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domingo, 27 de março de 2011

Gyles Brandreth - Oscar Wilde e os Crimes do Vampiro [Opinião]


Com o apoio das Publicações Europa América, tive a oportunidade de ler algo deste autor pela primeira vez.

Desde já devo dizer que apesar de não ser conhecedora dos demais livros de Arthur Conan Doyle (vulgo Sherlock Holmes), todo aquele misticismo londrino vitoriano sempre me atraiu muito, daí a curiosidade em enveredar por esta leitura diferente do policial dito convencional.

Nesta que é já a quarta aventura de Oscar Wilde publicada pela Europa América, deparamos-nos com um estranho homicídio. Somos transportados para Londres, ano de 1890 e, após uma festa, a duquesa de Albemarie é encontrada morta, com duas pequenas marcas no pescoço. Por sua vez um personagem estranho, de seu nome Rex LaSalle afirma ser um vampiro.

A insólita constituição do livro (notas de diários, excertos de jornal, telegramas e cartas dos personagens) aliado ao acelerado arranque da narrativa fazem com que o livro seja uma rápida leitura. Por outro lado este aspecto faz com que as personagens nos sejam apresentadas a "cru", sem que haja inicialmente um vínculo entre as mesmas e o leitor.

Quase que denotei uma semelhança com Agatha Christie na descrição do crime e consigo estabelecer um paralelismo entre a personagem de Poirot com as personagens de Arthur Conan Doyle e Oscar Wilde, os que mais se destacam na narrativa. Assim é difícil ficar indiferente à perspicácia dos mesmos na associação das pistas do crime e na lógica para assumir determinadas hipóteses.

Assim, esta forma tão "polite" de descrição dos crimes, também se aplica a outras situações, nomeadamente os temas da bissexualidade e homossexualidade, tratados como discretos e quase como naturais para a época.

Um dos aspectos que gostei foi o inventário inicial das personagens. Bastante útil para o leitor verificar a identidade das personagens intervenientes na narrativa a qualquer momento. Também achei particularmente interessante a nota do autor no final do livro, com uma breve biografia de Arthur Conan Doyle, Oscar Wilde Robert Sherard e Bram Stoker, tendo sido este último o primeiro autor a enfatizar a temática dos vampiros na literatura.

Gostei muito de ter sido "transportada" para aquela época, conhecer os hábitos londrinos em 1890/1900 e ter contactado com a geração de medo de Jack, O Estripador. Um livro que, sem dúvida me ensinou muito e fez com que me apaixonasse por este tipo de literatura, um policial mais arcaico.

Não querendo levantar um véu sobre o final, nem deixar eventuais spoilers, devo dizer que, tanto a morte da duquesa como os dois homicídios que lhe seguiram tiveram uma explicação coerente e razoável. De certa forma um final inesperado pois eu estava convicta da identidade do assassino, o que não foi bem assim...

Uma rápida e entusiasmante leitura que aconselho, e que fará as delíciais especialmente aos fãs de Agatha Christie e Sir Arthur Conan Doyle.


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