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sexta-feira, 27 de abril de 2012

Giorgio Faletti - Eu Sou Deus [Opinião]


Eu Sou Deus é o segundo romance do famigerado autor Giorgio Faletti, autor de um dos melhores livros que li em 2011, Eu Mato. Desde Maio do ano passado que ansiava pela publicação deste livro, que será posto à venda no próximo mês.

Comparando ambas as histórias, estas são definitivamente de cariz diferente. Eu Mato trazia um rápido e empolgante arranque na narrativa. Ora, Eu Sou Deus contrapõe-se na forma como se inicia, lenta e focada no veterano de guerra Wendell Johnson e na sua árdua história de vida. Em passagens no mínimo emocionantes, são descritos os efeitos da guerra do Vietname e os traumas que daí advêm tanto físicos como psicológicos, enfatizando esta personagem e a relação que estabelece com os demais. O leitor questiona-se como terá este homem influência na acção explanada na sinopse. E esta inicia-se apenas na página 68, altura em que, numa outra fase temporal, apresenta a detective Vivien Light. A então protagonista desta história investiga um caso de um desconhecido emparedado numa obra. Sem certezas sobre a sua identidade, tudo o que resta é uma estranha fotografia antiga e uma carteira. Ela irá associar-se a Russell Wade, um fotógrafo jornalista filho de uma família abastada mas que vê a sua carreira em decadência.

São duas personagens com um carácter forte, com os seus esqueletos no armário. A conjugação destas duas personagens de sexo oposto e dotadas desta forma, não é de todo inovadora e consegue ser bastante previsível o rumo da relação dos dois. Um cliché que resulta, e alivia a carga pesada da trama.
Além da componente thriller e do romance (ainda que numa versão muito discreta) há também um forte peso de emoções fortes, trazidas muito a partir do dramatismo dado pelas personagens secundárias. Estas, embora com um papel mais reduzido, revelam-se fulcrais com o desenvolvimento da narrativa.

Dado que há muitas passagens com a finalidade de apresentação de personagens, o autor recorre frequentemente a flashbacks, de forma a dar a conhecer um pouco mais sobre estas ou situações que sejam fulcrais para a narrativa. A forma como o faz não baralha o leitor, e enquadra-se bem na estrutura da narrativa.O autor tem uma escrita versátil, ora adequando-se às confissões homicidas deste homem perturbado, ora relatando com mestria os demais diálogos de personagens que, embora traumatizadas, não deixam transparecer qualquer tipo de más intenções. Faletti é um autor extremamente descritivo, e na minha opinião, muitas das passagens que se inserem nesta categoria seriam dispensáveis e contribuíram para alguma da morosidade que caracteriza a acção em Eu Sou Deus. Descrições violentas são nulas, embora choquem as passagens relativas aos massacres que vão ocorrendo.

Ora bem, Eu Sou Deus é a história de um homem que julga ter o poder de uma entidade superior, eliminando quem quiser e como o entender. Ele acha que é Deus, e como tal pode controlar quem vive e quem morre. Mas com este pressuposto achei que os homicídios fossem mais direccionados e chocantes. Não, este homem que se julga Deus mata em massa, escolhendo colocar de forma estratégica, dispositivos como bombas, permitindo assim eliminar várias pessoas ao mesmo tempo e contrariando as minhas expectativas. Não é não me sinta chocada com atentados terroristas, não é isso. É que a premissa do livro fez-me pensar que cada pessoa seria eliminada após um cauteloso critério, à semelhança de Eu Mato e isso teria um outro impacto na história, muito mais forte, a meu ver.
Àparte deste reparo, Eu Sou Deus é uma boa história: tramas paralelas aparentemente sem ligação cujo fio condutor remota há anos atrás, vinganças pessoais por parte de personagens complexas e uma dose sobrelevada de mistério. O que se avizinhava por um livro moroso, rapidamente se torna frenético e compulsivo.

Mas eis que Faletti nos troca as voltas, e o final é absolutamente imprevisível. Quando o leitor julga que tem desvendado o crime, eis que há uma reviravolta final, muitíssimo bem conseguida e coerente no contexto da narrativa, que marcará a diferença. Eu fiquei genuinamente surpreendida e quando fechei o livro, nem queria acreditar no que tinha acabado de ler!

Na minha opinião, o livro fica um pouco aquém de Eu Mato, contudo não posso deixar de recomenda-lo. Eu Sou Deus comprova que o autor Giorgio Faletti continua a dar cartas na literatura thriller. Da leitura dos seus livros, ficou a ansiedade em ler uma próxima obra do autor.

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4 comentários:

  1. Excelente opinião! Tudo que você escreveu foi exatamente o que senti quando li este livro.

    Como eu tinha te falado, é uma história bem mais lenta do que "Eu Mato", mas bem estruturada e surpreendente ao ponto de recomendarmos a sua leitura. Definitivamente sou fã de Giorgio Faletti.

    Beijos!

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  2. Obrigado Isabel! É mesmo um livro impossível de ficar indiferente. Também sou fã do Faletti.
    Se calhar no Brasil sai primeiro um novo livro dele! Espero que ñ tarde muito por cá

    Beijinho, boas leituras

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  3. Gostei tanto do 1º livro dele. Por isso estou desejosa de ler este :)

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  4. Veruska, este não é tão bom quanto o primeiro mas gostei. Tem um final arrebatador ;)

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