Sou assumidamente fã de Margo, a protagonista do primeiro livro publicado em Portugal por Tarryn Fisher, razão que explica o meu entusiasmo inicial assim que vi que iria ser editada esta obra no nosso país. Não tardou muito para que as minhas expectativas fossem defraudadas.
O mote da história é uma relação polígama que poderia dar azo às maiores narrativas de thriller, não obstante considerar que a opção de história sugerida por Fisher não foi a mais inteligente. Note-se que é uma perspectiva altamente pessoal. Creio que há inúmeros fãs da obra mas sinto-me compelida a dar a minha opinião mais sincera quanto possível.
Thursday é casada com Seth que tem outras duas esposas: Monday e Tuesday. Ela sabe muito pouco sobre estas mas um dia, ao descobrir um papel, sente-se impelida a conhecer as outras duas mulheres mais em detalhe. E tudo parte daqui: da curiosidade desta esposa em saber mais sobre as outras duas. Uma mulher que, até então, até era bastante passiva neste assunto, aceitando a condição em que vivia e tentando ser a melhor no dia que lhe era destinado estar com o marido. Nos outros dias da semana ora o marido estava com as outras mulheres ora estava em viagem. Basicamente parece-me que a protagonista estava feliz com uma relação a part-time (ou melhor a 1/7 do tempo) e não vou tecer considerações sobre isto, são altamente pessoais. Contudo esta personagem esforçava-se por ser a melhor esposa a nível sexual (estou a revirar os olhos enquanto penso nisto porque nem sequer acredito que bom sexo unicamente seja sinónimo de um casamento pleno e feliz). Mas vá, sou open minded e aceito as mais variadas suposições que a autora me apresenta.
Apesar da narrativa apresentar um ritmo bastante viciante - senti-me extremamente curiosa sobre o desenrolar da história e a obra até se lê muito bem em pouco tempo - no meu íntimo já considerava tonta a premissa pelo que o desenrolar acaba por ser um sucedâneo de situações também estas pouco néscias. Até que, sensivelmente a meio do livro, a autora nos presenteia com um twist. Uma reviravolta pouco verosímil, diria eu, porque quem abraça esta leitura e é como eu que desata a lançar teorias, esta é uma delas. Até percebo que a autora queira investir no plano de thriller psicológico, mas infelizmente acho que este volte-face não foi completamente satisfatório/convincente.
A partir daqui continua a saga da Thursday a consolidar informações sobre as outras mulheres - às páginas tantas esta personagem pareceu-me mesmo uma bola de ping pong, desorientada que está aqui e acolá e torna-se tudo tão inepto que senti que acabara de ler qualquer coisa menos um thriller, ainda para mais da autora do Margo. Note-se que tive sempre esta obra na retina, um livro negro, pesado que me fez sentir desconfortável no decorrer da leitura - creio que as maiores sensações que o género nos traz - mas o presente título... não sei. Nada me convenceu: nem as personagens - até sinto um fascínio por personagens não confáveis mas estas, honestamente, primam pelas mais duvidosas acções e formas de pensar - nem a própria trama que poderia ter dado um thriller de excelência. No seu cômputo, é um livro que fica muito aquém. Estava, sinceramente, com grandes expectativas de encontrar uma história que me tirasse o chão. E infelizmente, isso não aconteceu.
Por aqui alguém já leu? Gostaram? Fico apreensiva por me ter escapado a magia deste livro mas isto é sempre assim. Partilhem comigo nos comentários as vossas opiniões.
Gostei do twist porque me surpreendeu, mas ler agora esta crítica fez-me repensar o que li e a verosimilhança da personagem :)
ResponderEliminarAinda não li nada deste autor. Mas vou ficar de olho :)
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