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quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Paulo Reis - Operação Negócios Privados [Opinião]


Sinopse: Pedro Baltazar, o Velho, como é conhecido nos meios da secreta, tem contas antigas a ajustar com a verdade. Mas hoje, a verdade esconde-se de tantas maneiras, e sob tantas camadas de informação cuidadosamente injectada, que parece impossível sequer de localizar.
Desde a operação em curso às ramificações do fundamentalismo islâmico que actua em Portugal, à «toupeira» a que é preciso dar caça dentro dos próprios Serviços de Segurança e Informação, o Velho é posto à prova em várias direcções.
Até o polvo da alta finança, que domina por completo políticos e jornalistas - e logo a «realidade» que nos é servida -, vem requerer os seus serviços, na pessoa do Dr. Hansen, impecável representante da Fundação Reflectir Portugal, fachada do Grupo Privado de Negócios, fachada, por sua vez, dos donos de todos nós… 

Opinião do Ricardo: Operação Negócios Privados poder-se-á considerar como um thriller político com espionagem à mistura e o autor é Paulo Reis, um português nascido em Angola com uma carreira de jornalista feita sobretudo no território de Macau. 

Logo desde o início da narrativa travamos conhecimento com o protagonista, Pedro Baltazar, um agente dos Serviços de Segurança e Informação cuja alcunha “o Velho” subentende que se trata de um agente muito experiente. A trama desenrola-se então a partir de um encontro do protagonista com o Dr. Hansen, uma figura ligada aos meandros do poder político e económico. Nesse encontro é pedido a Pedro Baltazar que efectue uma investigação a título particular com o intuito de impedir um iminente escândalo político.

Ao aprofundar essa investigação privada, Pedro Baltazar vai então levantar o véu sobre uma intrincada teia de intrigas políticas e espionagem com ramificações em Portugal, Angola, China e Tailândia. A sua investigação trará também reminiscências dos seus tempos de operacional no território de Macau antes de 1999. Simultaneamente, o protagonista vai também efectuando várias outras operações relacionadas com eventuais ameaças terroristas, quer com a descoberta de “toupeiras”, ou seja, informadores no interior dos próprios serviços secretos.

O facto de o protagonista não ter mãos a medir, tratando de vários casos ao mesmo tempo, contribui para o enriquecimento da narrativa, mantendo-a, desse modo, num ritmo elevado e fixando o leitor à trama, impedindo que haja momentos mortos, sendo esse o aspecto mais positivo que se retira da leitura da presente obra pois tratando-se de um livro pouco denso (apenas 248 págs.) há sempre algo a acontecer.

Embora possamos duvidar da personalidade dúbia do protagonista, acabamos por ser agradavelmente surpreendidos com a sua inteligência e perspicácia, embora o facto de se tratar de um homem já maduro e experiente pode não cativar os leitores mais jovens.

Um ponto menos positivo para quase inexistência de personagens femininos, sendo Júlia, a secretária do director dos Serviços de Informação, uma das raras excepções. Parecendo inicialmente uma personagem secundária, vamos, aos poucos, percebendo que Júlia tem uma personalidade muito forte e uma tremenda argúcia, ao ponto de pensarmos que é ela quem controla, efectivamente, os serviços.

Em suma: Trata-se de uma leitura intrigante e movimentada que certamente não desapontará os apreciadores deste género literário.


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