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quinta-feira, 29 de março de 2012

Divulgação Bertrand: Ken Follett - O Preço do Dinheiro


Sinopse: Um político acorda com uma bela mulher ao seu lado; um criminoso faz uma revisão com a sua equipa; um magnata toma o pequeno-almoço com um alto funcionário bancário. E depois três histórias nascem: uma tentativa de suicídio, um sequestro e uma oferta pública de aquisição. Parecem acções isoladas, sem relação umas com as outras, até que um certo jornalista do Evening Post começa a fazer perguntas e a desvendar uma conspiração bem mais ampla que envolve todos estes elementos. Um dos aclamados livros de Ken Follett, cuja narrativa se desenrola ao longo de um dia num jornal vespertino de Londes e põe a nu com mestria as interligações entre o crime, a alta finança e o jornalismo.

Nas livrarias a 5 de Abril.

quarta-feira, 28 de março de 2012

Novidade Editorial Sextante: Philippe Claudel

Sinopse: Encarregado de descobrir as causas de uma onda de suicídios numa grande empresa, o investigador sucumbe gradualmente à ansiedade. O hotel onde se instala é abrigo não só de turistas, como de gente deslocada e estranha. Na empresa onde investiga, ninguém o apoia e o clima é hostil. Terá caído numa armadilha, será vítima de um pesadelo demasiado real? Não consegue comer, beber ou dormir, e as suas perguntas só dão origem a mais perguntas. À medida que faz algumas descobertas, interroga.se se não se tornará ele na nova presa a ser esmagada por aquela máquina infernal. E começa a compreender a nossa impotência face a um mundo que nós próprios construímos e que conduz à nossa destruição.

Sobre o autor: Philippe Claudel é o autor do bestseller "Almas Cinzentas", vencedor do Prémio Renaudot 2003, do Grande Prémio literário Elle 2004 e classificado como Livro do Ano pela revista Lire em 2003. Está traduzido em mais de 30 países. Em 2007, o seu romance "O Relatório de Brodeck" foi galardoado com o Prémio Goncourt des Lycéens. Realizou o filme Il y a longtemps que je t´aime, com Elsa Zylberstein e Kristin Scott Thomas, em 2008, vencedor de dois prémios César.

Philippe Claudel é já um dos nomes confirmados para participar na Feira do Livro de Lisboa, no feriado de 25 de Abril.

Nas livrarias a 3 de Abril.

segunda-feira, 26 de março de 2012

Franck Thilliez - Síndrome E [Opinião]

Apesar de ser fanática pela leitura policial, devo confessar que em termos de literatura francesa, dentro deste género, sou muito leiga. Apenas conheço Fred Vargas e Jean-Christophe Grangé, e a vontade de explorar outros autores é contínua, de forma a que optei por ler um livro escrito por um conterrâneo, Franck Thilliez. Esta foi a minha estreia no autor.

Ora a sinopse pouco deixa adivinhar no que aí vem... é um enredo misterioso, com conspiração e aparentemente à partida, alguns laivos de sobrenatural. Afinal a primeira passagem do livro muito se assemelha ao filme The Ring: o visionamento do filme que dita o destino de uma personagem. Neste caso, Ludovic Sénéchal fica cego após ver uma película antiga e rapidamente contacta a ex namorada que trabalha na polícia, Lucie Hennebelle. Entretanto o comissário Franck Sharko é responsável pela investigação de cinco cadáveres com os crânios serrados e olhos vazados. As evidências sugerem que os casos podem estar relacionados mas ao investigar sobre os mesmos, Hennebelle e Sharko irão viajar até ao Egipto e depois ao Canadá para mergulhar nos mais ínfimos segredos que alguém pode carregar.

Mas vamos por partes:
Com este livro volto uma vez mais às temáticas das subtramas paralelas, sem aparentemente ligações. O certo é que esta fórmula resulta e facilmente origina histórias cativantes e intrincadas, deixando o leitor intrigado. Neste caso em concreto, o autor consegue formular um enredo entusiasmante, cheio de acção e muito mas muito misterioso a partir de cinco crimes iniciais, e um estranho e sádico filme, visionado em Lille a duzentos quilómetros do local cenário da outra subtrama.
Dizer que este livro é um policial é pouco pois são várias as componentes que o caracterizam: desde acção, policial, drama e thriller psicológico. Até há lugar para considerações sobre ciência, nomeadamente neurologia. É um livro riquíssimo, que combinando estes vários géneros literários, resulta numa história digna de um filme. Decerto que este livro daria uma brilhante adaptação cinematográfica.

