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quarta-feira, 19 de junho de 2019

Caroline Kepnes - Tu [Opinião]


Sinopse: AQUI

Opinião: No ano passado foi lançada na Netflix a série televisiva You, baseada na obra homónima de Caroline Kepnes e que chega hoje, dia 19 de Junho, às livrarias portuguesas.
Confesso que vi os dez episódios avidamente, o que me entusiasmou ao ponto de ler o livro em inglês no início deste ano, sempre expectante que fosse publicado em Portugal.

A trama tem início quando o narrador, Joe, conhece Guinevere Beck, conhecida apenas pelo apelido, na livraria onde ele trabalha e interpreta de forma errada a breve conversa entabulada entre o próprio e a cliente.

Tu é uma história de stalking com a particularidade de ser narrada pelo próprio vilão, Joe, oferecendo-nos toda uma perspectiva, sem filtros, de uma mente distorcida, toldada por uma obsessão desmesurada. A história também é contada de uma forma invulgar, alicerçando-se num monólogo em que Joe expressa os seus desejos, muitas vezes contrapostos pelos factos reais.
Tenho para mim que este é o factor que mais se realça na obra e decerto a que mais incomoda o leitor na medida em que o mesmo é confrontado pelos impulsos obsessivos de Joe resultando em atitudes maquiavélicas.

Sendo entusiasta da série torna-se, para mim, inevitável estabelecer um paralelismo entre esta e a obra, podendo desde já afiançar que considerei o livro superior à sua adaptação.

Na série de TV, Joe comporta-se como um anti-herói, fazendo com que, estranhamente, por mais que considerasse imorais as várias atitudes do narrador, acabei por torcer por ele e pelo sucesso da sua relação com Beck, tendo-me lembrado, de certa forma, da personagem de Dexter criada por Jeff Lindsay e igualmente adaptada ao pequeno écran.
No livro, a personagem Joe é mais execrável, uma personalidade que se manifesta através de um discurso de cariz ordinário e monólogos maléficos, pelo que, pessoalmente, considerei-a mais sombria do que na série. Os acontecimentos e o próprio desenvolvimento da acção está fielmente adaptado. 

Devo mencionar, a título de curiosidade, que agradaram-me as referências a alguns livros, em particular a do lançamento de Doutor Sono de Stephen King e o fenómeno que o autor americano representa. Na série o livro destacado foi o Sleeping Beauties e, pessoalmente, não senti tanta euforia como a que senti aquando a leitura da obra. 

Se o facto da história ser narrada pelo antagonista, um elemento sui generis foi o que mais me cativou nesta obra, posso afiançar que não fiquei propriamente surpreendida com o rumo da trama, tendo-a considerado relativamente linear. Sem dúvida que é uma trama parca em reviravoltas todavia plena no que concerne à complexidade das personagens.
Também devo confessar que esperava um desfecho com um maior impacto mas o que a autora nos propõe era o mais lógico tendo em conta que o segundo livro da autora, Hidden Bodies, é uma sequela deste título.

Embora tenha presente que existem várias tramas debruçadas sobre o tema da obsessão, a meu ver, Tu destaca-se dos demais por conseguirmos entrar no íntimo da mente de uma pessoa verdadeiramente perturbada. Por esta razão, é um título que não hesito em recomendar.

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