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segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Patricia Cornwell - Tudo o Que Resta [Opinião]


Já vos falei de Patricia Cornwell e da saga protagonizada pela Dra Kay Scarpetta que conta já com dezasseis volumes publicados. Tendo lido já o primeiro, Post Mortem e já este ano, Corpo de Delito (sendo que o final deste é algo difuso), foi com grande expectativa que avancei para a leitura de Tudo o que Resta.

Este novo caso começa com o desaparecimento de um jovem casal, cujos corpos só aparecem em estado de adiantada decomposição muitos meses mais tarde. Entretanto mais quatro jovens casais são encontrados mortos nas mesmas circunstâncias. Ossos alguns farrapos de roupa e um valete de copas é tudo o que resta.
Quando anteriormente disse que o final do último livro de Scarpetta foi difuso, é algo que ficou ambíguo. Será que Scarpetta finalmente se entende com o ex amor Mark James? Sim, esta personagem aparece neste livro, ainda com menos destaque do que foi dado anteriormente. Mas as suspeitas permanecem... será ele um sujeito de confiança?
A história de Tudo o Que Resta cativou-me muito. Para já o invulgar do modus operandi das situações, primeiramente do desaparecimento dos casais e depois o encontrar dos corpos já num estado de decomposição tão avançado que certamente dificulta a sua identificação.
Depois Cornwell garante que há um caso que será mediático face aos anteriores quatro casais já desaparecidos, e insere na trama a personagem Pat Harvey, mãe de uma das vítimas e dado o seu poder no seio político americano, gera-se então um conflito onde a vingança associa-se ao abuso de poder (passo a redundância).

A componente criminal está bem descrita através da associação das várias pistas. Com pormenores explícitos acerca dos cadáveres bem como técnicas forenses que permitem o despiste das dúvidas da médica, mais uma vez, mostra o quão avançada está a autora face aos conhecimentos médicos, relembrando que, nos anos 90, este tipo de informação não estaria tão ao alcance de nós, como actualmente. Não só as técnicas forenses que são espantosamente descritas. Há todo um trabalho de pesquisa na associação de pistas (ainda que em estados diferentes), tarefa esta mais complicada nos anos 90s, uma vez que nesta altura, as várias bases de dados de ADN não estariam tão completas. Ainda assim, Cornwell atreve-se (e com bastante sucesso) nas suas hipotéticas teorias desenvolvidas na trama, originando uma cena criminal bastante coerente e realista.
Mas a trama vai além das reviravoltas surpreendentes aliadas ao crime propriamente dito. É também uma reflexão sobre as relações humanas. Neste livro, foi a primeira vez que gostei tanto da personagem Marino como de Scarpetta. Através de diálogos envolventes com uma personagem, vidente, o leitor apercebe-se o quão vulnerável é ele como pessoa e o quanto isso afecta o seu casamento. Depois Marino desabafa com Scarpetta, e nós no nosso íntimo desejamos que eles fiquem juntos... O polícia duro que vi, primeiro em Post Mortem e depois em Corpo de Delito tem de facto, um grande coração.

À semelhança de Corpo de Delito, a sobrinha de Scarpetta, Lucy Farinelli, volta a ter um papel pouco participativo na trama. Reparei que os livros são escritos num espaço de um ano, mas para as personagens esta acção temporal não é proporcional. Pois eis que Lucy neste livro já frequenta o 10º ano, sendo já uma adolescente (e em Post Mortem, esta personagem tem apenas 10 anos).
A contrabalançar este ponto, eis que entra em cena uma personagem nova: Abby Turnbull, uma jornalista do Washington Post que tem uma carácter um tanto ou quanto duvidoso. Ela aparenta ser amiga de Scarpetta mas simultaneamente indicia que esta será uma falsa amizade, com fins proveitosos para um único objectivo: a garantia de uma boa história no jornal e o arranque no livro sobre o caso dos casais assassinados.

Para mim, dos três livros lidos, este foi o melhor. A história absorveu-me por completo e fiquei comovida com a vida pessoal de Pete Marino. Eu simplesmente adoro a dra Kay Scarpetta, que consegue ser ainda mais perspicaz do que o próprio agente de FBI, Benton Wesley. Depois, as restantes personagens, mesmo as que não conhecia como Abby e Pat Harvey estão excelentes. Com um qb de mistério, o leitor duvida constantemente do íntimo da personagem... Até a vidente Hilda Ozimek me conquistou através dos seus diálogos sobre a leitura das fotos do crime bem como das auras (e a cor das auras de Scarpetta e Marino serão adequadas ao que se passou nas tramas anteriores bem como às que se seguirão?)
Um livro que se lê muito bem devido ao equilíbrio entre a história referente ao crime bem como ao lado pessoal das personagens intervenientes. Um livro que fará com que anseie ler todas as aventuras protagonizadas por esta médica legista. Eu falo por mim, estou viciada na saga de Scarpetta! Recomendo vivamente!






Mais informações sobre o livro aqui.

4 comentários:

  1. Vera, esta é a terceira entrega? Obrigado.

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  2. offuscatio, sim senhora, este é o terceiro livro. Vou lê-los por ordem :))

    Beijinho, boas leituras!

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  3. Obrigado :) É que hoje vi-os na livraria, e com os teus comentários fiquei intrigada!

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  4. Lê-os por ordem se puderes offuscatio. Eu adoro a Pat Cornwell :))

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