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domingo, 18 de maio de 2014

A.S.A Harrison - A Mulher Silenciosa [Opinião]


Sinopse: AQUI

Opinião: Confesso que, ao colocar este livro na minha wishlist, estava algo céptica. A sinopse (e até mesmo a capa, com cabelos esvoaçando) sugeriam uma versão do livro Gone Girl de Gilian Flynn. Contudo, finda esta leitura, constatei que os receios eram infundados. A Mulher Silenciosa foca-se de facto num casal, embora a interacção deste, bem como o desenvolvimento da trama, assumem contornos diferentes.
Além do aspecto óbvio. a formulação de um thriller que gira em torno de um casal à partida disfuncional, denotei uma semelhança na forma como a narrativa se desenvolve, sob a forma de capítulos intercalados entre a perspectiva de Todd Gilbert e de Jodi Brett. Ainda sobre a estrutura do presente livro, no decorrer da leitura, constatei que este apresenta poucos diálogos (que na minha opinião dinamizam a leitura). Não foi por isso que esta foi mais morosa, antes pelo contrário, em dois dias o livro estava lido.

A temática abordada é a dissolução de um casamento (neste caso seria uma união de facto, que só não tem as implicações legais quando termina, ao contrário do divórcio que oferece alguma segurança no que diz respeito à separação de bens) e acima de tudo, o desespero que o final da relação pode trazer a um dos cônjugues. Aqui, qualquer um de nós em prole de salvar uma relação, pode agir para além do racional. E eu gostei de ver explorados esses limites que quase roçam a loucura.

Apesar de A Mulher Silenciosa estar catalogado como um thriller, não creio que este seja o género predominante. Diria que os primeiros dois terços do filme recaem sobre o comportamento de Todd, assumidamente infiel e as atitudes conformistas de Jodi face a estas condutas. Uma relação em que se instalou a monotonia, portanto. O caso complica quando Todd engravida Natasha Kovacs, a filha do seu melhor amigo.
Com excepção da parte final, em que se regista uma reviravolta e a polícia é obrigada a intervir, a narrativa mantém um registo dramático e ao mesmo tempo intrigante, deixando-me constantemente curiosa em saber o que viria aí.

A trama rege-se muito através do ramo da Psicologia, área na qual Jodi é expert. Ao que parece A.S.A. Harrison também o era e consegue descortinar uma série de fenómenos psicológicos traduzindo-se em passagens de conteúdo bastante interessante uma vez que também eu me interesso pela área em questão.
Gostei das personagens e do facto de não haver um vilão em concreto. Sinceramente nem consigo dizer o que gosto menos: se de homens mulherengos que nem sequer sofrem de problemas de consciência ou das mulheres que se acomodam e conformam com estas situações.

Infelizmente A.S.A. Harrison faleceu no ano passado, deixando inacabado o seu romance posterior, o que se traduz numa perda de um talento na escrita. Deixou para a posterioridade A Mulher Silenciosa, um livro indubitavelmente  bem escrito e que mantém o interesse do leitor desde o início. Apesar de especular sobre os trâmites da loucura e o racional, não deixo de apontar uma valiosa lição que está implícita no livro: a forma como os anos em vida comum podem fazer com que os elementos do casal se desleixem.

Por ter poucas páginas, não encontrei passagens supérfluas, o que se traduziu numa rápida leitura. O que me desiludiu foi o facto de não ter um ambiente noir quanto esperava. Ainda assim, gostei! 







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