Apesar de ser fanática pela cultura egípcia, devo confessar que foi particularmente difícil reter tantos nomes árabes referentes aos diferentes locais por onde Sharko se movia bem como das personagens. Esta viagem do comissário ao Egipto representa uma incursão a um mundo diferente do ocidental mas ao mesmo tempo tão semelhante se tivermos em conta os limites e os requintes de malvadez que obscuramente se esconde em cada um de nós. Não achei que o autor fizesse exaustivas descrições dos cenários afim de se cingir à narrativa. Talvez por isso não tive aquela sensação de estar a viajar juntamente com os protagonistas nos países do Egipto e posteriormente no Canadá tal é a forma impessoal que o autor descreve os cenários estrangeiros.

Além da componente do mistério há uma faceta mais pessoal das personagens. Há todo um background sobre o passado tanto de Hennebelle como de Sharko, que terá influenciado a forma como lidam com a vida. Depois achei fantástica a relação entre Hennebelle e Sharko a partir do momento em que se conhecem. A tensão sexual existente entre os dois, faz com que no íntimo desejemos que eles se relacionem. E claro, tal relacionamento começa a tomar forma à medida que ambos se envolvem na investigação do caso.

Estruturado em capítulos muito curtos, que intercalam inicialmente as subtramas referentes à de Hennebelle e de Sharko, acabam por convergir numa inesperada sucessão de acontecimentos que deixarão o leitor de boca aberta, chocados pelo nível de violência. O autor utiliza uma linguagem bastante gráfica, afinal Thilliez descreve com bastante mestria na arte do terror, aqueles que são os estranhos vídeos visionados por Sénéchal, deixando uma sensação bastante desconfortável e até perturbadora. O aspecto mais fascinante na trama é, a meu ver, a forma como uma pista conduz a uma outra, não sendo de todo fácil prever os acontecimentos seguintes. E desta forma, praticamente todas as passagens são de muita acção e adrenalina.
Além disso, o autor tem uma preocupação em dar um lado mais humano às personagens, dotando-as de características especiais: Sharko é esquizofrénico e tenta a todo custo que a doença não influencie no trabalho policial. Hennebelle tem uma relação conturbada com a mãe.

Um enredo que algo se assemelha a alguns filmes de terror que vi mas é original em termos de literatura. Tem uma história interessante e o que, inicialmente seriam laivos na área do sobrenatural, o autor facilmente interpõe alguns factos científicos para explicar o que à partida parece inexplicável. Para geeks da ciência como eu, não foram suficientes para me deixar completamente convencida. Mas reconheço que este é um bom livro no que concerne à trama e às personagens.
E se há algo que se sobrepôs neste magnifico romance policial foi o desfecho. Certo é que, após muitas investidas lá se conseguiu descobrir a identidade do assassino e as suas motivações. O que me chateou verdadeiramente foi a forma como terminou o epílogo. De facto este era perfeitamente dispensável. OK, nem todos os policiais têm um final feliz, e este enquadra-se justamente nesse grupo. O final deixa antever que este livro terá certamente uma sequela, o que me faz ansiar para que a Sextante Editora publique mais rapidamente esta obra. Decerto que trará melhor rumo às personagens de Lucie e Franck. Gostei e recomendo!

sexta-feira, 16 de março de 2012

Robert Wilson - Último Acto em Lisboa [Opinião]

Robert Wilson é já um autor que consta na lista das minha preferências. Há um historial que vai além de ter gostado dos livros protagonizados por Javier Fálcon: Wilson esteve na Feira do Livro de Lisboa o ano passado e mostrou-se muito simpático e prestável quando lhe pedi que me autografasse os quatro (sim, a tetralogia de Fálcon). Estivemos um pouco à conversa, e achei que ele é representativo de como um escritor com alguma fama é verdadeiramente modesto para com os fãs.

