segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Novidade Quinta Essência para Setembro


Da autora de Calafrio, Uma Voz na Noite e Vidas Trocadas

Sinopse: Quando o detetive Duncan Hatcher é chamado à mansão do juiz Cato Laird para investigar uma morte, compreende que a discrição é a chave para manter o seu emprego. Elise, a mulher-troféu do juiz, afirma ter matado a tiro um gatuno em legítima defesa, mas Duncan tem quase a certeza de que ela mente. A investigação que faz ao passado pouco suspeito de Elise convence-o de que ela é mentirosa, manipuladora e, mais do que provavelmente, uma assassina.Mas quando Elise desaparece…Sem saber em quem acreditar, Duncan vê-se envolvido na investigação de um homicídio que desafia a sua lógica, o seu infalível instinto e a sua inabalável integridade. Não confia em ninguém, exceto na palavra do criminoso que prometeu eliminá-lo.E confia ainda menos na mulher que mais deseja.

Sobre a autora: Sandra Brown é a autora de mais de setenta romances, na sua maioria bestsellers do New York Times. É uma das mais importantes escritoras de romances policiais dos Estados Unidos, distinguida, entre outros, com os prémios Texas Medal of Arts Award for Literature e o Thriller Master de 2008, a distinção máxima atribuída pela International Thriller Writer's Association.
Nascida em Waco, no Texas, Brown trabalhou como modelo e em programas de televisão antes de se dedicar à escrita. Publicou o seu primeiro romance em 1981 e, desde então, já vendeu cercade setenta milhões de exemplares em todo o mundo, estando a sua obra traduzida em trinta e três idiomas.
Vive com o marido em Arlington, no Texas.


John Darnton - O Caçador de Almas [Opinião]

Motivada pela leitura do Ricardo, que nas férias optou pela Profecia de Neandertal, deste autor John Darnton, escolhi ler este livro que há muito aguardava a sua vez na estante.

Tyler, um jovem de 13 anos, sofre um acidente que teve danos cerebrais irreversíveis como consequência. O neurocirurgião Leopoldo Saramaggio e o expert em inteligência artificial Warren Cleaver vêem em Tyler um sujeito de estudo para aplicação das suas revolucionárias técnicas que poderão abalar toda uma comunidade médica.
Esta é a premissa que dá origem a uma história diferente do que estou habituada, dentro do género da ficção científica/thriller médico.
Para ser sincera nunca li nenhum livro que se enquadrasse nestes moldes e depois desta experiência, até fiquei curiosa em iniciar-me no autor Robin Cook, famigerado no género do thriller médico.

A capa, tão inocente, mal transmite a carga de emoções fortes que o livro transmite ao leitor. Gostei particularmente da fonte de letra usada pela Casa das Letras na edição deste livro e da Profecia de Neandertal, bem como o espaçamento entre linhas, pormenores que conjugados, proporcionaram uma leitura bastante acessível.

O livro está muitíssimo bem estruturado, em três partes, respeitantes ao acidente, operação e recuperação, se bem que o autor poderia ter subdividido a última parte, por ser demasiado extensa e relatar acontecimentos além da recuperação propriamente dita do menino.

Passando agora a aspectos intrínsecos à história gostaria de salientar uns quantos pontos.
No livro existe uma ou outra passagem com uma componente extensa e descritiva sobre o cérebro humano, e sabendo eu de antemão que o autor é jornalista, claramente que John Darnton fez um trabalho de pesquisa que é de louvar. No entanto, para leigos em Medicina como é o meu caso, ler tanta informação assim de chofre torna-se difícil e maçador, assimilar tantos dados que, assim à primeira vista, não são fulcrais para a história (não com este nível de detalhe). Durante a leitura pensei frequentemente se a complexidade do cérebro humano descrita na teoria de Darnton será mesmo verdadeira: se eu for bilingue, a remoção de uma pequena parte do meu cérebro será o suficiente para eu deixar de falar português e passar a falar apenas inglês? Se a aptidão para a Matemática pode ser implementada directamente no cérebro? Sei que o autor, no livro A Profecia de Neandertal, também lança umas teorias mais escandalosas sobre o homem pré histórico, face à comunidade científica. Talvez o autor queira ser polémico e deixar a sua marca de criatividade.

No entanto há certas passagens, bem mais leves e igualmente assentes em bases científicas, que se tornaram bastante interessantes e didácticas (como por exemplo a descrição das fases do sono.)

Tyler é uma personagem fantástica. Tendo perdido a mãe em tenra idade, desenvolveu uma carência de afecto que o pai tenta compensar a todo custo. Mas o espírito desenfreado de aventura num jovem com apenas 13 anos associado ao desejo extremo do montanhismo não será um exagero? Este pormenor, na minha opinião, torna esta personagem um pouco menos credível. Toda a informação que advém de Tyler é-nos fornecida nas primeiras páginas. A partir do momento em que o menino cai no estado de coma, o leitor deixa de ter "material" para aferir qualquer juízo de valor sobre ele. É como se ele não estivesse lá! É mencionado mas a personagem está em completa inércia. Interessante quando uma personagem principal decai imediatamente para um plano secundário mas de igual relevância para a resolução da história.

E Scott, a personagem do pai de Scott, que rapidamente caiu num fosso como resultado do acidente do filho e a incerteza da sua sobrevivência. Não deixa de ser comovente o apoio de Kate a Scott, mas pergunto-me a mim própria se será normal e ético uma relação assim entre familiar de um paciente/funcionário do hospital. Um punhado de personagens com contornos bem definidos e reais, exceptuando talvez comportamentos menos vulgares por parte dos médicos responsáveis pelo caso de Tyler, torna-as até credíveis.

