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segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Especial MOTELx 2018: A Filha de Solveig Nordlund

Não conhecia este filme nem a realizadora de nacionalidade sueca que fez alguns trabalhos cinematográficos em Portugal por isso congratulo a equipa do MOTELx por revisitar as suas obras mais conhecidas. Não tive oportunidade de ver aquela que me parece ser a mais afamada, Aparelho Voador a Baixa Altitude que me ficou debaixo de olho. Fica também, em jeito de apelo, uma sugestão de filme para os nossos canais nacionais (seria ideal para ser transmitido pela RTP2).

Confesso que comecei a ver este filme sem grandes informações sobre o mesmo. Apenas sabia que a história se debruça sobre a relação entre um pai e a sua filha, como o título sugere. Ricardo Monteiro, uma personalidade bastante conhecida no meio televisivo, é pai de Leonor, uma jovem de 18 anos. A pressão profissional obriga a que Ricardo se dedique incondicionalmente ao trabalho ao ponto de descuidar a sua relação com a filha. No dia em que este está na Madeira, a receber um prémio, no dia do aniversário de Leonor, este recebe um estranho SMS da filha e, ao chegar a casa, repara que a adolescente, bem como todos os seus pertences, desapareceram.

Tive sentimentos algo contraditórios no que concerne a esta película: na primeira parte senti-me deveras curiosa sobre o desaparecimento de Leonor, à medida que me ia questionando sobre o relacionamento entre este pai e filha. O que não deixa de ser irónico pois actualmente observamos uma tendência dos pais em, naturalmente, se dedicarem em demasiado ao trabalho e secundarizar a família (note-se que este filme remota a 2003).

Sensivelmente a meio do filme há uma reviravolta que não me convenceu de todo embora tivesse feito um profundo exercício de introspecção, pensando nos mecanismos de Psicologia que pudessem justificar aquele twist. Sem grande sucesso, confesso, pois levei o resto do filme a matutar como é que tal situação seria possível. Hoje reconheço que este acontecimento deu um fôlego à história e um rumo inesperado, funcionando como um marco que faz uma transição da história, passando de um registo mais melodramático, para o género de terror propriamente dito.

Não é uma película que se caracterize pelas cenas de violência explícita não obstante ter sentido que esta estava lá, latente, sob a forma psicológica. A segunda parte é marcada por um crescendo de emoções que culminam num acontecimento que achei que seria expectável. Lamento, no entanto, que não tenha havido uma resposta concreta para a questão que, para mim, era a fulcral da trama. 
O filme, a meu ver, não é explícito e todas as ilações que possamos tirar são a partir do poder da sugestão. 

Confesso que nunca fui fã do falecido actor Nuno Melo (para mim, ele será o eterno filho do Camilo), embora este tenha uma actuação bastante convincente neste trabalho como o pai desesperado em busca da filha. No entanto, aponto o papel da Joana Bárcia como impressionante. Desconhecia esta actriz e fiquei abismada com o seu papel.

Ainda que não tenha apreciado a reviravolta da trama - o único caminho possível para direccionar o rumo da história e esse sim, agradou-me muito - creio que vale a pena dar uma oportunidade nem que seja para apreciar um filme português, com uma temática bastante actual.

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