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terça-feira, 14 de agosto de 2018

Seth C. Adams - O Cobrador [Opinião]


Sinopse: AQUI

Opinião: Um livro recomendado aos fãs da série Stranger Things e dos livros IT e O Homem de Giz? Então será, definitivamente, uma leitura para mim!
Foi com base nesse pressuposto que, com bastante expectativa, embarquei na obra de estreia de Seth C. Adams.

Antes de mais devo dizer que compreendo as comparações com as obras em epígrafe, embora, na minha modesta opinião, estas dever-se-ão apenas ao facto de os protagonistas constituírem um grupo em idade escolar com toda a dinâmica inerente a essa realidade vivida no período da adolescência ou pré-adolescência.
Embora o "Clube dos Falhados" de IT seja referenciado, (tenho para mim que o autor terá querido homenagear o autor Stephen King), creio que esta dinâmica das personagens e a própria premissa da obra vai mais ao encontro do conto Stand By Me, traduzido para português como Conta Comigo. Para quem não conhece este conto, da autoria do mestre do terror, o mesmo debruça-se sobre um grupo de jovens que encontra um cadáver, sendo a característica mais interessante da narrativa o facto desta explorar a curiosidade das personagens bem como as sensações que este acontecimento lhes desperta.
Mas engane-se quem acha que O Cobrador será uma versão "wannabe" destas histórias de King. O aspecto que salta mais à vista parece ser, sem dúvida, o rumo que a acção toma, com contornos explícitos de violência, facto que me surpreendeu pois, a meu ver, seria expectável que uma história narrada por um jovem de 13 anos se cingisse a uma trama mais comedida.

Adorei o protagonista e narrador, Joey, um miúdo que, como referi, na altura desta história, tem apenas 13 anos, e cujas considerações são hilariantes. Dei por mim a esboçar um sorriso com as suas considerações e os seus gracejos. Tal como eu este personagem adora livros, pelo que não pude deixar de me identificar com a sua ambição em comprar montes deles, caso tivesse muito dinheiro à sua disposição. Acima de tudo, o que mais me agradou foi o humor negro com que as suas observações são dotadas.

Como pude afirmar anteriormente, a dado ponto, a trama começa a tornar-se bastante violenta, facto que me levou a duvidar de algumas atitudes de Joey e dos seus amigos. Pareceram-me demasiado adultas para um grupo de pré-adolescentes. Confesso que certas atitudes pareceram-me mesmo inverosímeis, tendo em conta a referida faixa etária dos personagens principais.
Além disso, o autor passa cerca de um terço do livro a descrever as personagens e as suas interacções, pelo que considero que a componente de thriller, propriamente dita, se desenvolveu tardiamente. 
Ainda assim e ao contrário do que possa parecer, não me senti maçada. O autor deu a conhecer, logo desde o início, as personagens e sua interacção envolvido-me completamente naquele ambiente juvenil.
Apesar daquele grupo ser composto por miúdos estereotipados, creio que esta continua a ser uma fórmula que resulta desde meados do séc. XX, isto se considerarmos que tais estereótipos já se encontram presentes nas obras infanto-juvenis da escritora britânica Enid Blyton. Esta percepção foi reforçada através da presença do Bandit o cão de Joey, que tem igualmente um papel preponderante na trama.

Claro que quando a presente obra chega ao seu clímax dei por mim a pensar o quão longe estava de imaginar que aí viriam passagens de carácter tão impetuoso e cheias de adrenalina, componentes estas que estiveram adormecidas no início da leitura. Este foi, a meu ver, claramente, o ponto forte desta narrativa.

Em suma, apesar de não ter sido uma história que me tenha deslumbrado desde o início, como terão certamente depreendido, acabou por me surpreender. Não esperava, sinceramente, que o desenvolvimento da história fosse tão intenso. Assim, O Cobrador é uma leitura que aconselho, especialmente aos fãs de tramas mais sombrias e que possuam um estômago forte. As cenas finais são brutais! 


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