Obviamente que, para mim, ler sobre procedimentos médicos se torna um pouco desconfortável. Inteirar-nos por completo sobre as capacidades e vulnerabilidades da massa que nós somos feitos e debatermo-nos com as constantes vulnerabilidades da maquinaria do corpo humano não é, de forma alguma, pêra doce. Um livro que pode apresentar-se como um verdadeiro desafio aos mais cépticos que renegam a ideia de alma que habita num corpo físico.

Claro que ler um livro deste calibre, pode revelar-se de igual forma, uma leitura altamente reflexiva na medida em que deixa-nos a pensar onde estarão definidos os limites da ética quando estamos à mercê dos médicos e o quão ténue é a barreira entre a vida e a morte. Ponho a seguinte questão: aceitaria submeter o seu filho a métodos não ortodoxos, mesmo não tendo a certeza que isso o salve da morte? É polémico, não acham? O livro não deixa de contar uma bonita história empolgante, comovente e com uma carga fortíssima de força de viver. Estes sentimentos estão patentes à medida que nos aproximamos do desfecho. Por outro lado, apresenta-se como um thriller na verdadeira ascensão na palavra, e transmite adrenalina e desconforto.

Apesar de não ter correspondido totalmente aos meus padrões standard de preferências literárias, tenho que admitir que foi um livro bastante interessante! Não deixo de recomendar aos fãs do thriller médico e aos aficionados das leituras com elevadas cargas dramáticas.


quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Aquisições de Agosto




Stephen Booth - Um Último Suspiro [Opinião]

Depois de ter lido um livro deste autor, Ossos, rapidamente me interessei por ler os restantes livros protagonizados por Ben Cooper e Diane Fry. Gostei da escrita do autor, do enredo e claro, das personagens principais comuns, que parece que evoluem a cada livro que desfolho deste autor.

A história deste livro gira em torno de Mansell Quinn, um homem que foi libertado da prisão depois de passar quase 14 anos. Enclausurado por ter morto a amante, Quinn inicialmente acarreta a culpa, no entanto surge qualquer coisa na vida deste homem e ele acaba por alegar a sua inocência. Mais eis que a ex-mulher de Mansell morre, deixando a dúvida no ar: terá sido ele a matar as duas mulheres? E porque razão os dois amigos, Raymond Proctor e Will Thorpe se distanciaram no momento em que Quinn foi acusado?
Esta é a história fulcral do livro sendo complementada com duas tramas secundárias, mas igualmente interessantes: a desconfiança de Diane face à sua irmã após 15 anos sem se verem e um alegado mito de um homem encarcerado numa gruta na região de Derbyshire.

Adoro a personagem Ben Cooper. Ele é um jovem polícia em Peak District e tenta seguir a todo o custo as pegadas de Joe Cooper, também polícia e morto no cumprimento do dever. Mas este infeliz incidente não amargou o carácter de Ben, que é uma personagem honesta, com bom senso, assertiva, astuta e cordial.
Por outro lado Diane é mais áspera. Teve uma vida dura (e os livros vão revelando ainda que não totalmente, os traumas causados por certas situações na sua infância). Por isso até é quase compreensível a forma como ela, desprezadamente, trata as pessoas em seu redor. E Ben é uma delas. Mas aqueles despiques a meu ver, vão além do mero feitio de Diane, perguntando-me constantemente a mim própria se estará por aqueles lados uma dissimulada química.

Um aspecto que adoro na escrita do britânico Stephen Booth é a forma delicada e elegante com que ele descreve os crimes mais hediondos, assemelhando-se por vezes à sua conterrânea Agatha Christie. O autor tem um especial cuidado na descrição dos cenários, descrevendo-os com bastante realismo. Ao trabalho dos espeleólogos na gruta, o autor facilmente recorre a uma pormenorização deveras consistente, a ponto de transmitir o sentimento de claustrofobia ao leitor. Por isso a árdua tarefa de Stephen Booth em combinar um local turístico num antro de crueldade é muitíssimo bem conseguida!

Apesar do elevado número de páginas, penso que o enredo tem muito poucas partes mortas. A expectativa em desvendar a verdade aumenta em em largos passos até às últimas páginas do livro. A curiosidade é aguçada com alguns twists inesperados no decorrer da acção. Embora a acção decorra a um ritmo relativamente lento, Stephen Booth quer assegurar-se que, por um lado aborda consistentemente as três tramas, por outro contextualiza as personagens de forma a que, sejam perceptíveis e empáticas com o leitor. Com isto quero dizer que os livros podem ser lidos independentemente dada a singularidade de cada caso de Ben Cooper e Diane Fry.

Um livro que, na minha opinião, supera o anterior Ossos, devido essencialmente à abordagem interessante e reflexiva da temática dos crimes passionais e o aspecto curioso dos primeiros testes de ADN na conciliação da criminologia. Um livro que recomendo, sem sombra de dúvidas, essencialmente aos amantes do policial "polite"!


terça-feira, 23 de agosto de 2011

Douglas Preston & Lincoln Child - Gabinete de Curiosidades [Opinião]

Foi por esta altura de férias que, no ano passado, me tornei fã incondicional da dupla Douglas Preston e Lincoln Child. Tenho acompanhado os autores, nomeadamente a saga de Pendergast, ainda que não siga estritamente a leitura dos livros por ordem cronológica. Depois de ter lido a trilogia Diogenes, Dança no Cemitério e os Corvos enveredei por aquele que foi o terceiro livro protagonizado pelo agente do FBI mais invulgar da história da literatura.

Neste livro, Pendergast é arrastado para investigar uma série de assassinatos que datam do século XIX e cujos cadáveres são descobertos durante um projecto de construção. Parece que estaria soterrado um gabinete de curiosidades (que é quase como um mini museu privado). O cenário piora quando surge um imitador moderno que recria estes crimes, inspirado por uma reportagem escrita por William Smithback, uma personagem igualmente repetente nas andanças da saga Pendergast. É neste livro que a arqueóloga Nora Kelly contacta pela primeira vez com Pendergast, o que não deixar de ser curioso.