Posto isto, vamos ao que verdadeiramente interessa.
Primeiro editado pela Gradiva com a capa que vos mostro aqui (a versão que possuo), depois sob a chancela da Dom Quixote, a minha preferência incide precisamente nesta. Penso que seja mais sóbria e representativa do Terreiro do Paço, local de Lisboa onde se passa grande parte da acção.

O Último Acto em Lisboa nada tem a ver com o inspector espanhol. Tendo eu já lido dois livros protagonizados por Falcón, tendo gostado de ambos, posso dizer que o estilo de narrativa em Último Acto em Lisboa me envolveu por completo. Não é que O Cego de Sevilha ou as Mãos Desaparecidas não me tenham cativado, na minha opinião, estes livros estão longe deste Último Acto em Lisboa no que concerne à história. O próprio enredo, mais complexo e elaborado do que a famigerada tetralogia do autor faz com que, a meu ver, esta obra e as anteriormente referidas não sejam comparáveis. E porquê perguntam vocês? Ora bem, neste livro, o autor usa uma fórmula pouco usual (tendo eu apenas lido de Jo Nesbo, O Pássaro de Peito Vermelho com este formato) consistindo na inserção de duas narrativas aparentemente diferentes (e distanciadas por um grande espaço temporal).
Então existem duas subtramas: uma correspondente ao ano de 1941, tendo como cenários, numa primeira fase os países da Alemanha e França, passando a acção posteriormente para Portugal. A outra passa-se nos anos 90 na cidade de Lisboa. O interessante desta dualidade situa-se, entre muitos pontos, por exemplo na descrição de Lisboa nos anos 40, o ponto de encontro mencionado outrora existente, o café Chave D´Ouro no Rossio.

Tendo o autor elaborado um excepcional trabalho de pesquisa, devo confessar que eu própria sou uma bastante leiga olisipógrafa, aprendi bastante sobre as reminiscências da minha cidade, ao ler com um detalhe e um nível de pormenorização bastante completo da cidade de Lisboa. Tendo em conta que o autor é britânico (ainda que actualmente resida em Portugal), não posso deixar de mencionar a excepcional investigação, digna de um dos livros da historiadora Marina Tavares Dias.
Além disso, há todo um panorama geral sobre a sociedade portuguesa, e a forma com que esta reagiu à Segunda Guerra Mundial, aspectos factuais leais à própria história contemporânea mundial. O autor faz uma prospecção alusiva a mesquinhez dentro do Portugal rural e conjuga-a nesta subtrama de uma forma bastante interessante, associando aos episódios de venda de volfrâmio durante o período da Segunda Guerra aos opositores Inglaterra e Alemanha, enfatizando os limites da ganância e traição entre sócios. E tudo isto no ambiente de censura regulado pelo Dr. Salazar. E é desta forma que acompanhamos a saga de Klaus Felsen numa dinâmica acção histórica, em que são debatidas questões referentes à ditadura de Salazar, Estado Novo e a revolução dos cravos.

O que de início parece ser uma história maçadora cujo pano de fundo é a Segunda Guerra Mundial, após umas quantas páginas lidas, rapidamente o enredo começa a prender. Devo confessar que destas duas subtramas (inicialmente independentes), a que tem acção na actualidade imediatamente deixou-me curiosa. Não é que Catarina, uma jovem de apenas 15 anos, foi morta e o cadáver foi abandonado na praia de Paço de Arcos (concelho de Oeiras). Após interrogatório à família, denota-se que a jovem tem uma grande experiência de vida face à sua tenra idade, sendo comuns o mundo das drogas e o sexo na sua versão mais hardcore.
Com isto quero dizer que há uma componente mais gráfica e obscena no que concerne a comportamentos sexuais, e estes podem eventualmente chocar o leitor quando temos em conta que falamos de meros adolescentes.

A minha intuição foi desde inicio, que as acções estariam de algum modo, interligadas. Não estava errada de todo, mas o fascinante da narrativa foi tentar juntar as peças para que no fim, se descubra uma ligação altamente improvável, imprevisível e surpreendente mas que ao fim e ao cabo, não foge da lógica que o leitor usa para tentar deslindar os casos. Pessoalmente fascinam-me histórias que façam fluir lentamente os segredos das personagens e que no final, estes convergem num desfecho altamente inesperado.

