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terça-feira, 17 de abril de 2012

Saskia Noort - O Gosto Amargo da Traição [Opinião]

O Gosto Amargo da Traição é, com muita pena minha, o único livro da autora holandesa publicado em Português. Pertencente à colecção Grandes Narrativas da Editorial Presença, dado o seu conteúdo rico em mistério, poderia muito bem passar por um "Fio da Navalha" ou "Minutos Contados". No entanto, adoro a capa e reconheço que esta foi fulcral para que, primeiro, reparasse no livro, segundo tivesse muita vontade de o ler.

A trama centra-se essencialmente em cinco casais: Evert e Babette, Kees e Angela, Simon e Patricia, Ivo e Hanneke e por último Michel e Karen. E é precisamente esta última personagem que relata, em primeira mão, uma história simples e básica mas extremamente envolvente.
As mulheres reuniram-se para criar um "Clube das Refeições" onde decorrem amistosas tertúlias envolvendo frequentemente gossips, lembrando uma das séries televisivas da minha preferência, Donas de Casa Desesperadas. Quem vê esta série, facilmente pode deduzir os laços que unem estas mulheres (se bem que aqui mais vulneráveis) e constatar que este livro, acima da resolução do crime, é uma profunda reflexão sobre por um lado, a amizade e por outro, matrimónio e valores familiares.

Numa noite, um terrível incêndio abate-se sobre a residência de Evert, Babette e os filhos, vitimando o marido. Dadas as estranhas circunstâncias que envolvem o acidente, Karen resolve investigar o caso. Doravante nada será como era...

O livro, de poucas páginas numa linguagem simples e desprovida de elementos gráficos/violentos, é de fácil e compulsiva leitura. Eis um senão: a autora recorre frequentemente a flashbacks para relatar a relação entre os cinco casais. No entanto fá-lo, sem especificar quando, podendo deixar o leitor um pouco confuso. O leitor aufere que são momentos passados, dada a participação de Evert, que morre nas primeiras páginas do livro. Teria sido mais sensato, na minha opinião, se a autora tivesse identificado devidamente os momentos passados da acção corrente, datando-os.
Os nomes das personagens podem igualmente ser um pouco confusos. Com quem é por exemplo, Patricia casada? Simon, Michel, Evert, Kees, Ivo? Dada a índole holandesa dos nomes até ao factor preponderante (o tipo de relações muito semelhante, tendo cada um dos casais dois ou três filhos), pode também baralhar o leitor. Numa tentativa de simplificação e sistematização das personagens, os nomes dos casais e respectivos filhos, são apresentados na página 24, de forma esquemática, num cartão fúnebre que servirá (por mim falo, que teve este propósito) de uma espécie de cábula.

Apesar de, como já referi anteriormente, ter achado este enredo simples, na minha opinião, é igualmente cativante. Até porque há ainda mais uma morte, cuja natureza é igualmente duvidosa, e à medida que Karen investiga o caso, o leitor é confrontado com uma teia de mentiras e intrigas, e ficará, até ao momento final, na expectativa.
Associado a estes ingredientes, há uma componente com um forte peso, sobre as relações humanas, abarcando a aparência de um casamento falhado num vilarejo, em que todos conhecem a vida de todos. A autora debruça-se sobre temáticas como a luxúria, sexo e relações proibidas, fazendo com que cada um de nós questione o que é o amor, e o quão será fácil sentir-se vulnerável a atracções numa relação monótona.

As personagens são misteriosas e cativantes. Exceptuando a narradora, Karen, desconfiamos constantemente do íntimo das personagens. Afinal de contas, estamos perante um livro, cuja grande parte da informação advém dos gossips e boatos sem fundamento, pelo que desconhecemos quem estará a falar verdade. O final pode não ser o mais imprevisível, dado o reduzido número de personagens, nem o mais elaborado, dada a simplicidade da acção, nem sequer explica devidamente alguns factos.
O facto é que gostei, foi um desfecho harmonioso com a restante narrativa.

Não deixo de recomendar este livro, sobretudo aos fãs do mistério e do thriller psicológico.





Mais informações sobre este livro aqui.

4 comentários:

  1. Concordo com alguns aspectos por ti evidenciados mas este livrinho ficou um pouco aquém das minhas expectativas, como aliás já te tinha dito. Olha sinceramente gostei mais da tua opinião do que propriamente o livro lolllll
    Teresa Carvalho

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    1. ahaha eu sei Teresa que não gostaste muito. Pelo menos não te deu vontade em desistir né? Achei-o muito simples, muito básico mas nem desgostei :) Estava com ele fisgado há muito sabes? Se calhar era isso.
      Obrigado, uma opinião melhor do que o próprio livro, é dose! :D

      Bjinho grande, boas leituras

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  2. Hello nha VeraV!
    Pois eu tb me senti atraida por este livro precisamente pela capa, mas nunca cheguei a comprá-lo e parece q afinal fiz bem... Pelo q descreveste, ñ me parece q fosse sentir uma grande empatia c a história, e tendo em conta q as minhas leituras estão 'abaixo da linha de água' é bom poder colocar alguns livros 'desejados' de lado.

    Beijinho ;)*

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  3. Olá Vasco! Fico a aguardar o teu feedback final ;) Às vezes forçar a leitura é pior, compreendo a desistência deles. Um beijinho e boas leituras

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