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terça-feira, 5 de novembro de 2019

M. J. Arlidge - O Dom da Morte [Opinião]


Sinopse: AQUI

Opinião: Sou uma fã inveterada do trabalho do autor britânico e já afiancei, por diversas vezes, que a série protagonizada por Helen Grace é uma das minhas favoritas no que concerne ao género policial. Daí ter ficado bastante expectante com a publicação deste título que é um stand-alone

Confesso que enveredei por esta leitura um pouco apreensiva, percepção que ter-se-á devido à alteração da fórmula usada pelo autor nesta história, alicerçada sobre um fenómeno paranormal que, no presente caso, é o dom da previsão da morte. Como sabeis, opto por, na grande maioria das vezes, histórias lógicas e que sejam devidamente explicadas no campo da racionalidade - ainda que grande parte dos modus operandi dos psicopatas esteja muito longe da minha compreensão. Ora, tinha consciência que à priori tal não aconteceria e parti para a leitura, num estado de espírito mais open minded.

A meu ver, esta característica de mediunidade de Kassie, a jovem protagonista de 15 anos, torna a trama ainda mais intrigante. Constantemente incrédula com o dom da personagem, num primeiro momento questionava-me se estas premonições seriam verdadeiras pois achei que o problema da adição da marijuana toldasse a percepção da rapariga. Contudo, rapidamente me deixei levar pelo ritmo da história que, a certo momento, me pareceu um pouco cíclica - jovem prevê a morte de alguém, tenta avisar e não tem sucesso, acabando por não conseguir evitar que os ditos homicídios ocorram. Mais uma vez, aponto a descrição exímia dos crimes, deixando-me angustiada como já sentira aquando a leitura de obras antecessoras do autor.

O psicólogo forense Adam Brandt assume um particular destaque na medida em que tenta ajudar a jovem Kassie. Como o autor já nos habituou, o background pessoal da personagem é deveras importante e há um esmero na caracterização do psicólogo, principalmente na sua vida familiar. Creio que o desenvolvimento desta acaba por ser tão importante quanto os contornos do caso de Kassie que estão além da compreensão da polícia.
Gostei da forma como o autor nos conecta às personagens e, acima de tudo, da escrita irrepreensível. A acção, de tão rica em pormenores, tem um ritmo cinematográfico repleto de acontecimentos fortes, sendo precisamente neste ponto onde assenta a minha maior crítica.

A trama deixou-me alguns dissabores. Em certos momentos, os acontecimentos foram tão intensos que me senti desolada e revoltada. Não creio que o sinónimo de um bom thriller seja dar um tom dramático como senti em certas passagens. Em várias alturas fechei o livro, completamente arrasada com o rumo de certas personagens, um estado de espírito que se intensificou no final. O desfecho é desvendado numa fase muito precoce do livro, pelo que esperava ser arrebatada por um twist, o que não acabou por acontecer. Para mim, a única surpresa foi, de facto, o desvendar da identidade do antagonista.

Posto isto e no seu cômputo, tenho para mim que este stand-alone ficou um pouco aquém do que Arlidge me habituou com a série anterior. Ainda assim, vale a pena ser esmiuçado para descobrir uma história completamente diferente das tramas que Helen Grace protagoniza.


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