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Opinião: Ponto Zero é o primeiro livro escrito a quatro mãos pelos autores noruegueses já conhecidos no nosso país. Devo referir que Jørn Lier Horst é o autor da série protagonizada por William Wisting - publicada em Portugal pela Dom Quixote - ao passo que a saga de Thomas Enger é estrelada por Henning Juul, livros editados pela TopSeller.
Ponto Zero é um excelente livro de apresentação se tivermos em conta que inaugura uma série protagonizada por um inspector de polícia, Alexander Blix, e uma blogger de celebridades, Emma Ramm, uma dupla que me deixou um pouco céptica, devo confessar, por esta não possuir uma patente policial. Tenho um preconceito de considerar que personagens que não sejam directamente ligadas à investigação policial, possam desempenhar um papel mais amador na análise do crime, uma sensação que, claro, revela-se frequentemente infundada. Pelo que pude apurar, a formação de Enger em jornalismo, consegue sustentar, com grande credibilidade, o papel de Emma Ramm na trama.
Devo confessar, no entanto, que até gostei da personagem feminina, dada a minha percepção inicial sobre a incompatibilidade entre a sua actividade profissional e a participação activa na resolução do caso, mas tal empatia dever-se-á ao seu eventual problema de saúde. Porém, apesar da bagagem emocional do protagonista masculino, e sem uma razão em concreto, já não me consegui identificar tanto com o mesmo. Contudo, acredito que esta ligação consolidar-se-á no decorrer da leitura da série.
O que mais apreciei na presente obra foi, indubitavelmente, o ritmo da acção. O título não deixa dúvidas: estamos perante uma corrida contra o tempo a uma caça ao homem que recorre a uma simbologia entre números e celebridades para fazer uma contagem decrescente nos seus crimes, começando por um rapto a uma atleta que, posteriormente, escala ao homicídio de outros famosos. Os autores vão elevando a fasquia por descrever assassinatos que vão tendo, cada vez mais, cariz mais macabro, conferindo um ambiente cada vez mais angustiante.
Dei por mim, frequentemente, a fechar o livro e a pensar na ligação, para além da relação com os números, entre as vítimas. Tentei, igualmente, antecipar a identidade do vilão e os motivos que o teriam conduzido a esta violência.
Particularmente considerei que foi muito inteligente, da parte dos autores, a inclusão de uma subnarrativa que se desenvolve num ambiente de reality show, o que interpretei como uma mensagem sobre a ascensão a um status quo de celebridade que pode ser galopante mas efémera.
O que me deixou em suspense, até ao desenlace, altura em que os acontecimentos são devidamente relacionados, foi descortinar qual seria o derradeiro episódio que marca o ponto zero desta sórdida contagem decrescente. Creio que o clímax foi intenso e satisfatório, não obstante considerar que o epílogo nos deixa a ansiar por mais. É nesta altura que percebo o potencial das próximas obras dos autores.
Em suma, Ponto Zero é um título promissor de uma série que poder-se-á tornar tão carismática quanto, quiçá, a de outros autores nórdicos como Jo Nesbø ou Mons Kallentoft. Tendo sido leitura ávida e repleto de acontecimentos intensos, esta obra relembrou-me a razão pela qual sou apaixonada pela literatura policial escandinava.
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