Falo tanto de Pendergast mas tenho a perfeita noção que nem toda a gente o conhece. Esta personagem destaca-se como um carácter único, extremamente misterioso e perspicaz, com uma força e resistência quase sobre-humanas e um conhecimento enciclopédico. Ninguém fica indiferente a este agente do FBI, que é, sem sombra de dúvida, a genialidade em pessoa.

Apenas falta o nosso Vincent D´Agosta, que juntamente com Pendergast formam uma dupla extremamente eficiente na resolução dos mais variados casos. Ao invés de D´Agosta surge a personagem Patrick O´Shaughnessy. A meu ver, este está bastante aquém de D´Agosta e transmite menos empatia.

Quem está familiarizado com os livros de DP & LC sabe de antemão que estes autores recorrem a indícios do sobrenatural como forma de explicar certas situações narradas nas aventuras de Pendergast. Ora neste livro, certos pormenores são suficientemente baseados na ciência, de forma a tornar a trama até relativamente plausível. Associado a este realismo subjacente, há ainda uma componente assustadora, através da descrição de pormenores macabros sobre o estranho Enoch Long, um homem estranho que terá vivido no século XIX e também terá trabalhado num gabinete de curiosidades. De certa forma, lembrou-me o filme do Rob Zombie, a Casa dos 1000 Cadáveres.

Depois uma fórmula bastante própria destes autores é a fórmula como mantêm o suspense e os níveis de adrenalina constantes, através na narração de situações limite com certas personagens. Deixam o leitor de coração na boca, como se costuma dizer. E dados os capítulos curtos, intercalando as várias situações com as demais personagens, conhecemos a acção das várias personagens e nas suas demais vertentes em simultâneo. Vagueando em cenários riquíssimos em pormenores como o Museu de História Natural ou o panorama dos gabinetes de curiosidades, aliado a alguns factos históricos de Nova Iorque, o leitor sente uma empatia e familiaridade com o espaço físico envolvente.

Um suspense com laivos de arqueologia e muita especulação no campo antropológico, são os temas que, de grosso modo, envolvem os crimes propriamente ditos. O humor é fundamental e indispensável, bem como um toque de romance e dissabores entre os então namorados Nora Kelly e William Smithback.

Ainda que tenha gostado mais da trilogia Diogenes, achei que o Gabinete de Curiosidades é um livro rápido, assustador, emocionante, angustiante, acelerado! É um bom thriller o qual não devem certamente perder! Recomendo acima de tudo, ler a saga Pendergast de acordo com a ordem cronológica, afim de evitar o que aconteceu comigo (sabia previamente o destino futuro das demais personagens.)


Harlan Coben - Na Pista de um Rapto [Opinião]

Opinião de Ricardo Grosso

Na pista de um rapto. É assim que nos surge o título de mais um emocionante thriller de Harlen Coben.

Desta feita, somos levados a encarnar, na primeira pessoa, a personagem de Marc Seidman, um cirurgião plástico que acorda no hospital após ter sido baleado, tomando conhecimento, através de Lenny, o seu melhor amigo, de que Mónica, a sua mulher, também foi baleada e acabou por falecer e que Tara, a sua filha de apenas 6 meses de idade, se encontra desaparecida.

Logo nas primeiras páginas somos postos a par desta trama, seguindo, com ansiedade, os passos, nem sempre seguros, de Marc, em busca da sua filha desaparecida, bem como na procura da resposta para a questão ainda mais enigmática, quem o baleou a ele e à sua esposa?

A resposta a ambas as perguntas vai obrigar Marc a confrontar-se com questões mal resolvidas do seu passado, bem como, à medida que o enredo se vai agudizando, o desespero do personagem leva-o, inclusive, a questionar as relações com o seu círculo de amigos, apercebendo-se que a confiança deu lugar ao segredo e à desconfiança.

Senhor de uma escrita fluida e com uma narrativa estruturada na pessoa do protagonista, Harlan Coben prende-nos, da primeira à última página, ainda que, na primeira metade do livro, a narrativa oscile entre momentos de maior tensão e outros de maior melancolia, acompanhando a psique de Marc, sobretudo a angústia de nada saber sobre o paradeiro de Tara, acabando também por transmitir essa angústia ao próprio leitor que, inconscientemente, acaba por se perguntar como agiria se estivesse em semelhante situação.

Porém, na segunda metade do livro, à medida que vão aparecendo mais pistas sobre o paradeiro de Tara e o aproximar do inevitável confronto entre o protagonista e os seus antagonistas, a narrativa torna-se bastante mais viva, crescendo de tom até atingir o seu clímax, no supra referido confronto. Contudo, quando pensamos que tudo está terminado, acabamos por ser surpreendidos por um volte-face que assume uma forma de um derradeiro anti-climax quando Marc percebe quem, na realidade, disparou contra si e contra a sua mulher.

Se gostam de uma leitura de emoções fortes onde se misturam, no mesmo cocktail a raiva, o medo, o ciúme, a angústia, a perseverança e o desespero, então a leitura deste livro não vos irá desapontar.


segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Passatempo "Jeff Abbott - Adrenalina"


Para comemorar o primeiro ano de existência do blog, bem como a parceria com a Civilização Editora, a menina dos policiais dá início a um passatempo onde será sorteado um exemplar do livro Adrenalina de Jeff Abbott. Para participar tem apenas que responder acertadamente às questões seguintes:

Só me resta desejar boa sorte aos participantes!

