Finda a trilogia que mais deu que falar este ano (oh, tantas amigas que tenho doidas pelo sr. Grey...!), não poderia deixar de registar a minha opinião sobre o terceiro livro, embora consciente que esta não se insere de todo no cariz policial e de thriller a que o blog se destina.
Mas esta trilogia abriu-me novos horizontes: um gosto até agora desconhecido, pela leitura do tão na voga romance erótico. Irei certamente ler mais livros pertencentes a este género.
Antes de mais felicito a editora, Lua de Papel pela célere publicação deste livro. Lembro-me de, em Julho quando li o primeiro livro, ter acesso a um flyer onde especificava o mês de lançamento da restante trilogia: este estava previsto para Fevereiro de 2013. Ainda bem que assim não foi... Depois do segundo livro, confesso que a ansiedade se começava a instalar para ler o derradeiro final da trilogia.
Já que falo sobre a editora, aproveitaria para encorajar a mesma a publicar mais deste género. Sei que na Lua de Papel brasileira, foi publicado Luxúria de Eve Berlin. Penso que tal título seria, à semelhança da trilogia de Grey, um estrondoso sucesso cá em Portugal.
Voltemos então à opinião de As Cinquenta Sombras Livre.
Christian e Ana estão numa etapa mais séria na relação. A vivência conjunta pode assegurar muitos momentos felizes mas igualmente alguns contratempos decorrentes da personalidade dominadora de Grey. Por muito que ame Anastasia, este terá sempre que assegurar o controlo. Estará Anastasia à altura de um compromisso com esta dimensão sabendo que terá que haver obrigatoriamente uma cedência de partes?
Confesso que durante as primeiras páginas do livro eu estava na dúvida se a história se iria desenvolver. Como estava enganada, é claro! Há uma reviravolta e a partir daí a trama direcciona-se para uma vertente de maior acção, com o poder da vingança à flor da pele. O romance e a sensualidade nunca são descurados no entanto, apesar de, nesta parte, tomarem menores proporções.
Sim, à semelhança dos dois livros precursores, o erotismo é patente e há uma clara evolução entre o casal. Este livro é quase como um exemplo de como uma relação entre um casal com a envergadura de um casamento, pode ser apimentada e apaixonada.
Ao contrário do que possam pensar, e apesar da seriedade da relação, a autora não se coíbe com as tendências BDSM, que continuam a pautar grande parte da sexualidade de Ana e Christian. O uso da linguagem com termos associados ao calão, continuam a estar presentes, bem como as aparições da deusa interior, embora com uma participação cada vez menos activa.
Achei interessante como a autora criou a personagem Grey. No fim do primeiro livro não o suportava, no segundo já o tolerava e neste já gostei! Isto porque Christian Grey vai mostrando um pouco de si. No segundo livro eram notórias as diferenças (embora com a questão do controlo bem saliente), com este livro um pouco mais do seu passado é revelado e o próprio Christian é levado a contar de livre vontade tais factos do passado. Por um lado, este secretismo por parte do protagonista masculino afastou-me de sentir empatia por ele mas por outro lado, numa combinação absolutamente simbiótica, adensou o mistério que pairava sobre ele.
Por outro lado, Anastasia ainda mostra a sua ingenuidade e o seu lado impulsivo faz com que haja desentendidos entre o casal. Mas lá está: diz o povo que a melhor forma de fazer as pazes é com sexo. Portanto o confronto de personalidades até faz algum sentido, de certa forma, atiça a paixão e a luxúria entre ambos.
A estrutura da narrativa é mantida, abordando os já conhecidos e-mails trocados entre o casal, que na minha perspectiva, dinamizam a acção, contribuindo para a fácil e rápida leitura do livro. E depois a própria abordagem de romance, faz com que o livro seja lido num ápice.
O desfecho deixou-me com uma sensação idêntica a "Ohhh mas já acabou?" Apenas uma pequena falha a apontar nesta fase do livro: a autora podia ter incidido mais num final para Mia e Ethan. Parece que depois do susto da sua vida, Mia desaparece de cena. Não foi por falta de páginas que isso terá ocorrido, afinal de contas este volume é o mais grandito da trilogia.
Para atenuar esta sensação acima descrita, a autora prepara dois aperitivos nas páginas finais. Um teaser é um capítulo triste, muito triste, do primeiro Natal de Christian enquanto menino adoptado por Carrick e Grace. O outro são dois capítulos que fazem-nos recuar ao primeiro livro mas com uma nuance: o narrador é agora Christian. Irá E.L. James reescrever a trilogia sob o ponto de vista dele?
Seja como for, a trilogia de Grey é indiscutivelmente um fenómeno actual. Penso que é impossível ser-se indiferente a estes livros: ou se gosta ou se odeia. Quanto a mim, confesso que gostei de ler esta trilogia, por transmitir sensações tão diferentes da leitura decorrente de um policial e foi pioneira para um género a qual estarei muito atenta doravante.