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sábado, 12 de julho de 2014

Lindsey Davis - A Informadora [Opinião]


Sinopse: AQUI

Opinião por Ricardo Grosso: Assim como no antigo Egipto as mulheres tinham um papel preponderante na sociedade, podendo inclusive ser gestoras de negócios ou assumir o papel de chefes de família, já na Grécia antiga as mulheres estavam arredadas da vida civil e política e confinadas a uma parte das suas casas, denominada giniceu (do Grego antigo gynaikeion ou γυναικείον) destinada exclusivamente às mulheres, onde as mesmas passavam os seus dias a cuidar dos seus lavores, bem como das crianças até aos 7 anos de idade.

Tradicionalmente, a realidade das mulheres na Roma antiga não era muito diferente da das mulheres gregas, todavia, à medida que o Império Romano se foi alargando foi recebendo influências de outras civilizações com as consequentes alterações ao nível das mentalidades e das relações entre os géneros.

É nesse contexto de uma Roma já imperial que Lindsey Davis nos oferece esta narrativa apresentando-nos Flávia Albia, uma mulher romana (embora de origens obscuras) que ganha a vida como informadora, ou seja, alguém que investiga casos numa esfera privada, praticamente comparável ao trabalho desenvolvido pelos actuais detectives particulares. Uma obra que nos é trazida, na edição portuguesa, pela Editora ASA.

A autora, licenciada em literatura inglesa pela Universidade de Oxford, tem já vários romances históricos publicados tendo como pano de fundo a antiga Roma e as investigações levadas a cabo pelo informador Marco Didio Falco. Desta feita a protagonista é Flávia a filha de Falco. Confesso que este foi o primeiro livro que li desta autora, tendo ficado curioso relativamente a outras obras do cânone de Lindsey Davis.

Poder-se-á dizer que não é a obra mais fácil para quem está interessado em enveredar, pela primeira vez, no romance histórico, dadas as descrições algo extensas da cidade de Roma, sobretudo do monte Aventino, facto que pode dar a irritante sensação de quebra no ritmo da narrativa. De um modo geral, os romances históricos são sempre muito descritivos, facto que poderá ser explicado como uma tentativa de transportar o leitor para o ambiente narrativo, contudo, essas mesmas descrições, facilmente correm o risco de se tornar fastidiosas, sobretudo para quem não possui alguma bagagem cultural de História.

Mesmo para mim que sou formado em História e para quem todo o ambiente da Roma antiga não é totalmente desconhecido, confesso que nas descrições das ruas e edifícios públicos fiquei com vontade de ler na diagonal para voltar à acção propriamente dita.

Posto isto, a trama pode ser resumida de uma forma muito simples. Um número de mortes inexplicáveis aumenta significativamente em Roma em vésperas das festividades dedicadas à deusa Ceres (deusa romana da agricultura, da vegetação e também associada à maternidade). Flávia Álbia, começa por investigar por conta própria, mas dada a sua condição feminina, muitas das vezes terá que impor o seu estatuto junto das autoridades romanas. À medida que as mortes se vão sucedendo e a protagonista vai juntando as pistas, começa a ser um pouco óbvio qual o desfecho.

Posso afirmar sem prosápia que a partir do último terço do livro já é possível dar por nós a antecipar o desfecho da acção. Um ponto positivo vai para um twist nas derradeiras páginas que nos pode fazer dar uma palmada na testa e exclamar “Ah! Como é que eu não percebi isto?”

Em resumo é uma narrativa ligeira apenas dificultada pelas partes descritivas, conforme já referido, e que nos pode fazer soltar uma ou outra gargalhada derivada do sarcasmo da protagonista.


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