Regras do Passatempo:

-O passatempo começa hoje dia 22 de Agosto de 2011 e termina às 23.59h do dia 31 de Agosto de 2011;

-O participante vencedor será escolhido aleatoriamente;

-O vencedor será contactado via e-mail;

-Apenas poderão participar residentes em Portugal e só será permitida uma participação por residência.

- Se precisarem de ajuda, podem consultar a sinopse aqui




Yrsa Sigurðardóttir - Cinza e Poeira [Opinião]


Depois da falência da editora GOTICA, responsável pela publicação dos dois primeiros livros de Yrsa Sigurdardóttir em português, foi com bastante agrado quando soube que o terceiro livro da islandesa seria publicado em Portugal, desta feita sob a alçada da editora Quetzal. Isto porque sou fã assumida de Sigurdardóttir e as leituras de O Último Ritual e Ladrão de Almas, revelaram-se extremamente prazerosas!

A capa é fantástica, extremamente apelativa para a história intrincada que Yrsa se propõe a contar. Achei o pormenor do desenho do vulcão no início do capítulo bastante mimoso. Pormenores quase como exclusivos da editora numa estratégia de marketing, que a meu ver, está muitíssimo bem conseguida pois torna o livro com um visual diferente sem dúvida!

Em 1973, e após uma violenta erupção vulcânica, uma das Ilhas Westman foi enterrada sob uma chuva de cinzas e lava. Agora estamos em 2007 e Thóra é contratada pelo empresário Markus, para ter acesso à cave da sua velha casa de família. Os arqueólogos fazem uma descoberta macabra neste local ao desenterrar três cadáveres e uma caixa que contém uma cabeça humana.
Numa trama paralela, uma enfermeira chamada Alda é encontrada morta na cama, na sua casa em Reykjavik. À primeira vista, a morte de Alda é considerada suicídio mas o leitor rapidamente assume que ela foi assassinada, e de uma forma extremamente mórbida.

De facto, a introdução do livro não poderia ser melhor. A autora escreve o soturno sofrimento de uma pessoa, que eventualmente acaba por encontrar a morte. O livro prossegue com capítulos curtos, correspondentes ao intervalo temporal da acção, sensivelmente a um mês, tempo em que decorre a investigação do caso. Há uma abundância de personagens e relacionamentos complicados para protagonista desembaraçar, de forma a alcançar a verdade. Uma hábil mas discreta menção das paisagens islandesas faz com que o leitor navegue até este país.

Com as personagens dos livros anteriores, nomeadamente a advogada Póra (aqui tem o nome de Thóra, uma vez que o P islandês tem o som de th) e a sua família, designadamente os filhos Gylfi e Sóley. O livro incorpora ainda a personagem Matthew, ainda que este tenha um papel mínimo na investigação. Esta continua a ser feita em parceria, contudo pela assistente da advogada, Bella. Um leque de personagens tão enigmáticas como cativantes compõem o ramalhete. Em particular fez-me alguma confusão uma personagem, de seu nome Tinna, que com a sua tenra idade, apresenta toda uma problemática já num estado bastante avançado.

Penso que foi um erro crasso a substituição do Matthew por Bella, pois a química entre ele e Thóra era explosiva! E parecendo que não, mas a relação entre eles dava um certo gozo aos livros (e até desanuviava o ambiente pesado do policial). Além de que ele era bem mais perspicaz que Bella!
A par deste ponto há uns aspectos negativos que gostaria de referir. Nomeadamente no que diz respeito à sinopse. Na minha opinião, esta tem uma gaffe evidente, uma vez que é encontrada apenas uma cabeça na caixa, ao contrário do que é mencionado na resenha do livro, sugerindo uma pluralidade de achados desta parte anatómica. Em relação à história, não posso deixar de manifestar o meu desagrado face a certos pormenores no desenlace. Este está bastante bom e inesperado mas senti que poderia estar mais fundamentado e conclusivo em relação às personagens. Falo principalmente da personagem que tanto gostei, Tinna. Achei que a autora poderia ter explorado melhor o seu desenlace.

Posto isto, Cinza e Poeira está aquém do Ladrão de Almas, que para mim, é o melhor livro de Yrsa Sigurdardóttir. No entanto não deixa de ser uma óptima leitura, dando que pensar como é que todos os acontecimentos podem estar relacionados. Recomendo!


domingo, 21 de agosto de 2011

Mons Kallentoft - Anjos Perdidos em Terra Queimada [Opinião]

Fiquei grande fã deste autor após a leitura de Sangue Vermelho em Campo de Neve. Terminada esta leitura, rapidamente me tornei determinada em acompanhar esta tetralogia sueca.

Malin Fors, a protagonista comum a esta saga, encontra-se agora sozinha: o seu marido Janne levou a filha Tove de férias. Ocorre então aquele que é o caso deste livro: uma rapariga nua, coberta de sangue aparece num parque. Possivelmente violada e agredida, devido ao choque, a rapariga não consegue expressar-se, informando apenas a polícia do seu nome: Josefin Davidsson. Por esta altura, e na cidade onde Malin cresceu, desaparece uma rapariga, de seu nome Theresa Eckeved. Estão os dois acontecimentos, de algum modo, relacionados? O que terá acontecido às raparigas?

Uma das maiores críticas a Kallentoft no que diz respeito ao primeiro volume da sua tetralogia, foi a estrutura do livro, intercalando testemunhos em primeira mão do cadáver com o relato da investigação. Esta fórmula não se mantém na íntegra, até porque o leitor desconhece inicialmente o destino de Theresa. Esta não está necessariamente morta. Apesar destas nuances, estes registos, na minha opinião, quebram bastante a monotonia, podendo o leitor sentir na pele o papel de "presa" ou "predador". Sim, neste livro também há as narrações por parte do vilão, deitando antever um pouco do perfil psicológico extremamente perturbado da personagem.

