoa que realmente se importou com a idosa em conjunto com o polícia Cooper.

Mais do que uma investigação do crime, o enredo trará a lume, uma perspectiva dura e crítica sobre os segredos de família, os desejos e mal entendidos que pairam sobre Mathilda. É portanto uma história onde a componente policial é tão forte como a dramática. A autora ganha pontos ao recorrer a uma parcela considerável de psicologia sádica e maliciosa.

Mais uma vez, Walters preocupa-se em dotar as personagens com um certo grau de realismo. Assim, temos a detestada velhota Mathilda, uma personagem que se dará a conhecer pelas conclusões da investigação do seu homicídio, e pelos testemunhos que antecedem cada capítulo, através da presença das páginas do seu diário. A sua filha e neta, que não escondem a avareza pelo dinheiro da idosa, a médica Sarah (com os seus conflitos matrimoniais) e o próprio polícia. São personagens que acabam por cativar e convencer o leitor.

Torna-se muito evidente, praticamente desde os primórdios do livro, que a morte da velhota não terá sido um suicídio. Simultaneamente são apresentadas as diversas personagens que têm, ainda que indirectamente, relacionamentos com a defunta. Este ponto é fundamental para estabelecer um clima de desconfiança em relação aos intervenientes da narrativa. Os personagens, naturalmente, não são o que aparentam. Depois os diálogos entre eles são bastante envolventes.

A própria evolução do enredo é intrincada. À medida que vamos lendo, não sabemos o que esperar daí para a frente. Interessante foram as várias intervenções sobre Shakespeare, fazendo uma espécie de simbolismo na própria história (o que inicialmente para mim não foi imediato dado que, infelizmente, não estou familiarizada com a sua obra).

No meio de tanta imprevisibilidade, o desfecho não poderia fugir à regra. Não esperava de todo! Nem vou tecer aqui mais comentários a fim de estragar a surpresa!

Um pequeno reparo: notei que este livro (datado de 1998), tem algumas gralhas a nível da escrita das palavras, o que me leva a concluir que a revisão a cargo da Editorial Presença está cada vez mais rigorosa.

Por ter ganho o prémio Gold Dagger Award como o melhor livro policial de 1994, um título atribuído com todo o mérito, recomendo sem reservas esta leitura! É um livro duro e inesperado que fará as delícias dos amantes do policial.


quinta-feira, 2 de junho de 2011

Tess Gerritsen - O Aprendiz [Opinião]


Tendo eu já lido um óptimo livro da autora, O Cirurgião (podem ver a sua opinião aqui), fiquei fascinada e quis ler o seu sucessor. O efeito da capa mudou radicalmente. Se a capa d´O Cirurgião não me agradava minimamente, esta eu adoro! Muito bem conseguida mesmo!

Dado que este livro é uma continuação d´O Cirurgião, torna-se imprescindível a leitura prévia deste. Devo confessar que o livro anterior me deixou com as expectativas bem elevadas...e estas nem por um momento foram defraudadas. Quando achava que Gerritsen tinha criado um assassino impiedoso, aqui fê-lo pior ainda, superando em muito o limite de violência e abusos sexuais mais vulgarmente retratados na literatura.

Ora em O Aprendiz, começam a correr homicídios de casais, sendo o modus operandi bastante semelhante ao do impiedoso Cirurgião. Mas estando este na prisão, quem estará a seguir as suas pegadas? Será o próprio Cirurgião que se consegue evadir da cadeia?

Com uma escrita fluída, de acção constante, Gerritsen consegue prender o leitor numa trama, onde as investigações dos homicídios conduzem a conclusões imprevisíveis.
Sendo a autora licenciada em Medicina, não é de admirar que crie enredos que recorra aos procedimentos forenses, com uma explicação exaustiva de inúmeros processos do organismo vivo, estabelecendo um paralelismo com o estado de post mortem. Estes pormenores ricos em terminologia médica são portanto algo chocantes, sendo também bastante didácticos.

