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segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

S. K. Tremayne - A Criança de Fogo [Opinião]

Sinopse: AQUI

Opinião: É numa atmosfera sombria e isolada que se desenrola a acção de A Criança de Fogo. A história narra a vida de Rachel Daly agora que é casada com um homem rico e viúvo, com um filho. Inicialmente apercebemo-nos de que a interacção com o enteado, Jamie, é pautada por acontecimentos estranhos, uma vez que a criança perdera a mãe num acidente trágico e parece ter algumas premonições no que concerne ao futuro da madrasta, conferindo um clima tenso e de suspense. Efeito intensificado, no meu entender, devido a outros dois aspectos: o primeiro relacionado com a brevidade em que os dois se conhecem e se relacionam, remetendo este thriller a outros, de cariz mais psicológico e que se entrosam com o drama familiar do casal.

O segundo relaciona-se com as premonições de Jamie. Este, repetidamente, amaldiçoa a madrasta, marcando-a para morrer no Natal. Estas pragas, acompanhadas de acontecimentos estranhos, acabam por desencadear reacções por parte de Rachel instalando-se a dúvida: a que deverão estes comportamentos? Terá sido a morte da mãe a impulsionadora de atitudes estranhas por parte de Jamie? Ou serão apenas alucinações de Rachel que conduzem a criança a demonstrar condutas menos próprias?

Tal como As Gémeas de Gelo, inicialmente, a sensação é que a história terá laivos de sobrenatural. Há diversas referências à possibilidade de que os acontecimentos tenham como força motriz, o fantasma de Nina, a mãe do menino. Confesso que não sou grande fã de fenómenos paranormais, quer em literatura quer em cinema, mas à semelhança da obra antecessora, este ingrediente confere um aspecto diferente nas histórias que costumo ler. E também este ingrediente intensifica a componente de terror. É uma história, por isso, muito sombria.

Gostei da forma como a trama é narrada, quer na primeira pessoa, sob a perspectiva de Rachel, permitindo-nos saber os seus pensamentos mais íntimos. Intercala com capítulos narrados por um narrador omnisciente, que foca a acção em David e na criança. A história desenrola-se em gradação decrescente para o Natal, altura em que se irá cumprir a profecia preconizada por Jamie. Creio que foi uma forma assaz inteligente de relatar os eventos da história.

Apesar de ter gostado muito da história, do suspense da mesma e do ambiente sombrio onde esta tem lugar, devo confessar que esperava um desfecho à medida. Contudo, e ainda que este seja verossímil e lógico, achei-o um pouco apressado. Pessoalmente ter-me-ia alongado nos acontecimentos daquela noite de Natal. Afinal de contas, toda a trama tinha como grande enfoque essa época.

Em global, este é, na minha opinião, um excelente livro composto por sensações de sobrenatural e um cenário obscuro, ilustrado por algumas imagens que separam os capítulos. A trama é psicologicamente complexa, tal como eu gosto. Já gostara muito de As Gémeas de Gelo, mas creio que A Criança de Fogo é ainda melhor!


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