Com um arranque relativamente lento, o autor coloca em perspectiva a vida de Malin Fors, fazendo com que a leitura deste Anjos Perdidos em Terra Queimada possa ser independente do 1º volume da tetralogia. São explorados os medos de uma mulher que, ainda na casa dos 30s, já passou por um casamento e praticamente é mãe solteira. E é este facto que se destaca na narrativa e faz com que o desconforto de Malin na investigação do caso seja extremamente credível. É que esta tem uma filha, sensivelmente da idade da vítima, o que faz com que a detective se envolva profundamente e expresse toda uma angústia ao leitor, de uma forma perfeitamente realista. Este autor, Mons Kallentoft, de sexo masculino, tem uma sensibilidade mais fina em escrever sobre temáticas de amor e ao sexo.

Um enredo intrincado e complexo, relembrando os livros de Camilla Lackberg, na forma harmoniosa com que o autor sueco incorpora componentes de acção passada como factores explicativos do presente.
Na minha honesta opinião, há apenas um aspecto nada credível, relacionado com acessórios sexuais (não que seja entendida no assunto, mas aquela teoria dos vibradores não convence ninguém!). Um outro ponto negativo, pertencente a um plano secundário e mais filosófico prende-se com a incorporação de duas personagens suspeitas, dados os seus antecedentes criminais, Behzad Karami e Ali Shakbar. Estamos a falar portanto, de um indivíduo de ascendência iraniana e outro árabe. O livro é de 2008 mas não deixou de fazer com que reflectisse num aspecto: estes pequenos pormenores poderão contribuir para o forte espírito nacionalista norueguês e potencializando o fenómeno de racismo num grau mais extremo. Atrevo-me a perguntar se terá sido esta mentalidade que poderá ter conduzido aos atentados de Anders Breivik. Polémico, não vos parece?

Um livro que, na minha modesta opinião, cativa mais do que Sangue Vermelho em Campo de Neve, cujo foco era o homicídio de um homem obeso. Neste livro, a temática choca-me mais (crimes com crianças ou até adolescentes), sendo que estes causam em mim uma maior angústia. Também denotou-se uma evolução a nível de enredo por parte do autor que conseguiu arquitectar uma história bem mais complexa, apresentando um desenlace convincente e surpreendente.

Daí que recomendo vivamente este livro! Imprescindível aos adeptos de policiais nórdicos.


segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Férias!



Pois é...chega a altura da menina dos policiais rumar ao sul. Foi nesta altura, no ano passado, que numa conversa casual, o blogue foi concebido. O gosto pela leitura do género, associado à paixão da divulgação literária foi o suficiente para criar a menina dos policiais. Do planear ao agir foi um passo mínimo, pelo que estamos de parabéns!
Só me resta agradecer às pessoas que visitam o blog e acima de tudo aos seguidores que se fidelizaram e que continuamente sugerem bons thrillers e policiais! Um muito obrigado às editoras pela aposta em mim através do estabelecimento das parcerias! Que venham mais anos, cheios de leituras policiais e excelentes livros a divulgar neste espaço!!!

Sem ter a certeza que consigo postar opiniões durante o tempo das férias, posso garantir que, mal volte a Lisboa partilho convosco as minhas opiniões sobre os livros que levo de férias...ahhh e estes foram:

- Douglas Preston & Lincoln Child: Gabinete de Curiosidades
- Stephen Booth: Um Último Suspiro
- Yrsa Sigurdardóttir: Cinza e Poeira
- Mons Kallentoft: Anjos Perdidos em Terra Queimada

e ainda Harlan Coben: Na pista de um Rapto (este será emprestado, por isso, se postar opinião não será a minha...)

Porque férias também é repor alguns défices cinematográficos que possam ter surgido este ano:

- Guillem Morales: Los Ojos de Julia
- Michael Oblowitz: The Traveler
- Josh Reed: Primal
- Patrik Syversen - Manhunt

e mais uns quantos, dentro do género de terror :))

Só me resta desejar umas excelentes férias, se for o caso! E umas óptimas leituras!


Passatempo "Marek Halter - Os Mistérios de Jerusalém" - Resultado

Com a colaboração da Bizâncio, a menina dos policiais tinha para sortear um exemplar deste livro. Neste passatempo contei com 188 participações, quatro das quais inválidas :(

As respostas correctas eram então:

1. A que colecção da Bizâncio pertence este livro?
Colecção Ilhas Encantadas. (uma resposta errada)

2. Quantos são os enigmas que protegem o tesouro do Templo de Jerusalém?
64 ou sessenta e quatro. (duas respostas erradas)

3. Onde nasceu Marek Halter?
Polónia. (uma resposta errada)

4. Em que ano foi atribuído o prémio Aujourd’hui ao primeiro livro do autor?
Em 1976.

Depois de um sorteio no www.random.org, o vencedor é:

27 - Daniela Alves (Porto)

O livro será enviado amanhã de manhã antes de rumar para férias!

Muitos parabéns à vencedora! A todos os que tentaram e ainda não conseguiram, não desistam, terei todo o gosto de voltar a fazer passatempos! Boa sorte e boas leituras para todos

sábado, 6 de agosto de 2011

S.J. Watson - Antes de Adormecer [Opinião]


Devo confessar que o fenómeno criado por este livro passou-me completamente ao lado (que lapso o meu...:/). Foi então que me apercebi que "Antes de Adormecer" era destaque nas estantes de policiais das mais diversas estantes de todas as livrarias que frequento. Peritos como Dennis Lehane e Tess Gerritsen, formularam críticas bastante favoráveis ao livro de estreia de S.J. Watson, o que me deixaram bastante curiosa com "Antes de Adormecer".