Neste livro, é explorado também o perfil do Cirurgião, e eu que sou uma amante da psicologia, foi um facto que me agradou particularmente! As personagens continuam a ter uma grande ligação com o leitor, nomeadamente Jane Rizolli. Neste livro é então explorado o seu lado mais pessoal (e que eu tanto estranhei não ter sido retratado no livro anterior). Além de Rizolli, a personagem Maura Isles, a médica legista, começa a ter destaque. Aliás, esta dupla Isles e Rizolli, começa a ser protagonista da restante saga da autora, baseando argumentistas a criar uma série televisiva, Rizzoli & Isles.

O desfecho não me satisfez na plenitude...deixa em suspenso as motivações do cirurgião. Não sei se esta personagem se enquadra no livro seguinte protagonizado por Rizolli e Isles, A Pecadora (e que vou adquirir com certeza). Uma estratégia de Gerritsen para fidelizar os seus leitores? Será?

Um livro que entra directamente para o pódio dos melhores alguma vez lidos, e uma autora que consagrou-se na escrita de thrillers.

Aquisições de Junho













quarta-feira, 1 de junho de 2011

Novidade Junho - Publicações Europa América

Uma grande aposta das Publicações da Europa América, com uma sinopse irresistível!

Título: Manual do Detective
Autor: Jedediah Berry
Colecção: Contemporânea
Preço: 22.56¤
Pp.: 260

Um maravilhoso livro de estreia, com um enredo alucinante, em que um improvável detective, armado somente com um chapéu-de-chuva e um peculiar manual, terá de resolver vários crimes cometidos nos sonhos das pessoas.

Numa cidade nunca nomeada e sempre chuvosa, Charles Unwin é um meticuloso funcionário de uma poderosa agência de detectives. Após anos num labirinto de arquivos, é o responsável pelos ficheiros de Travis T. Sivart, o famoso detective que resolveu os casos do Homem que Roubou o Dia 12 de Novembro e das Três Mortes do Coronel Baker.
Quando Sivart desaparece misteriosamente, tal como os despertadores de toda a cidade, Charles Unwin é promovido a detective e, na companhia da sua secretária narcoléptica, terá de descobrir o paradeiro do lendário agente e salvar a cidade das garras de um mestre do crime que assombra os sonhos dos habitantes.

Jedediah Berry é escritor e editor na Small Beer Press. Publicou contos nas colectâneas Best American Voices e Best American Fantasy. Em 2010, O Manual do Detective ganhou o Crawford Award, o Dashiel Hammett Prize e o Strand Critics Award, para a melhor estreia literária.

Crítica:
«Jedediah Berry está em sintonia com o estilo das histórias policiais de Holmes e Spade e reproduz ambientes com um adorável talento.» Michael Moorcock

«Este livro de estreia tece a intriga elaborada que seria de esperar se Wes Anderson adaptasse um livro de Kafka.» The New Yorker

Fiquei bastante curiosa com este livrinho! E vocês?


Resultado do Passatempo "Lisa Gardner - O Vizinho"

Neste passatempo da menina dos policiais contei com 257 participações das quais 13 estavam incorrectas.

Então as respostas certas seriam:

1. Como se chama a sargento-detective protagonista deste livro?
D.D. Warren

2. No que está interessado Jason Jones?
Em destruir provas e isolar a filha.

3. Que idade tem a filha de Jason e Sandra Jones?
Ela tem 4 anos.

4. Onde vive Lisa Gardner?
Nova Inglaterra (aceitei também Hampshire)

Fiquei desiludida quando vi a quantidade de respostas erradas da pergunta 4. Boston pertence a New England (é de facto a maior cidade) mas a autora vive em Hampshire, como podem ver no site da autora: http://lisagardner.com/about em que diz: "These days I live in New Hampshire with my wonderful husband who loves auto-racing and black-diamond skiing." ou no artigo sobre a autora no Wikipedia que corrobora esta informação.

Sem mais demoras o vencedor é:

117. António Filipe (Odivelas)

Muitos parabéns ao vencedor! A todos os que tentaram e ainda não conseguiram, não desistam, terei todo o gosto de voltar a fazer passatempos! Boa sorte e boas leituras para todos!