Sinopse: Violet Markey vive para o futuro e conta os dias que faltam para acabar a escola e poder fugir da cidade onde mora e da dor que a consome pela morte da irmã. Theodore Finch é o rapaz estranho da escola, obcecado com a própria morte, em sofrimento com uma depressão profunda. Uma lição de vida comovente sobre uma rapariga que aprende a viver graças a um rapaz que quer morrer. Uma história de amor redentora.
Opinião: Não costumo, como sabem, enveredar por literatura deste género mas estou no desafio do Book Bingo e uma das categorias é, precisamente, ler um YA. Quis fazer já linha, daí ter optado ler Fala-me de um Dia Perfeito, um livro que fez furor aquando o seu lançamento.
Sou imberbe no que concerne a este género mas já consegui identificar um aspecto recorrente no YA: a abordagem de temas sensíveis, experienciados nesta faixa etária. Creio não ser surpresa, este aborda então o suicídio na adolescência. O leitor depara-se, logo nas primeiras páginas, deste flagelo que está explícito na sinopse, crendo portanto, não estar a desvendar de imediato algo pertinente sobre a história. Não obstante crer que, ao longo do desenvolvimento da história, este tema desvanece dando lugar ao processo de luto, vivido pela protagonista feminina, Violet.
Quanto ao protagonista masculino, Theodore, este sofre com depressão, uma doença que vejo ser subvalorizada, ainda nos dias de hoje.
Este é, indubitavelmente, um livro muito bonito e aborda as temáticas supra-referidas com um trato sério, não obstante ter gostado de ver um maior desenvolvimento nestas. Creio que, a certo ponto, a trama começa a debruçar-se mais sobre a relação de Finch e Violet e na interacção destes no meio escolar, uma realidade que, no auge dos meus 30s, me faz sentir um pouco desenquadrada.
Poderei confidenciar que estava a pensar que a trama seria mais pesada e deprimente, percepções que se intensificaram no início e desfecho do enredo.
Contudo, pelo tom dramático com que as personagens são definidas, Violet com o luto e Finch pelas doenças mentais, as personagens pareceram-me um pouco mais adultas e agradou-me ver essa maturidade, característica esta que os destaca de serem apenas miúdos.
Um aspecto que não achei verosímil, embora esta minha percepção entronque numa questão cultural: os pais de Violet pareceram-me demasiado estáveis para quem perdeu uma filha. Agiam de forma tão normal que, nas primeiras páginas, até coloquei em causa se a rapariga morta era mesmo irmã e não apenas uma amiga da protagonista.
Como referi anteriormente, no que concerne ao desfecho, achei-o bastante intenso mas não posso deixar-me de me sentir pouco surpreendida com a forma como o livro termina. Creio que o final é muito previsível mas agora que reflicto nisso, não poderia deixar de o ser, a fim de acentuar mais a mensagem e essência da trama. Emocionei-me muito na recta final da obra, é inevitável que nos sintamos assoberbados com a carga dramática da história.
Na minha óptica, é um livro que entretém e que nos convida a reflectir sobre a temática do suicídio juvenil, um tema que, pessoalmente, não vejo ser abordado com frequência a nível nacional. E adianto que, normalmente, tende-se a dissociar estas chamadas de atenção dos adolescentes de questões do foro de saúde mental, pelo que, há que ser mais conscienciosos com esta faixa etária.
Ainda que o YA não seja de todo a minha praia, foi um livro que apreciei e retirei alguns ensinamentos. Para quem trabalha com jovens, é sempre mais uma oportunidade de revisitar aquele mundo para tirar algumas ilações de vida pertinentes, como a que é apresentada aqui.