Depois as personagens são fantásticas. O meu preferido foi sem sombra de dúvidas, Klaus Felsen. O enredo destaca-o na forma em que acompanha a sua caminhada ao longo da vida, enfatizando a sua relação com mulheres, como posteriormente a sua parceria com Joaquim Abrantes e as consequências que esta trará. Penso que as personagens da actualidade também estão muito bem conseguidas, expressando que corrupção, segredos imorais e depravação podem estar em nosso redor sem que nos apercebamos.

E se há algo que atrai nas histórias de Wilson é a forma como ele as conta. Em o Último Acto em Lisboa para evidenciar a disparidade entre as subtramas, também a forma como estas são narradas é diferente. A subtrama referente ao inspector José Coelho é toda ela narrada sob o ponto de vista desta personagem, de forma a que vivamos na sua pele todo o seu drama pessoal bem como a evolução da investigação. Já o enredo de cariz mais histórico, o narrador é não participante.

Um livro que, além da vertente policial, é um retrato completíssimo da nossa história. Os mais cépticos poderão questionar a sua qualidade uma vez que este livro não é um policial puro na sua essência mas acreditem, recomendo vivamente a sua leitura!

domingo, 11 de março de 2012

Robin Cook - Anjo da Morte [Opinião]

Há pouco tempo li Cura e fiquei com uma sensação equiparável a uma vontade descontrolada de ler mais e mais do autor. Não sendo propriamente um livro que me enchesse as medidas, várias sugestões apontavam para os primeiros livros de Robin Cook, descrevendo-os como arrepiantes e sensacionais thrillers médicos e claro, optei pelo primeiro livro editado pela Europa América, o Anjo da Morte.

Embora esta história tenha a mesma idade do que eu, fala de temas, possivelmente plausíveis ainda nos dias de hoje: homicídios de pessoas num estado de saúde mais debilitado dentro de uma unidade hospitalar.

O livro inicia-se com uma cena deveras perturbante e claustrofóbica, da morte de Bruce Wilkinson e aí fiquei imediatamente presa ao livro. Afinal de contas, há ali um homicídio, cuja identidade do assassino desconhece-se e tendo como cenário, um local aparentemente seguro, um hospital. Mas rapidamente subentende-se que, quem terá praticado o crime será certamente da comunidade hospitalar, quem acima de tudo, deveria zelar pela nossa saúde.

O livro é composto por personagens fascinantes. A começar por uma protagonista, que foge aos standards de um herói. Cassandra Kingsley é psiquiatra e casada com o cirurgião bem sucedido Dr Thomas Kingsley. O notório na personagem principal é a sua vulnerabilidade. Ao contrário do que é usual na literatura, temos uma protagonista com uma fraca personalidade, dependente do marido que constantemente a negligencia. Mas Cassi é também frágil, devido à sua condição de saúde. O facto de Cassi ser diabética crónica e ser insulino-dependente acarreta várias complicações laterais, que serão desenvolvidas no decorrer do livro.

Já o seu marido é uma personagem sinistra. Penso que esta personagem é deveras polémica, desafiando quaisquer limites estabelecidos para a ética hospitalar no que concerne a automedicação e dosagens permitidas para os diversos medicamentos. Ainda assim, a forma como lida com Cassi é quase inadmissível, sendo uma figura com quem antipatizamos logo desde imediato.

Mas claro, desconhecendo nós a identidade do Anjo da Morte, o justiceiro que, um a um, vai eliminando os demais internados (e todos eles têm em comum o facto de terem sido sujeitos a uma intervenção cirúrgica), desconfiaremos de todos os médicos ou enfermeiras, por muito que o autor descreva as suas boas intenções. Tirando Cassi e a sua amiga Joan, todos à partida são suspeitos!

Achei o enredo brilhante! Embora um pouco previsível, a história é aliciante pois de facto Robin Cook sabe contar uma história e prender o leitor. Foi com grande ansiedade que fui virando páginas após páginas para deslindar o final e se este seria como eu tinha equacionado. E sim, mas muito mais emocionante!

