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sábado, 30 de julho de 2016

Kanae Minato - Confissões [Opinião]


Sinopse: AQUI

Opinião: Li Confissões ontem, em pouquíssimas horas. Terminei já era de madrugada e a história entranhou-se de tal forma que me impediu de adormecer de imediato. Hoje tenho tido a trama muito presente no pensamento. Muito dificilmente um livro tem este efeito em mim mas sinto-me mesmo impressionada. Vou explicar-vos porquê, sem desvendar nada da história.

Como a sinopse explicita, Confissões fala sobre uma professora cuja filha de quatro anos foi morta por um dos seus alunos. Ela agora pretende vingar-se. 
A vingança é um tema até recorrente na literatura mas a forma como esta é levada a cabo nesta trama é inqualificável. Não há como definir tamanha atrocidade e que ao mesmo tempo, nos impele a pensar no valor da vida.

A autora começa por explicar, logo no primeiro capítulo narrado pela professora, como é o sistema educativo no Japão, cujas responsabilidades dos professores pareceram-me mais acrescidas que por cá. Para quem trabalha na área da educação como eu, reconhece aqui alguns tópicos interessantes nomeadamente a desresponsabilização de crimes quando se é menor. É polémico e precisava de ser seriamente pensada a forma como são penalizados os jovens que incorrem em delitos, sejam eles de que natureza for.
Segue-se uma explicação detalhada do crime, o qual me sensibilizou pois estamos a falar de um homicídio qualificado de uma menina de apenas quatro anos. Impressionaram-me os contornos deste assassínio, demonstrando um calculismo desmesurado para um jovem que está no 7º ano (presumo que o nível de escolaridade japonês seja equivalente ao de cá).

A forma como o livro está estruturado é bastante interessante. Cada capítulo é narrado por uma personagem diferente. Assim, o leitor acompanha as diferentes perspectivas de cinco personagens: a professora, a mãe de um aluno e três alunos. Achei particularmente interessantes os testemunhos da professora e da mãe embora me tivessem impressionado muito aqueles alunos sociopatas, demonstrando consequências avassaladoras da minuciosa vingança da professora. O culminar da mesma, na última página, é simplesmente sem palavras.

Foi com Confissões que me estreei na literatura japonesa (não, eu nunca li nada de Haruki Murakami, provavelmente o autor japonês com maior destaque no nosso país). Achei que, associado a este facto, a retenção dos nomes das personagens foi de uma dificuldade acrescida.

Não sou grande fã de cinema asiático (já tinha tentado até ver este filme), mas denoto que há uma tendência bastante particular no terror oriental (a minha parca experiência resume-se aos Ringu, Ju-On e Águas Passadas) e que se reflecte também neste livro, um cenário pesado, sombrio de contornos psicologicamente perturbadores. À medida que entrava na história mais a repulsa tomava conta de mim. Um sentimento que teima em não sair assim que penso na trama.

Em suma, Confissões são 200 páginas de puro terror. Dos livros que se tornaram inesquecíveis, tenho a certeza!


3 comentários:

  1. Desisto de ler o ssu blog...ehehehe nao tenho orcamento para tanto!!! Fico hiper curiosa!! Tambem trabalho com jovens e criancas e nao e facil. Vou colocar este na lista de prioridades deoois de receber o IRS. Beijinhos.

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    1. hahaha Não desista! Há livros especiais, este é um deles :) Verdade, nada fácil mesmo... há que ter uma dose excessiva de bom senso enfim. Espero que receba o IRS bem rápido ehehe Um grande beijinho e boas leituras!

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  2. Eu gostei imenso deste livro. Dei-lhe 4 estrelas ;)

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