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Opinião: Confesso que fiquei fascinada assim que vi esta capa pela primeira vez. Não me informei devidamente sobre a autora, desconhecendo, portanto, que a mesma é norueguesa. Da vasta literatura nórdica que tenho consumido, tenho verificado um denominador comum: uma fórmula que se resume a um romance policial alicerçando-se sobre um ou mais homicídios e sua investigação.
Tendo então este aspecto em consideração, O Olhar que Me Persegue afigura-se como uma obra bastante inovadora na medida em que se desenrola sob um cenário de cariz mais psicológico.
O acontecimento que precipita esta história é o desaparecimento do marido de Sara. Poder-se-ia pensar, inicialmente, que esta trama pudesse ser uma versão masculina do livro Em Parte Incerta de Gillian Flynn, Contudo, esta hipótese é rapidamente descartada pois temos conhecimento, numa fase relativamente precoce da trama, da verdadeira dimensão da premissa da história. A trama assume um carácter mais psicológico: à medida que vamos descobrindo alguns pormenores sobre a relação do casal, começam a acontecer alguns episódios estranhos na casa do casal, fomentando uma certa dúvida no leitor sobre a própria sanidade mental da personagem principal.
Gostei que a protagonista, Sara cuja profissão é terapeuta, tenha partilhado com o leitor alguns dos seus casos com que trabalhava. Três jovens com diferentes problemas que nunca me saíram da retina. Sou fascinada pela área da psicologia pelo que a trama me deslumbrou em vários outros momentos como a referência de alguns episódios de infância para descortinar certos comportamentos na actualidade. Não deixa de ser curioso que esta minha atenção nestes pormenores conduziu à minha teoria que se revelou como a certa. Considerei previsível, portanto, o mistério relacionado com Sigurd, o marido de Sara, não obstante crer que terá sido uma percepção muito pessoal pelas razões que mencionei. Já a revelação final, foi, para mim, mais surpreendente.
É importante salientar que toda a base de Psicologia presente na obra é verossímil, facto que dever-se-á à experiência da autora no ramo. Achei que esta componente estava bem doseada no mistério envolto na personagem do Sigurd.
Se gostam de tramas alicerçadas em relações pejadas em segredos e intrigas, não deixem escapar este título. A meu ver, uma relação matrimonial é tão pessoal e íntima que pode ser explorada de várias formas, incluíndo perspectivas com maior grau de perversão e disfuncionalidade. Ainda que no caso em apreço, o casamento de Sara e Sigurd não assuma contornos tão chocantes como de outras narrativas que li, creio que há sempre alguma curiosidade em ler sobre relações mais conturbadas.
Em suma, estamos perante um thriller psicológico interessante e, apesar de ter considerado um aspecto algo previsível, o balanço final é muito positivo.
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