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segunda-feira, 10 de abril de 2017

Israel Zangwill - O Grande Mistério de Bow [Opinião]

Sinopse: AQUI

Opinião: Ler um clássico policial associa, para mim, algo de reconfortante. Pode estar relacionado com as minhas mais antigas memórias de infância onde está presente a minha avó. Ela lia imensos livros da colecção Vampiro Gigante madrugada adentro. Pergunto-me o que ela acharia do Raymond Chandler, Agatha Christie ou outros vultos da literatura policial. Era demasiado criança para ter essa percepção. Como gostaria de trocar algumas impressões com ela sobre estes livros...
Por isso, gostaria seriamente de enraizar este hábito: o de ler um clássico com mais frequência.

Este nome em particular, Israel Zangwill, era desconhecido para mim. Contudo o tema, o crime num quarto fechado, desperta um grande interesse. Esta temática é tão pertinente que alguns entendidos têm como ramificação da literatura policial a chamada 'Crime num quarto fechado'. O pioneiro terá sido a afamada obra 'Os Crimes da Rua Morgue' que, curiosamente, é mencionada e spoilada no presente livro. Portanto, se pretendem ler a história de Edgar Allan Poe, sugiro que o façam antes da leitura de O Grande Mistério de Bow.

O que mais me fascinou nesta história foi o ter sido transportada para o final do século XIX, e defrontar-me com os seus hábitos e costumes, caídos em desuso na sociedade actual. Por exemplo, o facto dos jovens solteiros viverem numa pensão lembrou-me até o filme português O Pai Tirano. Rapidamente se criava um ambiente familiar entre a responsável da pensão e os hóspedes, algo que vejo inviável nos dias de hoje na medida em que se estabeleceu a ideia de que o expectável é que o homem tenha a sua casa própria.

Outro facto de que gostei foi do livro conter poucas páginas e não se alongar mais do que esmiuçar as relações entre os moradores da pensão e o crime propriamente dito. Mais uma vez encontrei uma descrição contida e ao mesmo tempo pormenorizada de um homicídio, uma forma muito característica da escola clássica policial, em que a descrição não ousa chocar o leitor.
Portanto é um livro que se lê num ápice e que contém um mistério muito interessante e que valerá a pena ser descoberto. Até porque um crime num quarto fechado representa, a meu ver, uma configuração algo estimulante. No decorrer da leitura pensava nas várias soluções para se conseguir entrar na divisão sem que seja detectado e levar o crime avante.

Estamos, portanto, perante de um livro curioso e convidativo à sua apreciação. Consigo entender o fascínio por estes clássicos policiais que terão, certamente, sido revolucionários aquando a primeira publicação. Reforço que o crime num quarto fechado é desafiante. Deu-me um certo prazer viajar para a sociedade londrina na época vitoriana e desvendar este crime sem no entanto sair do sofá. Gostei.

1 comentário:

  1. Acabei de o ler no meio de uma ressaca literária, demorou um bocado. Mas é um óptimo entretém é numa altura normal lê-se num par de dias ou menos. Gostei bastante e achei a reviravolta final soberba. Bem que podia dar voltas ao cérebro que nunca descobriria.

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