Sinopse: Nancy fugiu ao sofrimento do seu primeiro casamento, à morte macabra dos
dois filhos pequenos, às histórias de capa dos jornais e às chocantes
acusações feitas contra si. Mudou de nome, pintou o cabelo e foi viver
para outro sítio. Agora, feliz com um novo marido e dois filhos lindos,
Nancy sente que pode por fim esquecer a sua história trágica e começar a
acreditar em segundas oportunidades.
Até que, uma manhã, olha pela
janela para ver os filhos, mas encontra apenas uma luva vermelha e
percebe que o pesadelo começou do novo…
Opinião: A Bertrand continua a apostar nos títulos da autora, e tendo editado os mais recentes, publica este ano Onde Estão as Crianças?, o primeiro livro que MHC escreveu do género policial, corria a década de 70.
Gostei imenso do prólogo, escrito em 1998, em que a autora desvenda a inspiração para o pioneiro dos seus livros em matéria policial. Inexplicavelmente, senti-me próxima da autora e até algo motivada para enveredar na escrita de histórias deste género.
O pretexto da história de Onde Estão as Crianças? é bastante angustiante pois lida com o maior terror dos pais: o desaparecimento ou a morte dos seus filhos. Ainda que este livro tenha sido escrito em 1975, penso que a temática é
ainda (infelizmente) bastante actual e na minha opinião, é um dos temas
mais fortes e credíveis para thrillers psicológicos como este.
Onde Estão as Crianças? é um livro que achei bastante simples e até algo previsível. Não obstante, manteve as minhas expectativas num estado constante e li-o entre a noite de ontem e a manhã de hoje. O número de paginas é reduzido, não alcançando as 200, factor que influenciou também esta ávida leitura. Assim, MHC vai directa ao ponto, sem se perder com pormenores supérfluos.
Já li alguns romances da autora e denotei que neste livro, ao contrário dos demais, ela também se cinge a um número reduzido de personagens, negligenciando a dificuldade de retenção das mesmas, o que acontece em vários livros de Clark.
Ao contrário de tantas personagens determinadas e fortes, esta Nancy sai da parametrização de MHC na formulação dos protagonistas: ela é uma mulher fraca e vulnerável. Certamente tal carácter será compreendido pelo leitor dada a tragicidade que pautou a sua vida à sete anos atrás.
O leitor desde sempre tem conhecimento do que se passa com Michael e Missy, as crianças agora desaparecidas e da identidade do vilão, não constituindo grande surpresa no final (pelo menos para mim, que consegui perceber a ligação intra personagens antes desta ser revelada). Ainda assim, foram quase 200 páginas de puro sofrimento e insegurança.
Embora volte a acusar uma certa simplicidade no enredo, confesso que gostei bastante deste livro e compreendo a razão pela qual MHC se tornou a rainha do crime. Um livro que se lê em algumas horas e garantidamente vai deixá-lo a roer as unhas até ao final. Recomendo!