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domingo, 1 de janeiro de 2012

Camilla Lackberg - Ave de Mau Agoiro [Opinião]

Ave de Mau Agoiro é o quarto livro da autoria Camilla Lackberg, protagonizado por Patrik Hedstrom e a sua companheira Erica Falck. Esta é uma saga que acompanho com muita curiosidade, uma vez que desde o primeiro livro, A Princesa de Gelo, a autora mostrou estar à altura dos meus autores policiais favoritos.

À medida que se desenrolam os vários tramas dos livros, é feito através de um fio condutor, comum e evolutivo, que é a relação entre Patrik e Erica. Depois de se enamorarem, no primeiro livro, da gravidez de Erica, surge, numa linha bastante natural mas ao mesmo tempo cativante, os preparativos do seu casamento. Desta forma, aconselho acima de tudo, a leitura dos livros de Lackberg por ordem, afim de não perder pitada sobre cada etapa do progresso da relação entre estas duas personagens. Nem o mais insensível ao romance ficará indiferente a estas duas personagens, não deixando de estabelecer no entanto, as diferenças culturais que dotam estas figuras face aos mediterrânicos.

Neste livro, em concreto, a componente íntima de Patrik e Erica, reflecte-se sobretudo na ansiedade existente no desenrolar dos procedimentos desta cerimónia tão especial. E o quão complicada pode ser esta tarefa quando existe um bebé. Pois eis que Maja cresceu e já tem oito meses. Não esqueçamos o drama pessoal da irmã da protagonista, Anna, que teve uma vida complicada devido a Lucas, o marido com precedentes de violência doméstica.
Em grosso modo, e em semelhança dos livros anteriores, é posta uma grande dosagem da vida pessoal das personagens, o que cativa o leitor e fá-lo sentir mais próximo das mesmas. Talvez o público feminino se sinta mais entusiasmado com esta abordagem, no entanto, Camilla Lackberg entrelaça esta vertente mais romanceada com a investigação em paralelo de dois crimes. Esta é feita por Patrik Hedstrom e a sua equipa. Erica vai tendo ao longo da saga, um papel cada vez menos activo na formulação de teorias que auxiliem o desvendar dos crimes. Neste livro em concreto, o papel de Erica cinge-se apenas a ouvir os desabafos do seu companheiro. Se eu concordo? Bem, penso que tal personagem tão perspicaz em relacionar factos, vê assim reduzido o seu potencial na investigação do crime.

Em Tanumshede, uma mulher abstémica, de seu nome Marit, Kaspersen, tem um acidente de viação e morre. O estranho é que ela revela uma taxa de alcoolémia bastante elevada tendo em conta o absentismo à bebida, e a polícia que investiga este caso considera-o portanto,um homicídio. Sendo divorciada de Ola, um homem maníaco pela organização, e mãe de Sophie, não há. aparentemente, razões para a ocorrência de um acto tão cruel. Em sintonia com a investigação deste crime, há também um outro, ocorrido em pleno reality show.

Com uma componente forense muito intensa, a resolução destes crimes passa sobretudo no associar de pistas, recorrendo ao passado das vítimas e terceiros. Mas Camilla Lackberg fá-lo com mestria, desvendando as peças chave do puzzle quase como em passadas largas na acção da trama.

As personagens são cativantes e misteriosas mas não deixam de ser bastante reais. Falo portanto de um leque de intervenientes que aparece pela primeira vez em Ave de Mau Agoiro, como a nova polícia Hannah e o seu marido Lars, os jovens que concorrem no reality show sueco, os familiares das vítimas de homicídio.
No fundo, a autora quer incluir testemunhos de realidades já nossas conhecidas, e aborda aqui, temas como homossexualidade, a burla, a ansiedade na preparação de um casamento ou a ruptura deste, a morte da mãe quando se é uma menina adolescente, o rapto de crianças... enfim, uma panóplia de situações possíveis que são espelhadas nas demais personagens que compõem a trama. E são precisamente estes dramas que arrastam o leitor e envolvem-no profundamente. Falo por mim que fiquei seduzida pela investigação do crime e pela leitura sobre os demais dramas de Kerstin; feliz nos preparativos do casamento de Erica; comovida na descrição da rotina de Erica com os passos da bebé; frustrada quando me apercebia que não se chegaria à resolução do crime daquela forma; angustiada ao conhecer o passado dos jovens que enveredaram pela participação num reality show e acima de tudo surpreendida ao assistir à resolução dos crimes.

Um enredo imprevisível, que vai ligando as pontas soltas à medida que caminhamos para o final do livro, tem direito a um desfecho brilhante e que deixa o leitor ansioso por ler o livro seguinte afim de desvendar o tenebroso passado de Elsy, a mãe de Erica. O identificar do assassino para mim não foi assim tão inesperado quanto comparado com os livros anteriores. No entanto o genial da história foi a conexão dos factos, garantindo de certa forma uma imprevisibilidade dos mesmos.

Um livro que, sem sombra de dúvidas, recomendo vivamente! Por ser um policial, com uma relevância para as relações humanas, penso que se adequa a qualquer público. Um toque de dramático acompanha as tramas das personagens. Mais do que aconselhar este livro, recomendo os três livros anteriores. Mal posso esperar que a Dom Quixote publique o próximo volume desta saga de Fjallbacka.

5 comentários:

  1. Acabei de ler este livro há pouco tempo e gostei tanto.
    Já tinha saudades de ler esta autora. :)
    Gostei, achei tudo muito bem interligado e não ficou nada por responder.
    A não ser claro no final, a parte do passado da mãe da Erica, mas isso é para o último livro dela que saiu - Os diários secretos.

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  2. Adoro esta autora... os livros fascinam-me sempre quer pelos crimes quer pela família linda da Erika :D Lê esse veruska, para variar vais adorar! :D
    Beijinhos, boas leituras!

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  3. Sou fã, leio tudo dela é viciante :)
    Bj S

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  4. Olá, tenho vários desta escritora e todos ainda por ler, pode me dizer qual a ordem correta dos livros? Obrigado, bjinho.

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    1. Esta autora é tão mas tão boa! Ordem dos livrinhos: A Princesa de Gelo, Gritos do Passado, Teia de Cinzas, Ave de Mau Agoiro, Os Diários Secretos, A Sombra da Sereia, A Ilha dos Espiritos, O Olhar dos Inocentes e finalmente O Domador de Leões. Espero que gostes tanto dos livros dela quanto eu! Boas leituras, beijinho grande, Manuela

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