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quarta-feira, 17 de junho de 2015

Peter May - Um Homem Sem Passado [Opinião]

Sinopse: AQUI

Opinião: No início deste ano li A Casa Negra, um thriller que se destaca pela caracterização psicológica exímia das personagens. Assim que terminei a leitura, suscitou-me a curiosidade em ler os demais da trilogia e eis que soube, nessa altura, que a continuação iria ser publicada neste mesmo ano. Não tardou para que tivesse nas mãos Um Homem Sem Passado.
Fiquei maravilhada! Se já gostara de A Casa Negra, fiquei assombrada com a presente obra. A sensação com que fiquei é que estou perante um caso em que as sequelas superam os livros antecedentes.

Fascinou-me mais a forma como se desenvolve este caso do que propriamente a investigação que teve lugar no livro anterior. Afinal de contas, a presente obra inicia-se com a descoberta de um corpo na turfa e é imediatamente sujeito a vários testes de diagnóstico. Como já devem ter percebido, interessa-me muito a componente processual de cadáveres, pelo que considerei a premissa (e o próprio desenvolvimento deste caso) mais interessantes do que a obra antecessora, que relembrando, esteve em torno da morte de Angel.

E a trama tornou-se mais intrigante na medida em que há uma semelhança do ADN do corpo e do pai de Marsaili, sugerindo um grau de parentesco. Tormod acaba, desta forma, por ter um papel mais flagrante na história ainda com uma particularidade: há uma diluição das memórias da personagem.
E de facto, um dos aspectos que mais gostei nesta obra foi a caracterização profunda das personagens, como aliás já acontecera com A Casa Negra. Não obstante, creio que no presente livro, envolvi-me ainda mais com as mesmas e a razão deve-se sobretudo ao trato da demência, de forma deveras credível. Impressiona-me muito a degeneração do ser humano.
Por outro lado, creio que o protagonista está mais consistente. Conheci Finn pejado de fantasmas do passado, contudo pareceu-me, nesta obra, que este está mais resolvido consigo próprio.

À semelhança do livro anterior, penso que também esta história clama por um mapa da ilha escocesa de Lewis para poder percorrê-lo consoante as descrições dos vários locais. Os cenários são, sem dúvida, extremamente bem descritos, coadunando-se com a envolvente história de uma comunidade fechada sobre si mesma. Portanto, é uma história que se prima não só pela descrição das paisagens como pelos falsos moralismos tão próprios de uma sociedade deste género e acima de tudo fazendo uma subtil crítica à fé e à religião nestes locais.

Um Homem Sem Passado é uma história deveras inteligente contada sob uma alternância de duas subnarrativas, uma no passado e outra actualmente. O entrelaçar das duas histórias suscita algumas duvidas mas não há nada como uma resolução interessante e credível no final. Aliás, creio que o desfecho foi algo melodramático. No entanto e globalmente, a leitura deste livro apela ao derradeiro volume da trilogia. Espero que a Marcador seja célere com tal publicação!

Tratando-se, portanto, de uma história bastante envolvente onde mergulhamos no âmago das personagens, diria que Um Homem Sem Passado é um thriller que anda de mãos dadas com o dramatismo. Gostei mesmo muito!

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