Páginas

domingo, 1 de fevereiro de 2015

Robert Galbraith - O Bicho da Seda [Opinião]


Sinopse: AQUI

Opinião: Começo a minha opinião justamente por referir que, embora não desgoste dos policiais clássicos, prefiro os thrillers mais gráficos. Portanto, e posto isto, devo confessar que Quando o Cuco Chama, o primeiro livro de Robert Galbraith, foi um livro que não ficou na memória. Recordo-me dos poucos detalhes da morte de Lula Landry (embora a presente obra volte a referir alguns aspectos, sem entrar em detalhe). Ainda assim, estava curiosa com O Bicho da Seda.

Na minha opinião, esta obra supera a antecessora. Isto porque o crime em questão é bastante mais gráfico (e atende às minhas preferências que referi no ponto acima). Simplesmente não queria acreditar que fora J.K. Rowling, a autora dos livros infantis Harry Potter, a descrever uma cena tão hedionda como o estado do cadáver de Quine.

Por outro lado, adorei o desenvolvimento desta trama que se centra no meio literário. Ora eu como livrólica assumida, apreciei deveras as interacções que se geram entre escritores (que julgo serem verossímeis) e as intrigas que surgem entre os autores veteranos e os meros aspirantes a escritores. Já para não falar dos agentes literários e os editores e um consequente choque de egos. O leque de suspeitos da morte de Owen Quine, um escritor controverso é assim bastante alargado. A trama adensa-se quando nos apercebemos que a sua futura obra, Bombyx mori, escrita sob inúmeras metáforas e pejada de sarcasmo, contém muitas informações comprometedoras sobre o círculo de pessoas que rodeia o escritor.

Se há magia que é transversal nos livros de J. K. Rowling (e não é excepção na vertente de Robert Galbraith) é a caracterização das personagens. Quem leu o romance Quando o Cuco Chama, sabe que Cormoran Strike é veterano de guerra, tendo ficado estropiado na guerra do Afeganistão. A autora faz com que não seja necessário ler o romance antecessor para conhecer mais a fundo a personagem, esta está bem conseguida na presente obra. Julgo até que neste livro, está mais desenvolvida a componente afectiva de Cormoran Strike, personagem ainda amargurada pelo final da sua relação com Charlotte. Por outro lado, Robin ultima os preparativos do seu casamento mas o seu relacionamento está numa fase algo instável. 
Se no livro anterior, Cormoran é claramente o protagonista, penso que na presente obra, este papel é partilhado pelo detective e por Robin, que participa mais activamente na resolução do seguinte caso. E gostei imenso de ver esta dedicação por parte da personagem!

O ritmo da trama é algo moroso, relembrando-nos constantemente da fórmula do classicismo policial britânico. Com excepção do trato do cadáver, demasiado gráfico para se inserir nesta fórmula. Ainda assim, penso que a narrativa traz sempre aspectos novos não só relacionados com a investigação como referentes às vidas pessoais de Robin e Cormoran ou sobre suspeitos da morte de Quine.

Em suma, e comparativamente com o Quando o Cuco Chama, O Bicho-da-Seda é claramente um livro mais sombrio. Galbraith mostrou ser mais audaz no que respeita ao crime, tendo arquitectado uma trama ainda mais sólida e complexa. Além disso, parece-me que o autor moderniza o conhecido policial clássico, de uma forma exímia.

Com esta obra, O Bicho-da-Seda, posso afirmar com toda a certeza que me rendi à autora J. K. Rowling. Se não achou grande piada ao livro antecessor, acredito francamente que, à semelhança do que me aconteceu, se tornará fã da autora com o presente título.  

Para mais informações sobre a Editorial Presença, clique aqui
Para mais informações sobre o livro O Bicho-da-Seda, clique aqui


1 comentário:

  1. Olá!

    Só comecei a gostar de ler policiais há pouco tempo, mas a partir dessa altura quero sempre ler mais. Estes dois ainda não li. Vi várias opinião sobre o "Quando o Cuco chama" e não conseguiu convencer-me. Talvez um dia leia.

    Beijinhos e boas leituras!

    ResponderEliminar