Sinopse: Cruel a
morte do jovem Eddie Heath, invulgar o aparecimento das impressões digitais de
Ronnie Joe Waddell, um criminoso já há muito executado. Cruel, também, um
segundo crime, invulgar igualmente, o facto das principais suspeitas deste
último recairem sobre Kay Scarpetta, a vulnerável e perspicaz médica
patologista que protagoniza os romances de Patricia Cornwell. Uma obra premiada
com o Gold Dagger Award que traduz um novo pico qualitativo na carreira
literária desta autora. Audaciosamente inteligente!
Opinião: Estou a
ler por ordem a série protagonizada pela dra Kay Scarpetta, tendo já lido Post-Mortem, Corpo de Delito e Tudo o Que Resta. Cruel e Invulgar é o
quarto volume de uma série que está progressivamente melhor.
Já me expressei
anteriormente, no que respeita a estes livros, que o aspecto mais fascinante,
na minha opinião, é a forma como os procedimentos forenses estão detalhados
como se fosse um livro escrito na actualidade. Assim, é bastante usual as
terminologias associadas aos processos de autópsias ou a química que está por
detrás dos processos de decomposição de cadáveres. Daí que a componente da
investigação é deveras interessante dadas as bases científicas em que assenta
e acima de tudo, ver esta temática tão bem desmistificada face ao ano em que o livro foi escrito. Uma vez mais, visto que esta fórmula foi anteriormente usada
por Cornwell nos livros anteriores.
Um outro elemento capaz
de ferir as susceptibilidades do leitor é a execução de Waddell. Eu,
sinceramente, não consigo definir se sou contra ou a favor da pena de morte. No
entanto, os leitores que sejam contra, poderão sentir-se desconfortáveis com a
descrição sobre a pena capital. A trama releva a importância dos testes de
DNA para legitimamente condenar um criminoso não deixando de ensaiar o
pior cenário quando o resultado desta análise é, porventura, ambíguo.
Sendo uma saga, é
natural que haja alguns pormenores que se prendem essencialmente com a vida de
Scarpetta, explanados nos livros anteriores. A vida da protagonista continua a
ser explorada em simultâneo com o decorrer da investigação, debruçando-se sobre
a relação que mantém com a sua sobrinha agora adolescente.
No entanto, não me
recordo se a sua ajudante Susan Story apareceu nos livros anteriores. Certo é
que a sua quase fugaz aparição neste livro, deixa contornos irreversíveis e
inevitavelmente, acabou por ser uma personagem que muito me surpreendeu. Por
mera curiosidade li a sinopse em inglês e penso que é demasiado reveladora pois
revela precisamente o papel de Susan na trama, ao contrário do que acontece na
versão portuguesa, que se cinge ao fundamental da história, estando
inteligentemente escrita.
Como saga que é, o final
encerra toda a investigação de forma coerente. No entanto, ficam algumas pontas
soltas que certamente serão mais fundamentadas num livro posterior. Note-se que
a série protagonizada por Kay Scarpetta conta já com dezasseis livros, e tendo
eu lido as sinopses, à priori apresentam casos originais e certamente
cativantes como os quatro que já li.
Em suma, falar em
particular sobre Cruel e Invulgar é apenas uma amostra pouco significativa pois
toda a série demonstra uma grande qualidade. Tendo em conta que se iniciou nos
inícios dos anos 90, certamente que terá sido pioneira no género devido à
abundância de detalhes técnicos, aspecto já banal na literatura policial nos
dias de hoje. Não obstante, a vida pessoal de Scarpetta bem como a interacção
com as personagens secundárias e no presente caso com Susan Story, é no mínimo
fascinante. Este livro sem dúvida, superou o meu preferido que era precisamente
o anterior, Tudo o Que Resta, concluindo que esta é uma saga que está melhor de
livro para livro. Gostei mesmo muito!
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