O conceito do livro é aterrador: Christine, de 47 anos, desenvolveu uma forma de amnésia que se caracteriza pela impossibilidade de armazenar memórias por apenas 24 horas. Então todas as manhãs ela acorda ao lado de um homem que lhe é estranho, o seu marido Ben, e reaprende como terá sido a sua história de vida até então. Na grande maioria das vezes que Christine desperta, ela assume que ainda está na casa dos 20s (altura em que sofreu o acidente que desencadeou esta condição de saúde).

Não há um único dia em que Christine não tenha que se familiarizar com Ben, com a sua casa e até consigo mesma (várias são as passagens do livro, em que a personagem se mira ao espelho, incrédula com o que vê!)
Christine é objecto de investigação do Dr. Nash, que tenta a todo custo, reactivar a sua memória. Assim, este sugere a Christine que escreva um diário com os registos dos fragmentos da sua memória. O marido nem sonha. Até porque parece que Ben não lhe conta a verdade sobre certos acontecimentos...

O livro, contado na primeira pessoa, e sob a forma de diário, deslinda os vários aspectos sobre a protagonista, que até a própria desconhece. Os próprios registos do diário variam, quer em profundidade e interesse das revelações, quer em extensão dos mesmos. O problema de uma pessoa amnésica é que... alguns relatos repetem-se! (não na íntegra mas já sabíamos previamente de algum aspecto que é mencionado novamente!) O autor transforma a vida de Christine numa intensa espiral de acontecimentos, descrita ainda que de forma morosa. Além de se focar nos aspectos da vida da protagonista, o autor pormenoriza os cenários ou descrições físicas e estados de espírito das demais personagens.

O que sentir em relação a uma personagem que é amnésica? Quando não temos informação suficiente para sentir além de pena. Conhecemos a Christine apenas através do seu diário. Os reduzidos fragmentos de memória desta personagem fizeram com que a mesma ficasse isenta de qualquer sentimento relativamente às restantes personagens. Não há nada para recordar, sem memórias para valorizar e portanto, não há nada e ninguém em quem confiar. Continuamente ela tenta definir e emendar a sua própria identidade. Uma mulher que apresenta demasiadas fragilidades e de facto, tudo o que possamos reter a partir do seu diário, e sentir pela protagonista, é uma sentida compaixão pela mesma.

Em relação às restantes personagens, o leitor é constantemente invadido por um sentimento de empatia/dúvida em relação a Ben, que aparenta ser o marido dedicado ou ao Dr. Nash que ostenta ser o médico profissional de que Christine tanto precisa. Não esqueçamos de Claire, Claire, a sua amiga há muito perdida. O leitor conhece as personagens através dos relatos da protagonista, e tal como ela, a cada registo do diário é uma reformulação, ainda que igual, da identidade de cada personagem.
Este livro é um clássico exemplo de que quatro personagens é o suficiente para se contar uma excelente história.

Eu espero que este problema de saúde, a este nível de amnésia, seja fantasioso! (o que seria de nós se perdermos continua e constantemente a memória!?!). Tirando este aspecto menos credível, achei que, globalmente a história está bastante convincente. É um thriller psicológico na verdadeira ascensão da palavra, com toneladas de dramatismo e emoções fortes pelo meio. Acrescentaria um slogan ao livro: "Nem tudo o que parece, na realidade é!"

O autor tem uma escrita bastante acessível, desprovida de linguagem ou conteúdos chocantes. Um facto que me cativou foi a forma coerente da organização do diário e a excelente abordagem das preocupações femininas de Christine (como por exemplo a alteração do corpo). Digo isto porque S.J. Watson é do sexo masculino e ainda assim, soube transparecer apreensões mais usuais do foro feminino. Apenas falha num simples pormenor: a dureza com que Christine se refere às relações sexuais. Manifestações físicas de amor não são, sob o ponto de vista de uma mulher comum, designadas com o grau de frieza descrito no livro.

Um livro cativante, tenso, intrigante, dotado de uma dose de tensão psicológica elevadíssima, provocando uma sensação quase como claustrofóbica. A isto ainda acrescento um desfecho, inesperado, que eu nem sequer tinha equacionado!
É diferente de tudo o que alguma vez tinha lido. Se a abordagem sobre a amnésia já se torna banal no cinema (e ora vejamos o caso do filme Memento, um dos meus preferidos, ou O Regresso de Henry), a percepção que tenho é que na literatura, este assunto é raramente referido. Assim, não posso deixar de recomendar Antes de Adormecer aos amantes do thriller psicológico, é uma excelente leitura!


quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Novidades Planeta Manuscrito para a rentrée


Da Planeta Manuscrito chegam-nos duas novidades na nossa área consagrada do policial/thriller:

THRILLER HISTÓRICO

Javier Sierra
O Anjo Perdido
Depois de oito anos sem escrever nenhum romance, este livro marca o regresso do escritor espanhol à ficção. Conhecido do público português pelos livros A Última Ceia e A Senhora do Manto Azul, Javier Sierra, tem estado sempre, nos últimos anos, nos tops americanos.
Este é um thriller emocionante que convida o leitor a entrar numa viagem repleta de história e mistério. Júlia Alvarez trabalha na restauração do pórtico de Santiago de Compostela e recebe uma notícia devastadora: o marido foi raptado numa região remota da Turquia. Na busca da libertação do marido Júlia ver-se-á envolvida em meandros que não desejaria conhecer.
Nas livrarias em Outubro.

Javier Sierra virá a Portugal nos dias 24 e 25 de Outubro para o lançamento deste thriller histórico.

