Jo Nesbø - O Redentor [Opinião]

Sinopse: Oslo. Noite gelada. Quem se deslocou ao centro para as últimas compras de Natal faz uma pausa numa movimentada praça para ouvir o concerto de rua do Exército de Salvação, mas um súbito estrépito cala a música e um homem cai no chão atingido por um tiro à queima roupa. O inspetor Harry Hole e a sua equipa têm pouco a que se agarrar para iniciar a investigação: não têm qualquer suspeito, não encontraram a arma do crime e desconhecem as motivações do criminoso. Mas é quando o assassino percebe que atingiu o homem errado que Harry Hole se começa a deparar com enigmas perturbadores. 

Depois de um perspicaz trabalho de investigação a equipa concentra-se num suspeito. Ferido, sem dinheiro, com seis balas apenas no carregador e sem sítio para dormir numa gelada cidade nórdica, o assassino desespera, mas nada o demove do seu único propósito: eliminar o seu alvo.

Opinião: Não é surpresa que sou fã de Jo Nesbo. Já li todos os livros publicados em português e sou daquelas fãs que aguarda incessantemente pelas próximas obras.

O Redentor precede A Estrela do Diabo, livro que li aquando a sua publicação há cerca de ano e meio, explicando o esquecimento de certos pormenores relativamente a algumas personagens. Estas acabam por ser o elo da saga protagonizada por Harry Hole. Embora se possa ler independentemente O Redentor, acho relevante a leitura prévia dos livros anteriores para acompanhar as vidas de Hole e do corpo policial. Constata-se novamente a independência dos casos e investigações que surgem a cada livro.

Realço uma vez mais a ordem dos livros: Pássaro de Peito Vermelho, Vingança a Sangue Frio, A Estrela do Diabo e finalmente o Redentor.

Em relação ao protagonista Harry Hole, já tive oportunidade de me expressar anteriormente. Luta contra o alcoolismo e a sua vida sentimental é algo instável. Ainda assim, o livro começa com um Hole sóbrio e determinado em deixar para trás o vício. Mesmo sendo uma espécie de anti-herói, acho que o protagonista tem uma linha de raciocínio que vai muito além da sabedoria convencional.

Um enredo brilhantemente tecido em torno de desejos de vingança reprimidos num panorama religioso. Afinal quem será o Redentor? Quem redime os outros dos pecados?

Extremamente envolvente em termos de história quer pela investigação, quer pelo desenlace das personagens (e ainda penso no Halvorsen... fiquei absolutamente chocada), a trama revela surpresas relativamente aos personagens bem como a própria investigação, que conta com bastantes reviravoltas.

Um dos aspectos típicos do autor, é a inclusão de conflitos estrangeiros para adicionar suspense e credibilidade às suas histórias. Neste caso em concreto, o autor debruça-se no conflito entre a Croácia e a Sérvia, as devastações da guerra e o seu impacto sobre o antagonista da história, tornando-o tão emocional quanto as personagens já nossas conhecidas. Este é de facto, um vilão inteligente que age com motivações.

O ponto de partida é sem dúvida, a rivalidade entre irmãos (um tema que por si só é fascinante) e a hierarquia dentro do Exército de Salvação com toda a controvérsia que pode existir nos jogos de poder nestas organizações.

Além disso, se a temática da vingança era recorrente nas histórias de Nesbo, volta a sê-lo em O Redentor.

Em suma, recomendo esta saga, a protagonizada por Harry Hole. Pura e simplesmente, não consigo eleger um livro que tenha sido o meu preferido pois considero esta série excelente e de forma constante. A meu ver, de uma qualidade bem superior ao livro já editado e independente da presente série, Caçadores de Cabeças.