Com alguns pormenores referentes a uma terminologia hospital específica, que poderá maçar o leitor, a meu ver, até os mais leigos serão agradavelmente surpreendidos com estes pormenores tão realistas. Afinal Robin Cook e também médico e se há temática em que ele e entendido é precisamente esta. Usando estes pormenores tão singulares entrelaçados com a narrativa romanceada, um detalhe sobre a vida pessoal das personagens e o mistério deixado pelo Anjo da Morte, acreditem, o resultado é brutal: desde ao entretenimento, à aprendizagem das várias técnicas médicas e o íntimo contacto com comunidade hospitalar, todas as minhas expectativas foram correspondidas. Ler este livro foi ingressar no mundo dos hospitais e sentir todo aquele ambiente inquietante, tão típico destes locais. Ler este livro foi também entrar no mundo dos casamentos por aparência e perceber o número infinito de cedências para que resulte. E por fim, ler este livro deixou-me um íntimo terror: caso algum dia necessite de internamento hospitalar, vou ter medo... muito medo! Altamente recomendado!

sábado, 10 de março de 2012

Divulgação Editorial Quetzal: Patrícia Melo - Ladrão de Cadáveres

Sinopse: O Pantanal - imenso, selvagem. Foi aqui, perto da fronteira da Bolívia, que o narrador desta história se refugiou, depois de implicado no assassínio de uma mulher na grande cidade de São Paulo. E foi aqui que só, nas margens do Rio Paraguai, num domingo de sol, presenciou a queda de um pequeno avião - o acontecimento que irreversivelmente lhe mudará a vida.
Na mochila do piloto - único filho de uma família rica e poderosa - encontra um quilo de cocaína.
Dias depois, o local do acidente é identificado e constata-se o desaparecimento do corpo do piloto - nessa altura um esquema macabro começa a ser urdido.

Ladrão de Cadáveres, o mais recente livro de Patrícia Melo, é uma mistura explosiva de temor, ganância, conspiração, sexo, corrupção, traição dos vivos e profanação dos mortos.
Um romance de leitura compulsiva.

Nas livrarias a 23 de Março.

quinta-feira, 8 de março de 2012

William Brent Bell - O Despertar das Trevas [Opinião Cinematográfica]

Desde há uns meses para cá muito se falava do filme O Despertar das Trevas e o quão inovador seria este face à temática do Exorcismo. E de facto o aliciante trailer fez com que ansiasse ganhar bilhetes para a anteestreia! E ganhei! Com tantas expectativas em alta, estas saíram completamente defraudadas. E passo a explicar:

O Despertar das Trevas apresenta-se sob o formato de documentário, já sendo usual no cinema actualmente. O pioneiro terá sido o Projecto BlairWitch, no entanto muitos filmes se seguiram, como Rec ou Actividade Paranormal. Ora aqui temos um documentário feito por Isabella Rossi, para tentar descobrir o que terá acontecido à sua mãe, Maria Rossi, há 20 anos atrás. Em 1989 Maria Rossi ligou para o 112, dizendo que matou três pessoas. E desde essa altura, alegando insanidade mental, Maria está internada num hospital psiquiátrico em Itália, não registando quaisquer melhoras a nível do seu estado de saúde.

Penso que as actuações, exceptuando talvez a de Susan Crowley (Maria Rossi), em que é notável já alguma experiência, são medíocres. Falo acima de tudo da jovem Fernanda Andrade (Isabella). Lembro-me da cena em que ela sai do hospital fazendo um esforço sobrenatural para chorar e apenas caindo uma singela lágrima de crocodilo. Grita muito ok, factor para assustar mais as pessoas mas na minha opinião, esta personagem falhou redondamente.

Se as personagens me desiludiram, então o enredo...

Muito bem, à partida tínhamos um documentário (eu não sou nada contra este formato de filme, até porque gostei muito do Rec). Houve muitas partes mortas, em que houve entrevistas com explicação entre doença mental e possessão. What for? Adiantou para a acção? OK, foi interessante saber que existe uma hierarquia do Mal conforme existe uma para os Anjos, tirando isso, foi para encher chouriços.

