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segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Mary Higgins Clark - Agora És Minha [Opinião]

Já li alguns livros da autora, e consigo articular nesta altura, que a autora tem uma fórmula quase genérica para os seus romances e que nunca se torna cansativa, tornando as suas tramas compulsivas.

Em Agora És Minha, a psicóloga Susan Chandler, agora com um programa de rádio, dedica uma emissão especial sobre mulheres desaparecidas, incidindo sobre o caso que remota à anos de Regina, uma mulher desaparecida num cruzeiro, sem qualquer indícios do seu paradeiro. Este acontecimento desencadeia uma reacção em cadeia assassina, impossível de prever.

Como referi anteriormente, a autora usa uma fórmula muito específica: a excelente caracterização dos vários psicopatas, escolhendo como obsessão um tema. Em Gosta de Música, Gosta de Dançar tínhamos um homem obcecado com sapatos; em Enquanto o Meu Amor Dorme, era óbvia a fixação com o mundo da Alta Costura e mais recentemente com O Berço da Morte, a autora convidava-nos a ingressar no mundo dos hospitais. 
Neste livro, Agora És Minha é a inscrição que um anel de pechisbeque (daqueles mesmo baratuchos, bem à moda das lojas dos 300) oferecido às raparigas. Este é o bilhete de identidade para um sociopata que conquista uma mulher, para a matar em seguida, acção que tem lugar maioritariamente em cruzeiros, onde as mulheres se sentem mais predispostas ao romance e poderão mais facilmente sucumbir aos encantos de um homem desconhecido.

Esta dita fórmula abrange uma protagonista feminina, de forte carácter, que acaba por ser equacionada como a mais recente vítima do serial killer em questão. Neste caso é Susan Chandler. Ex-promotora de justiça, agora dedica-se à Psicologia mantendo um programa de rádio.

À semelhança dos livros anteriores que li da autora,além do mistério que se adensa até ao final, há um clima subtil de romance, protagonizado por Susan e por uma das personagens masculinas, e muitos são os momentos de empatia com esta e as demais personagens.
Afinal, Susan é psicóloga, e é considerada como alguém com quem se sente uma confiança sem explicação. Um dos aspectos que particularmente me fascinou na trama foi o facto da autora ter criado esta personagem, com esta profissão e desta forma, relatar algumas breves consultas de psicologia, onde os pacientes expõem uma panóplia de problemas. Nunca escondi que sou uma apaixonada pela área da Psicologia.

Mas Susan embrenha-se pessoalmente no desaparecimento de Regina Clausen, que nunca regressou de um cruzeiro, desconhecendo as consequências dessa investigação. É neste ponto que ela se cruza com a mãe da vítima, Jane, e há toda uma carga dramática, que complementa o mistério de Regina.

Como tem vindo a ser hábito, MHC utiliza uma linguagem muito discreta, ainda que na descrição dos inúmeros homicídios perpetuados afim de silenciar qualquer testemunha e ocultar a verdade. O mais horrível dos homicídios é quase poético nas palavras de MHC. Do que li anteriormente da autora, não achei que esta fosse fã de mortes em cadeia. Erro meu. Acho que neste livro perdi a conta ao "bodycount". 
De resto achei que o enredo era relativamente previsível. Não que seja um ponto contra, porque esta leitura revelou-se compulsiva (tendo lido o livro em cerca de dois dias).
Sem que a identidade do vilão seja desvendada, Higgins Clark lança as suspeitas para cima de três personagens, um número de suspeitos demasiado reduzido, não constituindo grande surpresa o desenlace e a identificação correcta do serial killer.

Em suma, este livro apesar de não estar nos moldes da impressibilidade, é uma interessante e sôfrega leitur. Para quem leu alguns anteriores da autora, não deixa de estabelecer uma estranha analogia o que se traduz numa leitura menos surpreendente. Ainda assim, Mary Higgins Clark é uma autora que não deixo de recomendar.





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