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segunda-feira, 16 de setembro de 2019

Especial MOTELx 2019: The Golden Glove de Fatih Akin


Sendo baseado num caso real, o do serial killer alemão Fritz Honka, era com grande entusiasmo que aguardava este filme. No entanto e lamentavalmente, as minhas expectativas não foram correspondidas.
Confesso que antes de ver esta película, li o artigo do wikipedia referente ao serial killer, temendo, assim, que o efeito surpresa fosse arruinado. Contudo tal não se verificou, motivo que atribuo ao desvio na trama e consequente distanciamento entre os factos reais e os mencionados no filme. Falo especificamente das vítimas.

Reconheço que estamos perante um trabalho fantástico em termos de actuação. Pelo que pude apurar no IMBd, o actor Jonas Dassler submeteu-se a um trabalho extenso de caracterização de forma a ficar fisicamente semelhante a Honka. Nos créditos finais deparamo-nos com fotos reais do cenário e apercebi-me do esmero atribuído a estes detalhes que bem contextualizam o ambiente da época em que decorreram os factos.

The Golden Glove é um filme que causa algum desconforto uma vez que é bastante explícito. A cena inicial é impactante pois mostra o modus operandi de Honka, sendo que, desde logo é levantado o véu sobre o modo de como este assassino tratava as suas vítimas. Não deixa de ser irónico que o seu modus operandi foi precisamente o que veio a denunciá-lo.
A estas se seguem várias passagens assentes sobre a violência, fazendo-nos questionar o índice da maldade humana, parafraseando o jornalista Hernâni Carvalho. Também me soou muito convincente que as respostas às atitudes de Honka fossem similares em todas as vítimas.
No entanto estas ditas cenas de cariz mais violento, a meu ver, são um pouco repetitivas e, em certos momentos, senti que a história não avançava, gravitando sempre na escolha da vítima e da forma como Honka a (mal)tratava.  

Desagradou-me também que o filme não tenha apresentado uma teoria sobre o desenvolvimento da personalidade de Honka, algo que foi adiantado no artigo do wikipedia supra referido. 

Estes motivos, seguramente, fizeram com que não apreciasse o filme como esperava. Aguardava uma história com mais rigor sobre os factos reais e, acima de tudo, que a acção não fosse tão repetitiva, fazendo-me crer, em certos momentos, que estava perante um ensaio cíclico sobre violência. 
Não deixa, no entanto, de ser um filme interessante alicerçado sobre essas personalidades tão complexas que são os dos serial killers.

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