Podiam ter explorado mais a temática do exorcismo, em vez que se cingirem inicialmente à personagem Rosa. Aí gostei da acção, a actriz esteve bem, meteu respeito toda a sua postura bem como a linguagem corporal. E pronto este foi um dos poucos momentos altos do filme... Na realidade só me consigo lembrar de outros dois momentos que tenham sido assim tão bons... Ora num filme de uma hora e vinte e cinco minutos, dá um rácio muito baixo. E mais, revendo agora o trailer, posso dizer que todas as cenas interessantes estão lá e que o filme nada mais adianta...

O que prometia ser um filme interessante, do estilo Rec mas enriquecido com possessões demoníacas com transferências corporais subitamente decai num cliché e numa coisa sem sentido. E eis que subitamente o filme termina, ficando eu sem perceber uma série de questões. O que teria de facto acontecido a Maria Rossi? Aliás, o que aconteceu ali na história? Terá acabado o baixo orçamento estipulado para a realização do filme? E foi neste ponto que o filme passou do medíocre para o mau. Saí da sala de cinema chateada e indignada.

A sensação com que fiquei é que, à semelhança de Actividade Paranormal, este filme terá certamente uma sequela em que finalmente os factos serão devidamente explicados. Ainda bem que fui à anteestreia pois choraria o dinheiro gasto no bilhete.

quarta-feira, 7 de março de 2012

Fred Vargas - Um Lugar Incerto [Opinião]

Fred Vargas é um nome já conhecido na literatura policial francesa. Este é o oitavo volume da saga protagonizada pelo comissário Adamsberg, no entanto, é o segundo livro editado na colecção Alta Tensão (este procede a Terceira Virgem).

O Inspector Adamsberg é enviado para Londres, juntamente com Danglard para assistirem a uma conferência. No entanto eles vão averiguar um estranho acontecimento às portas do cemitério Highgate: um conjunto de dezassete sapatos, contendo pés já em decomposição. Voltando a Paris, os detectives deparam-se com um crime hediondo. Apesar de improvável, este crime pensa-se estar de alguma forma, associado ao caso dos pés. Para resolver o caso, Adamsberg desloca-se a uma aldeola na Sérvia, conhecida pela sua história de vampiros e vê a sua vida em perigo.

Adoro a capa deste livro! Está muito bem conseguida e representativa do conteúdo seu conteúdo, cujas passagens no cemitério são brilhantes e arrepiantes!

Tal como em A Terceira Virgem, a autora introduz no enredo alguns elementos do sobrenatural. Se no livro anterior havia fantasmas, aqui temos o mito dos vampiros encaixado numa história mórbida de mortes hediondas, mistério e suspense. A trama é complexa e Adamsberg lida, não só com o caso dos pés decepados como também com uma morte macabra de um jornalista que foi literalmente triturado. São cenas eventualmente chocantes para o leitor mais sensível mas torna-se absolutamente aliciante ler sobre estas mesmas investigações. Todo o enredo se revela intrigante: afinal temos dezassete pés, o que certamente serão de oito pessoas, e um está desemparelhado.

Ainda dentro daquilo que Fred Vargas escreve do mundo do sobrenatural, o realismo dos cenários destaca-se através de descrições bem conseguidas dos vários locais, tendo eu já comentado sobre o cemitério sombrio, mas as passagens sobre a Sérvia estão muitíssimo bem! O leitor literalmente viaja até lá e sente o clima de superstição que todo o povo sente relativamente ao mito dos vampiros. Há uma dose de adrenalina crescente, no que concerne à personagem Adamsberg e na sua passagem pelo país estrangeiro.

Para os mais fãs de Fred Vargas, estes irão constatar que Um Lugar Incerto é o oitavo livro da saga protagonizada por Adamsberg. E agora perguntam se valerá a pena começar a ler a obra de Vargas iniciando por este livro. Ora existem algumas notas de rodapé remetendo para o livro anterior, sobre alguns factos que ocorrem em Um Lugar Incerto, e que de certa forma, serão relevantes tendo como fundo o livro anterior. Assim, antes de recomendar este livro, aconselharia a leitura de A Terceira Virgem, de forma a sentir-se mais cómodo com o enredo e com maior afinidade para com as personagens.

Mas há o reverso da medalha: afinal o leitor irá sentir-se curioso sobre o passado de Adamsberg, desejando ler desde o primeiro volume, esta saga protagonizada por este inspector.

