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Opinião: Confesso que o género de não ficção será aquele que, com menor frequência surge, nas minhas escolhas. Creio que tal dever-se-á ao facto de haver poucas obras publicadas por cá que se debrucem sobre matéria criminal. Este título em particular centra-se na área da Psicologia Forense e recordou-me uma outra obra, Mindhunter de John Douglas.
Além de se apresentar como uma enumeração dos variados casos de investigação da autora e psicóloga, O Lado Negro da Mente é também um livro de memórias no qual Kerry Daynes vai partilhando o seu percurso profissional, de cerca de 20 anos de experiência na área, além de alguns detalhes de natureza mais pessoal.
Os seus pacientes, todos eles criminosos, apresentam um espectro variado de perturbações: desde a pedofilia ao homicídio em série, manifestando personalidades intimidantes perante os leitores da presente obra. Não obstante este facto e talvez por ter ainda a obra Mindhunter na retina, considero que os casos dos serial killers mais sonantes me pareceram bem mais chocantes do que os do título em apreço.
A principal ilação que tiro deste livro é, sem dúvida, que por mais que se leia sobre o tema da saúde mental, nunca seremos verdadeiramente capazes de compreender, na totalidade, a mente de um psicopata, pois apercebemo-nos que existem diversas motivações e origens, muitas delas recalcadas e que requerem um estudo mais aprofundado. Confesso que, para mim, é fascinante aprender mais sobre a mente humana que me parece, mesmo após inúmeros estudos, algo quase indecifrável.
O facto do livro ter sido escrito por uma psicóloga forense com uma vasta experiência na área, relatando os casos em primeira mão, de uma forma objectiva e praticamente sem juízos de valor, torna os testemunhos mais credíveis e reais por mais inverosímeis que possam soar.
Na minha concepção, um livro de não ficção não será para todos os públicos, mas será, com certeza, uma leitura mais valorizada por todos aqueles que, como eu, sintam um fascínio pela área da Psicologia, em particular, a forense.
É, sem dúvida, uma obra de contornos chocantes mas com uma componente didáctica que nos convida a reflectir sobre as questões do foro mental. Como tal, não poderei deixar de recomendar!