Páginas

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Carina Bergfeldt - Quando o Ódio Matar [Opinião]


Sinopse: AQUI

Opinião: Escrito por uma jornalista galardoada com um prémio na área, não é de estranhar a fórmula usada por Carina Bergfeldt para contar esta história, recorrendo a alguns "recortes de jornal", como se de pequenas notícias se tratassem, intercalados em flashbacks e a acção na actualidade. Na minha opinião, estes "recortes de jornal" dão um aspecto convincente à trama e senti-me como se estivesse a acompanhar as investigações na actualidade.

Na realidade este livro é diferente dos que tenho lido ultimamente. Não existem muitos suspeitos, apenas três mulheres e uma delas tem como desígnio matar o seu pai. Grande parte do enredo centra-se na formulação deste plano, omitindo sempre a identidade da presumível homicida. Esta mulher, apesar de ter programado um crime, não é de todo uma vilã. À medida que o leitor folheia o livro, depara-se com inúmeras analepses que remotam a muitos anos atrás, ainda ela era uma criança, e participa numa série de rituais que o pai tinha para com os filhos, pejados de violência psicológica. Tornam-se passagens duras e altamente justificáveis para a motivação desta mulher, uma vez que a convivência com o pai moldou-lhe a autoestima e a forma como se relaciona socialmente. Desta forma, é enfatizada uma forte crítica sobre a passividade da sociedade perante a violência doméstica.

Em simultâneo, decorre a investigação da morte de Elizabeth, uma dona de casa que desaparecera dois meses antes. São destacadas para a investigação três personagens femininas: Ing-Marie Andersson, Julia Almliden e Anna Eiler. Evidentemente que estas serão as suspeitas, pelo que a informação sobre estas mulheres é limitada. Ainda assim, pela vivência sofrida de uma delas, as personagens acabam por criar empatia com o leitor.
Senti-me atraída pelas duas tramas. Na minha opinião, a consolidação do plano de matar o pai foi tão interessante quanto acompanhar as três mulheres na investigação da morte de Elizabeth. 

Um outro aspecto que apreciei no livro foi a alusão a uma das minhas séries preferidas, Dexter. Muitas outras séries policiais foram referidas, mas a protagonista quis sentir-se na pele do conhecido psicopata: assassinar alguém que não tem grande importância na sociedade e sair-se impune.
Se por um lado fiquei agradada com as referências a uma série que aprecio de sobremaneira, por outro lado acabei por me sentir algo defraudada quando me apercebi que a autora se baseou demasiado no enredo das histórias de Jeff Lindsey.

Em parte thriller psicológico de grande fardo, em parte policial com uma interessante investigação criminal, Quando o Ódio Matar é um livro inteligente, arrepiante e arrebatador organizado numa abordagem diferente. Prendeu-me até à última página! Gostei muito!


Sem comentários:

Enviar um comentário