Nomes sérvios ou francesas fogem do standard da literatura mas nada que um apontamento não ajude a associar as diversas personagens ao papel que estas têm na trama. Personagens excêntricas, bem desenvolvidas, complexas e misteriosas são o comum neste enredo de Vargas, penso que, extensível aos outros romances policiais da autora.

Apesar de, a meu ver, a temática de vampiros quando trabalhada independentemente gerar melhores histórias, não posso negar que a combinação deste mito com os vários crimes em Um Lugar Incerto, resulte bem. Temos aqui uma trama complexa de hábil conjunção dos temas mitológico vs realidade que se coadunam muitíssimo bem. Daí que recomendo este livro não só aos amantes do policial e do thriller, bem como os amantes do fantástico. Estes também irão apreciar este enredo diferente mas que dará umas óptimas horas de leitura. Um Lugar Incerto será certamente, um dos poucos livros que actualmente combina harmoniosamente estes géneros tão diferentes e que fará a delícia dos leitores ávidos por mistério mas ao mesmo tempo curiosos pelo mundo mitológico das criaturas sedentas de sangue.

domingo, 4 de março de 2012

Dan Wells - Não Sou Um Serial Killer [Opinião]

Não Sou Um Serial Killer é o livro de estreia de Dan Wells. Um livro, à partida promissor, que promete misturar ingredientes como o terror, a acção, o thriller e o humor negro, combinados num enredo cuja sinopse é deveras aliciante.

A editora não alterou a capa, dado a original e sabem que mais? Gosto! E combina mesmo bem com a imagem do blog da menina dos policiais, não acham?

Não Sou um Serial Killer conta a história de John Wayne Cleaver, um rapaz de 15 anos, diagnosticado com um transtorno de personalidade antissocial. Além disso, John ajuda a mãe numa agência funerária, tendo como principal função o embalsamamento de corpos.

John é estudante, enfrentando os demais problemas que advêm das escolas como enfrentar bullys ou professores chatos, bem como tentar não dar nas vistas com Brooke, a moça por quem John secretamente está apaixonado. Além disso, a família do protagonista é algo destruturada.

O seu pacato bairro torna-se perigoso quando se dão inúmeros casos de homicídios, sugerindo que há um serial killer à solta na vizinhança de John...

OK, posto isto, achei a personagem principal tão mas tão semelhante ao nosso conhecido Dexter Morgan. Diria que é mesmo uma versão mais jovem desta personagem.

O analista de salpicos de sangue mais conhecido de Miami poderá muito bem ter tido uma adolescência bastante semelhante à de John no que toca aos comportamentos sociais e a presença da dita voz interior maligna. No caso de Dexter é o Dark Passanger, aqui esta é designada por Monstro. Nomes diferentes para o mesmo esqueleto no armário. Ambos têm tarefas um tanto ou quanto mórbidas (Dexter analista de sangue; John embalsamador de cadáveres). A forma como se relacionam com as pessoas é idêntica e peculiar.

Por isso, à medida em que lia o livro, não conseguia deixar de estabelecer paralelismos com o nosso caro Dexter.

Contudo e dada a faixa etária do protagonista de Não Sou um Serial Killer, este livro será também apreciado para um publico alvo mais jovem. Certamente que estes se poderãoidentificar com a rotina de John. Este estudante tem um fascínio exacerbado por serial killers e adora ajudar nos embalsamamentos, ainda que os corpos não estejam nas condições maisaceitáveis. Depois a sua capacidade reduzida em relacionar-se com as pessoas realça o transtorno de personalidade que a personagem é diagnosticada. A meu ver foi interessante ler sobre a dualidade de John. Ora ele tem o Monstro dentro de si e deseja fazer o mal mas a sua inteligência e bom senso puxam-no para as boas acções e a esconder estes desejos obscuros secretos.

O livro é escrito na primeira pessoa, de forma a que o leitor se infiltre na pele do adolescente sociopata e viva a acção que o autor nos conta.

Apesar da componente de terror estar presente nas várias descrições realistas dos cadáveres após o ataque do serial killer. De forma a enriquecer a cultura geral sobre serial killers, o autor faz referência a inúmeros casos de assassinos em série, o que se torna deveras interessante. O próprio nome da personagem, John Wayne, é inspirado no famigerado serial killer John Wayne Gracy Jr. (o qual eu nem conhecia...)

