Harlan Coben - Morte no Bosque [Opinião]

O livro que vos apresento hoje é de Harlan Coben. Já tinha lido um livro do autor, o "Não Contes a Ninguém", podem vê-lo aqui. Daí que não tive dúvidas na escolha de uma leitura que me envolvesse por completo.
Gosto da escrita do autor. Raramente recorre a elementos gráficos de violência mas consegue apresentar uma narrativa, toda ela rica em mistério, suspense e acção. Os capítulos são relativamente curtos, e deixados em aberto, para que haja a curiosidade natural de ler capítulo após capítulo e deslindar as pontas soltas que vão sendo consecutivamente deixadas no decorrer da história.

Há vinte anos, numa noite de Verão, desapareceram quatro jovens num bosque do acampamento em que trabalhava Paul Copeland, o agora delegado do Ministério Público do condado de Essex.
Na manhã seguinte, dois dos jovens foram encontrados já sem vida mas os outros dois, a sua irmã Camille e Gil Perez, não voltaram a ser vistos. Passado vinte anos, um cadáver descoberto vai mudar a percepção de Paul sobre o que aconteceu nessa noite, e este associa-se então à sua namorada na altura, Lucy, para tentar resolver o mistério.

A este mistério entrelaça-se a história da stripper Chamique nas barras do tribunal, que supostamente foi violada por dois adolescentes ricaços.

Penso que a sinopse peca por contar elementos a mais. Na sinopse é relevada a identidade do cadáver, pelo que, ao iniciar a leitura, este facto já não se apresenta como uma surpresa.
Apesar de não ser grande fã em "narrativas jurídicas", devo dizer que este não se torna maçador uma vez que o autor tem o cuidado de integrar elementos da narrativa de Copeland no decorrer do livro. Denotei um enredo muito bem arquitectado.

Gostei das personagens: Paul Copeland e Lucy Silverstein transmitem coragem e determinação, embora o trauma do que aconteceu no bosque os tenham marcado. Penso que o autor esteve muito bem nos diálogos das personagens, denota uma química bastante natural entre ambas. À semelhança do primeiro livro de li de Coben, a narrativa é escrita na primeira pessoa, havendo cenas em que o narrador é outsider. Ora assim, Coben garante que visualizamos todas as cenas através dos olhos de Copeland, conferindo uma maior proximidade do leitor aos factos narrados.

Desta forma, acompanhamos o percurso de Paul e Lucy, que em nada é linear. Vão sendo descobertas pistas que, só são inteiramente ligadas apenas no epílogo do livro! Sim no epílogo...o desfecho está bom, bastante imprevisível mas lemos toda a espiral do mistério e só mesmo no final do livro é que associamos tudo o que aconteceu. Não terá sido demasiado rápido, aquele desenlace?

Ainda assim, continuo a achar que Harlan Coben é um bom contador de histórias. Recomendo para os que gostam de acção. Não aconselho a quem procura um policial genérico, de cenas gráficas, técnicas forenses, etc...porque neste livro, simplesmente isso não existe.