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quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Darcey Bell - Um Pequeno Favor [Opinião]

Sinopse: AQUI

Opinião: Um Pequeno Favor é o romance de estreia de Darcey Bell. Inicialmente considerei-o bastante similar ao afamado Gone Girl. Esta minha percepção mais imediata prendeu-se essencialmente com dois factores: o de construção de personagens detestáveis e o desaparecimento de uma personagem feminina com um papel preponderante na trama.

Creio que, a par da trama com elementos bizarros, o ingrediente mais delicioso deste livro é, sem dúvida, as personagens.
Aparentemente nenhuma delas têm carácter de herói, o que muito me agrada. Confesso que personagens sem escrúpulos me regozijam. Mas esta é, como se podem aperceber, uma percepção muito pessoal. Sei que este tipo de personagens pode condicionar o leitor a não gostar da obra, por não haver empatia.

Uma das particularidades que creio ter funcionado bem é o círculo restrito de personagens cujo protagonismo é disputado por três: Stephanie, Emily e Sean. Stephanie, a blogger, divaga sobre as várias considerações sobre a maternidade e lifestyle no seu blogue. Os variadíssimos posts nada têm a ver com a realidade: à medida que vão sendo revelados os seus segredos, senti-me engolida naquela teia de mentiras, algumas com um carácter deveras excêntrico. Sentindo-me cada vez mais intrigada, devo contar-vos que este livro foi lido em pouco mais de um dia. 

A obra, que se estrutura em três partes, permitiu aperceber-me da percepção das três personagens principais. Ainda que não tenha sentido uma particular afinidade com as entradas no blogue de Stephanie (interesso-me particularmente pela blogosfera literária), devo dizer que foi nesta parte que me senti verdadeiramente surpreendida com a trama. À medida que esta desenvolve, a meu ver, vai perdendo o fulgor, embora o meu interesse teimava em não desvanecer. Considerei que, na recta final, a previsibilidade vai tomando conta da trama.

Não gostei particularmente do final (nem creio que tenha sido surpreendente) mas agora que reflicto sobre o livro, era o desfecho que mais fazia sentido. É que, ao longo da história, vamos encontrando várias referências às obras de Patrícia Highsmith, a criadora do psicopata Tom Ripley. E creio que este terá servido de inspiração para caracterizar uma personagem em particular. E pensando como Ripley, aquele final é perfeito!
Achei curioso a menção de dois filmes, Diabolique e Peeping Tom, este último já vi e julgo que é bastante inovador para a época. Quanto à obsessão de Emily por filmes de terror ou livros do thriller, estou em querer que seja para acentuar a sua sociopatia/psicopatia mas por favor, não generalizemos... é que eu própria também sou obcecada pelos mesmíssimos géneros e sou perfeitamente sã!

Na minha opinião, e pesando os pontos positivos/negativos, creio que estamos perante uma obra bem-conseguida, especialmente se tivermos em conta que este é o livro de estreia da autora.
De leitura ávida, proporcionou-me horas bem agradáveis de leitura. Para fãs de personagens maradas, acho que não devem perder este Um Pequeno Favor. 


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