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terça-feira, 6 de setembro de 2011

Harlan Coben - Falta de Provas [Opinião]

Aquele que é um génio do thriller, Harlan Coben consegue pegar nos mesmos ingredientes e formular diferentes mas intrincados enredos que acabam sempre por render o leitor. Ora vejamos... a temática do desaparecimento: verifica-se; a acção na primeira pessoa: apenas no prólogo mas está lá; doses maciças de adrenalina e twists inesperados: verifica-se e de que maneira...! Devo confessar a minha falha, em ter lido apenas dois livros deste autor, Não Contes a Ninguém e Morte no Bosque, lacunas estas que serão brevemente compensadas pois irei dar uma maior prioridade ao autor, sem qualquer margem para dúvidas.

Um factor igualmente aliciante na leitura dos livros de Harlan Coben é a sua escrita. É fluída, simples e bastante objectiva. Também será justo dizer que esta é bastante versátil. E porquê? Além da extensa componente dramática, o autor sabe inteligentemente, incorporar passagens espirituosas, ainda que breves, servindo para descomprimir de toda a tensão criada pelo enredo.

Haley McWaid, uma adolescente saudável e equilibrada, desaparece da sua casa em New Jersey. Ela é o tipo de miúda que não se mete em sarilhos, é estudiosa e acima de tudo, é uma desportista que ganha vários troféus e ordena-os no seu quarto arrumado. A jornalista Wendy Tynes, uma mulher na casa dos 30s mas já viúva e com um filho adolescente, dedica-se profissionalmente a denunciar pedófilos. E Dan Mercer é um homem que trabalha numa instituição para jovens. O seu maior erro é responder a um e-mail de um adolescente problemático...
Esta é uma armadilha que introduz a leitura de uma história equiparada a uma volta numa montanha russa: grande velocidade, picos bastante intensos e uma larga gama de emoções.

À semelhança de outros livros do autor, a forma como Coben compõe os enredos resulta de uma mistura de ingredientes como a descoberta de segredos obscuros do passado, nos timings e doses perfeitas; tumultos emocionais de personagens complexas (e que frequentemente tentam ultrapassar um trauma do passado), na introdução de novas figuras nos momentos críticos e constantes reviravoltas na trama. Enfim, quem lê um livro de Harlan Coben espera de tudo menos previsibilidade. Este factor torna os livros do autor extremamente aliciantes. E devo falar por mim, que sempre que pousava este livro, ficava a matutar no que se seguiria. Quando retomava a leitura, os acontecimentos iam além do que eu tinha equacionado. O autor não segue uma ordem dos factos, que a nós é perfeitamente lógica, arquitectando alternativas completamente diferentes mas igualmente viáveis.

As personagens são complexas e desconcertantes. Podem ser altamente enganadoras...ou não. A sensação que me dá, de uma forma geral, é que nunca consigo conhecer a fundo todas as personagens de Coben, Todas têm um ou outro pormenor que me deixa na dúvida em relação à verdadeira natureza do seu carácter. Mas o fantástico nisto tudo é que Coben constrói as personagens como pessoais reais encaixadas em situações perfeitamente credíveis. A preocupação dos pais de Haley bem como a tendência natural de Wendy face ao seu filho Charlie (e estando este numa fase menos fácil da adolescência), relembram o quão aconchegante é o instinto de offspring em relação aos filhos. Sentimentos que verificam o quão plausível é a história num plano mais emotivo. Até Dan Mercer, que fugindo ao estereótipo de um pedófilo, coloca-nos sempre na dúvida do que poderá ter feito.

Um aspecto interessante foi a forma invulgar como o autor inicia o livro, na primeira pessoa e sob o ponto de vista do vilão, Dan Mercer. Achei curiosa a re-introdução da personagem Paul Copeland na trama, o protagonista de Morte no Bosque (se bem que neste livro tem um papel meramente de figurante).

Um livro que cria algum desconforto, nomeadamente através do tema abordado, a pedofilia, e principalmente quando reflectimos sobre situações em que são comuns a normalidade e proximidade das vítimas por parte dos pedófilos. Um assunto perfeitamente actual que ajuda a caracterizar a história como bastante credível. E depois nada mais real do que a abordagem estranhamente familiar do mundo dos blogues e do Facebook. Até porque, vistas bem as coisas, haverá situação mais real do que a permanência de pessoas mal intencionadas em redes sociais?

Explora os limites alcançados por uma boa causa e o quando estes, inadvertidamente, põem em cheque a vida de alguém, e mais, dá que pensar o custo da redenção de um ser humano face a um possível erro. Analisa as vulnerabilidades das pessoas, quando demasiado expostas na Internet e as consequências que isso pode acarretar. Controverso e completamente inesperado, este é um livro que satisfaz os fanáticos por pura acção. Recomendo vivamente!

8 comentários:

  1. O meu livro favorito dele é Morte os Bosques e estou bastante curiosa para ler este novo livro.O enredo parece ser bastante interessante.

    Cláudia

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  2. ai ai ai... e os meninos dos minutos contados pa ler :S
    este já tá na wish :P
    só tentações lol

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  3. Olá Cláudia, também gostei imenso da Morte no Bosque. Este está igualmente bom! :)) Tenho que ler mais livros do autor, definitivamente :D

    Mira, este vale mesmo a pena por na wish! :)) Fiquei fã do autor (até este livro tinha ainda umas dúvidas...ehehe)

    Beijinho, boas leituras!

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  4. Ai Ai Vera, eu tenho de deixar de ler as tuas opiniões, a cada opinião é mais um livro que fico com uma enorme vontade de ler =D. Ainda por cima agora que eu ando cheio de trabalho, quase não tenho tempo para me dedicar a leitura, mas quando o tempo começar a aparecer já tenho uma lista de pendentes.

    Beijo
    (e eu vou continuando por aqui a ver as novidades)

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  5. ehehe Ricardo! Até me fizeste rir! Olha eu tenho passado no teu blog, já sei que leste o Executor e que gostaste muito :D O que lês agora não conheço. Também ando a aproveitar estes dias que ando mais desafogada e depois quando voltar ao trabalho isto vai abrandar...

    Beijinho grande, boas leituras e obrigado!

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  6. Vera, O que estou a ler agora foi aconselhado por um amigo, só que não é um livro que me esteja a agarrar muito talvez seja um bocado do próprio tema que é algo ligado a religião (isto também devido a minha ideia sobre a religião e a minha fé), apesar de se relacionar com um homicídio de um criança.
    Acredito que para quem tem bastante fé, esse livro seja bastante motivante. Mas em breve colocarei um pequena opinião no blog. :D

    Beijo

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  7. Eh lá! Quando me falas em livros em homicídios eu quero ler! ehehe mas vou aguardar pela tua opinião porque sinceramente esse livro nunca me atraiu grande curiosidade. Talvez pela capa, não sei... O que interessa é que gostes e que aprecies a leitura :)) Cá fico à espera de ver esta opinião bem como mais sugestões no teu blog :)

    Beijinho grande

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  8. Já o tenho mas tenho-o ainda em lista de espera para ler... Com certeza irei gostar, visto que este autor conquista-me mais a cada livro que leio dele.
    Beijinhos.

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