Relativamente a meio da trama é desvendada a identidade do serial killer e a partir daí é uma caça ao homem por parte do jovem, que não irá descansar enquanto não travar o Demónio (nome pelo qual John apelida o psicopata) e não alimentar o monstro dentro de si. E claro, esta tarefa é árdua, principalmente quando John tem de lidar com problemas familiares, confissões ao psicólogo e gerir a sua forma e conduta na comunidade escolar. A entrelaçar os ataques do serial killer há uns laivos mais de cariz sobrenatural, o que diminuiu o realismo ao enredo.

Um livro que se lê muitíssimo bem, e como terei lido algures, é o primeiro de uma saga protagonizada por John Wayne Cleaver, o que me deixou com algumas expectativas em ler o segundo volume, esperando que a Contraponto publique o mais depressa possível!

É um livro que de facto mistura criminologia, humor negro, rotina adolescente, paranormalidade e considerações sobre sociopatia e que irá entretê-lo durante horas. Se gosta de Dexter Morgan ou de Hannibal Lecter, este é sem dúvida o livro ideal para si! Gostei!

sábado, 3 de março de 2012

Fernando Sobral - L. Ville [Opinião]

L. Ville é a obra de estreia do jornalista Fernando Sobral. Este autor é mais conhecido pelo último livro lançado, intitulado Ela Cantava Fados, mas para ingressar na escrita de Sobral, decidi começar por este livro. Devo dizer que, antes de enveredar por esta leitura, vi o booktrailer e fiquei fascinada! Ora vejam e digam-me de vossa justiça! De facto, penso que é uma excelente aposta de marketing, juntamente com a capa, factores aliciantes para a escolha deste livro.

Então L. Ville conta a história da investigação da morte do comerciante de arte, Ernesto Ávila, tendo como pano de fundo a cidade de Lisboa. O responsável pelo caso é o detective Manuel da Rosa que, ao investigar o caso, irá divagar pelo lado mais negro da cidade onde conhecerá o passado e ligações de Ávila. A partir daí, o detective irá ter muitas dificuldades em triar a mentira da verdade.

O que mais me impressionou é a forma crua mas real com que o autor descreve a cidade de Lisboa. Ora é uma cidade bonita, turística, contudo há um lado mais corrupto, onde impera a prostituição, armas brancas e o tráfico de drogas. A marginalidade está assente sobre um cenário que me identifiquei imediatamente, não sendo eu da própria cidade de Lisboa, tendo morado já no concelho da Amadora e tendo conhecimento dos supra referidos bairros degradados que o autor enumera na sua trama. Neste contexto é tanta a sensação de familiaridade de cheiros e sons tão característicos de uma zona de Lisboa também mencionada neste livro, Martim Moniz.

Através de capítulos pequenos, o autor desenvolve uma história policial onde o leitor duvida de personagens complexas como Susana Wong ou Bruno Plácido, que mostram um lado suspeito mas simultâneamente humano. Daí que será muito difícil apontar-lhes o dedo, como certamente terão já experienciado com diversas personagens na leitura policial.

Em suma, não existem muitas intervenientes na narrativa, mas estes são realisticamente descritos, tanto as personagens mais ambíguas mencionadas anteriormente, como os investigadores do caso. O detective Manuel da Rosa é um homem determinado, e tem uma relação com uma agente da polícia, Ana Moreno. Como o enredo não incide apenas na componente policial, há todo um plano descritivo da relação entre estes. Classificado como um policial urbano, há uma pormenorização da cidade e dos problemas mais vulgares que aqui têm lugar.

Este é um típico policial mais parado, mas que devido ao reduzido número de páginas, deixará o leitor preso até que termine a sua leitura. Sem grandes twists mas interessante, L. Ville é um livro que dará que pensar: Portugal pode ser o cenário realista de uma boa história policial. Extremamente aprazível, é um livro que irá ler num par de horas sem dar por isso. E seja ou não o meu caro seguidor de Lisboa, irá embarcar numa viagem à parte obscura da cidade com este livro. Gostei!