POLICIAL

Asa Larsson
Sangue Derramado
Depois de Aurora Boreal, chega agora o novo livro da consagrada autora do romance policial escandinavo. A história é construída como um thriller até ao fim, com cenas capazes de deixar o leitor sem fôlego.
É Verão na Suécia, onde o sol brilha e a meia-noite eterna do Inverno foi esquecida. Neste momento mágico, uma pastora protestante é encontrada morta com sinais de tortura na cidade de Kiruna. Ela era uma lutadora femininista amada por uns e odiada por outros. Evidentemente, nem todos aceitam uma mulher na Igreja.
Rebecka Martinsson volta para Kiruna, onde cresceu, e vê-se desde logo envolvida neste caso misterioso; só ela será capaz de desmascarar os habitantes desta cidade gelada.
Para quem não perde um bom mistério, é um crime não ler…
Nas livrarias em Outubro.

Espero que estejam tão curiosos quanto eu... estas novidades são simplesmente aliciantes!


terça-feira, 2 de agosto de 2011

Karin Fossum - A Ilusão de Eva [Opinião]

Ainda antes do blog estar no activo (na altura do descobrimento dos autores nórdicos) vi um livro chamado "A Noiva Indiana", cuja capa roxa, com uma indiana, nada me indicava para o riquíssimo conteúdo do mesmo. A norueguesa Karin Fossum tornou-se assim como uma das autoras obrigatórias a acompanhar.

Na realidade, A Ilusão de Eva, escrito em 1995, antecede a acção em A Noiva Indiana. Aliás, este livro foi o romance de estreia de Fossum. Tendo lido primeiro A Noiva Indiana, já há uns quantos meses, familiarizei-me desde logo com as personagens. O inspector Konrad Sejer e a sua família integram as narrativas de Fossum, como se de uma saga se tratasse.

Sejer é um homem bastante pacífico e tem como parceiro fiel, o cão Kollberg. Esta personagem está provida de sentimentos associados à tristeza e solidão, dadas as conjunturas do seu estado civil, embora tenha uma relação excelente com a filha e o neto. É impossível deixar de sentir afecto e alguma compaixão por este inspector. Outras personagens, de um foro mais complexo, roçam os limites da cobiça e da luxúria ou atendem a alguns sacrifícios em prol dos filhos.

Eva Magnus, uma mãe solteira, estava com a sua filha Ema, quando vê um cadáver a boiar no rio. Egil Einarsson esteve desaparecido seis meses e afinal estava morto! Ao contrário do que era esperado, Eva não alertou a policia para a presença do cadáver. Mas esta não terá sido a única morte a destacar. Alguns dias antes, Maria Durban, a melhor amiga de Eva, foi encontrada morta. Eva reencontra Maria na véspera da sua morte (e no próprio dia), depois de muitos anos sem se verem. Estarão os dois crimes relacionados?

É com esta premissa que a história do livro se desenrola. Explorando algumas incoerências por parte de Eva relativamente aos crimes, a acção desenvolve-se num ritmo acelerado e misterioso. A autora sabe manter o suspense enquanto o leitor está na expectativa, a acompanhar a investigação de Sejer, durante a qual se descobrem alguns factos sobre o falecido Egil Einarsson, díspares do estilo de vida de Durban, mas que ao fim e ao cabo, acabam por ter um ponto em comum, nada óbvio à primeira vista.

Como já se torna habitual, e sendo eu uma aficionada pela Escandinávia, o cenário norueguês onde tem lugar a acção fascinou-me logo de imediato!
Extremamente fácil de ler, senti que as folhas iam deslizando e eu perdi a noção do tempo. Mergulhei naquela cultura, bastante diferente da nossa, encarando com uma naturalidade além do comum, aspectos como o estado de viuvez. Por norma as relações pessoais são menos calorosas do que as mediterrânicas. A linguagem de Fossum é acessível e desprovida de elementos gráficos, caracterizadores de violência. Neste livro, considero que são inexistentes as típicas dificuldades com os nomes nórdicos, uma vez que o número de personagens é bastante limitado. O reduzido número de páginas foca-se na narrativa, de forma objectiva e directa, sem dar azo a pormenores secundários.

O livro apresenta uma estrutura faseada. Em primeiro lugar é relatado o descobrimento do cadáver de Einarsson, e a policia estabelece uma possível ligação entre este, Durban e Eva. A segunda fase do livro, e a que considero mais intensa, expõe o que aconteceu, 6 meses antes, desenvolvendo as duas linhas de acção: a morte de Durban e posteriormente, a de Einarsson. Por último, a terceira fase volta à actualidade e descrevem os ajustes finais da investigação. Também é apresentado o caso explanado no livro O Olhar de um Desconhecido, que se debruça sobre o desaparecimento de uma menina, Ragnhild Elise (talvez seja uma estratégia de marketing da autora para se comprar o livro seguinte).

Posto isto, avaliar este livro torna-se complicado: se por um lado adorei a forma como a história evolui, por outro, à medida em que nos aproximamos do desfecho, tornou-se óbvia a identidade do assassino de Einarsson. O pequeno efeito surpresa residiu sobretudo no outro homicídio.
Apesar da ausência do grande efeito surpresa chocante, já usual nestas andanças de literatura policial, considero que a história está simples, mas original e convincente. Portanto, não deixo de recomendar esta leitura, um livro antigo da colecção O Fio da Navalha e como tal, podem encontra-lo no site da Editorial Presença, a um preço apetecível!


segunda-feira, 1 de agosto de 2011

James Ellroy - L.A. Confidential [Opinião]


Embora já tenha visto este livro, editado através da colecção Sábado, nunca o comprei nem sequer vi, até à altura, o filme baseado na obra. Assim foi uma surpresa lê-lo através da Editorial Presença.

A acção em L.A Confidential passa-se nos anos 50. A vida é maravilhosa em Los Angeles, com óptimas praias, uma elevada probabilidade de esbarrarmos com uma estrela de cinema e as pessoas são amistosas. Um verdadeiro paraíso na Terra... se não existisse um submundo de corrupção dominado por negócios sujos, tráfico de droga e prostituição. Uma rede criminal organizada numa cidade onde a força policial se tenta impor, para recriar a imagem de sonho de L.A.

