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segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Patricia Cornwell - Cruel e Invulgar [Opinião]


Sinopse: Cruel a morte do jovem Eddie Heath, invulgar o aparecimento das impressões digitais de Ronnie Joe Waddell, um criminoso já há muito executado. Cruel, também, um segundo crime, invulgar igualmente, o facto das principais suspeitas deste último recairem sobre Kay Scarpetta, a vulnerável e perspicaz médica patologista que protagoniza os romances de Patricia Cornwell. Uma obra premiada com o Gold Dagger Award que traduz um novo pico qualitativo na carreira literária desta autora. Audaciosamente inteligente!

Opinião: Estou a ler por ordem a série protagonizada pela dra Kay Scarpetta, tendo já lido Post-MortemCorpo de Delito e Tudo o Que Resta. Cruel e Invulgar é o quarto volume de uma série que está progressivamente melhor.

Já me expressei anteriormente, no que respeita a estes livros, que o aspecto mais fascinante, na minha opinião, é a forma como os procedimentos forenses estão detalhados como se fosse um livro escrito na actualidade. Assim, é bastante usual as terminologias associadas aos processos de autópsias ou a química que está por detrás dos processos de decomposição de cadáveres. Daí que a componente da investigação é deveras interessante dadas as bases científicas em que assenta e acima de tudo, ver esta temática tão bem desmistificada face ao ano em que o livro foi escrito. Uma vez mais, visto que esta fórmula foi anteriormente usada por Cornwell nos livros anteriores.

Um outro elemento capaz de ferir as susceptibilidades do leitor é a execução de Waddell. Eu, sinceramente, não consigo definir se sou contra ou a favor da pena de morte. No entanto, os leitores que sejam contra, poderão sentir-se desconfortáveis com a descrição sobre a pena capital. A trama releva a importância dos testes de DNA para legitimamente condenar um criminoso não deixando de ensaiar o pior cenário quando o resultado desta análise é, porventura, ambíguo.

Sendo uma saga, é natural que haja alguns pormenores que se prendem essencialmente com a vida de Scarpetta, explanados nos livros anteriores. A vida da protagonista continua a ser explorada em simultâneo com o decorrer da investigação, debruçando-se sobre a relação que mantém com a sua sobrinha agora adolescente. 
No entanto, não me recordo se a sua ajudante Susan Story apareceu nos livros anteriores. Certo é que a sua quase fugaz aparição neste livro, deixa contornos irreversíveis e inevitavelmente, acabou por ser uma personagem que muito me surpreendeu. Por mera curiosidade li a sinopse em inglês e penso que é demasiado reveladora pois revela precisamente o papel de Susan na trama, ao contrário do que acontece na versão portuguesa, que se cinge ao fundamental da história, estando inteligentemente escrita.

Como saga que é, o final encerra toda a investigação de forma coerente. No entanto, ficam algumas pontas soltas que certamente serão mais fundamentadas num livro posterior. Note-se que a série protagonizada por Kay Scarpetta conta já com dezasseis livros, e tendo eu lido as sinopses, à priori apresentam casos originais e certamente cativantes como os quatro que já li.

Em suma, falar em particular sobre Cruel e Invulgar é apenas uma amostra pouco significativa pois toda a série demonstra uma grande qualidade. Tendo em conta que se iniciou nos inícios dos anos 90, certamente que terá sido pioneira no género devido à abundância de detalhes técnicos, aspecto já banal na literatura policial nos dias de hoje. Não obstante, a vida pessoal de Scarpetta bem como a interacção com as personagens secundárias e no presente caso com Susan Story, é no mínimo fascinante. Este livro sem dúvida, superou o meu preferido que era precisamente o anterior, Tudo o Que Resta, concluindo que esta é uma saga que está melhor de livro para livro. Gostei mesmo muito!


Para mais informações sobre o livro Cruel e Invulgar, clique aqui.






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