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domingo, 18 de novembro de 2018

Alex Dahl - O Rapaz à Porta [Opinião]

Sinopse: AQUI

Opinião: O Rapaz à Porta é um thriller peculiar na medida em que se desenvolve a partir de uma situação que considerei controversa e inverossímil. Aproveito para vos perguntar o que fariam se encontrassem um menino aparentemente esquecido. Levá-lo-iam à Polícia ou fariam como a Cecilia, a protagonista do livro, e acolhê-lo-iam na vossa casa?

Creio que, desta forma, o juízo mais imediato sobre esta Cecilia seria, provavelmente, uma admiração perante o seu extremo altruísmo contudo, o aparecimento deste rapaz, o Tobias, é o rastilho para a descoberta de várias mentiras e esqueletos no armário da protagonista, constituindo aquele que considerei um dos melhores elementos da trama.
Ainda que a história se projecte sobre esta personagem pejada de segredos, há uma outra figura feminina de importância fulcral: Annika. Numa primeira análise, é-nos difícil visualizar o elo de ligação entre as duas mulheres contudo, à medida que a trama se desenvolve, a relação entre ambas, bem como o denominador comum, o Tobias, estreita-se de forma surpreendente.

A trama é narrada sob três perspectivas: Cecilia, Annika e o pequeno Tobias que pouco mais adianta do que o estranho contexto familiar que conhece.
Considerei curiosa a forma como a autora desenvolveu a perspectiva de Annika, maioritariamente sob formato epistolar, em que nos dá a conhecer a sua trágica história de vida. Já Cecilia, sendo claramente uma narradora não fiável, apresenta uma característica que prezo nestes thrillers psicológicos: a dificuldade em distinguir o que é verdade e o que é mentira.

É, portanto, uma história cujo desenvolvimento é deveras intrigante e manteve-me expectante até ao final, altura em que me senti ligeiramente decepcionada. Ainda que tenha considerado o ponto de partida da história como inverossímil, fui tentando abstrair-me desta percepção no decorrer da leitura, contudo o desfecho foi igualmente irreal.

Ainda que aponte estes pontos menos positivos, não posso negar que O Rapaz à Porta me tenha proporcionado uma leitura agradavelmente intrigante e algo tensa, sensação que se deve à abordagem de temas genuinamente complexos como as pressões face à maternidade ou o vício ligado a estupefacientes.

Em suma, tratou-se de uma leitura que me entreteve, não obstante os pontos negativos já mencionados, sendo um título que, dentro do subgénero de thriller doméstico, acaba por se destacar por nos oferecer um prisma diferente do habitual, pois ao invés de se focar na relação entre um casal, no caso em apreço o foco centra-se, sobretudo, nas complexidades das duas personagens femininas principais, motivo pelo qual desafio os meus leitores a mergulhar nesta história.


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