Assim o enredo destaca três polícias, com dois aspectos em comum: todos têm histórias de vida bem complicadas e escondem uns quantos segredos sombrios. Ora vejamos, Bud White abomina casos de violência doméstica, até porque ele próprio, em tenra idade, esteve envolvido num caso semelhante; Jack Vincennes tem alguma influência no mundo dos famosos (incluindo grandes affars com estrelas), mas não tem qualquer pudor em denunciar os seus podres; Ed Exley vive na sombra do pai, Preston Exley (ex polícia mas com um actual cargo importante no mundo político) e tenta a todo o custo ser reconhecido por mérito próprio. Ao contrário do que possa parecer, a relação entre estes três personagens não é de forma alguma cordial.

Devo confessar que inicialmente me custou bastante entrar na história dada a quantidade de informação quer sobre os locais (uma pormenorização do misticismo patente dos anos 50), descrições de várias personagens associando aos seus longos diálogos ou situações de corrupção. Uma dualidade que podemos desde já apontar: por um lado o início do livro é extremamente acelerado, por outro, torna-se mais difícil gerir tanta informação. Globalmente, o enredo é intenso e bastante complexo.

No entanto a partir da 2ª parte do livro, em que se relata o massacre do Mocho da Noite, a acção começa a a definir os seus contornos, e as personagens que realmente são relevantes para o enredo estabilizam. São explanados outros crimes, como o apelidado de Flor de Lis, com incidência directa (e extremamente chocante) sobre o mundo da pornografia, a corrupção e traição existente no seio do mundo policial (certos membros assemelham-se mais a gangsters do que propriamente polícias).

Não achei uma leitura fácil, devo ser honesta. A linguagem é bastante dura com uma utilização banal de palavras eventualmente ofensivas, relatando com a maior crueldade, actos sexuais e de violência. E certo que nos anos 50 já existia aquilo que hoje se chama racismo, mas no livro este fenómeno atinge proporções doentias e sádicas!

A estrutura do livro quebra bastante a monotonia. Basicamente é composto pela narrativa propriamente dita, vários diálogos, excertos de relatórios policiais bem como artigos da revista ultra referenciada na obra, Hush Hush. De certa forma esta estrutura dinamiza a acção e faz com que o leitor percepcione a história sob o ponto de vista das demais personagens. Escrito de forma imparcial, o leitor faz os seus próprios juízos de valor em relação às mesmas, sendo que é expectável esperar uma empatia das personagens mais sofridas e uma repulsa relativamente àquelas que mais contribuem para o estado danoso em que a cidade se encontra.

Gostaria de salientar alguns aspectos que me pareciam importantes afim de ser aprofundados: a investigação policial (que por haver vários homicídios, a acção acaba por incidir na sua totalidade de uma forma quase como superficial), o foco dos acontecimentos nas várias personagens (a teia de situações comuns às personagens era demasiado densa, logo desde o início do livro). De tantos crimes que ocorrem em L.A. Confidential, os mesmos acabam por se tornar banais e insípidos. Embora tenha sido uma leitura morosa, foi igualmente bastante intensa e pesada.

Dada a minha curiosidade pelo enredo vi o filme enquanto lia o livro. Achei a adaptação cinematográfica bastante leal ao argumento original e devo reconhecer que o casting foi muito bem escolhido (pessoalmente gosto do trabalho dos actores Russell Crowe e Kevin Spacey). À medida que ia lendo o livro já a cara de Crowe à personagem do Bud White :)

Apesar de admitir que esta é uma boa história (e quem sou eu para duvidar da genialidade de James Ellroy), devo confessar que este livro, a nível global, não me cativou tanto quanto eu gostaria. Ainda assim, o livro mostrou ser bastante interessante à medida em que se aproximava o desfecho e as relações entre os personagens principais se revelaram. Inesperado foi desvendar o verdadeiro fio condutor de toda a história, estava além de tudo que eu tinha equacionado. Neste aspecto o livro consegue ser bem mais intenso do que o filme!

No entanto, tenho na biblioteca pessoal, o livro Dália Negra do autor (também pertencente à colecção O Fio da Navalha da Editorial Presença), e assim que me sentir preparada em voltar à dura e complexa escrita de Ellroy, será certamente objecto da minha escolha.


Livro da Semana - Editorial Presença

Esta semana o livro com desconto da Editorial Presença pertence a uma das minhas colecções preferidas de policiais/thrillers, O Fio da Navalha. E como tal, aqui deixo uma óptima sugestão de leitura (já li o livro, ainda antes do blog existir (daí não ter opinião escrita por estas lides) e é simplesmente fantástico!)
Um preço apelativo (e com portes gratuitos) penso que é uma oportunidade a não perder!

Recomendo vivamente!!!

Fantasmas do Passado

Minette Walters

Colecção: O Fio da Navalha (nº 104)

P.V.P.: 19,68 € 11,90 €
Nº de Páginas: 380
Sinopse: Em 1970, um jovem deficiente é condenado pelo assassínio da sua avó. Em 1973, Harold, esse mesmo jovem, suicida-se na prisão. Trinta anos mais tarde um antropólogo, Jonathan Hughes, publica um ensaio com o nome Mentes Perturbadas, um estudo sobre os erros da máquina judicial britânica com base no caso daquele jovem, que Hughes acredita ter sido condenado injustamente. Na sequência dessa publicação, recebe cartas de pessoas que de alguma forma tinham estado próximas daquele julgamento trágico e entre elas encontra-se George Gardener, que tem os seus próprios motivos para acreditar na inocência de Harold. Entretanto o criminoso continua à solta após tantos anos...