quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Patricia Cornwell - Corpo de Delito [Opinião]

Corpo de Delito é o segundo volume de toda uma saga de sucesso no seio da literatura policial. Falo-vos dos casos de Kay Scarpetta, uma médica legista, determinada em investigar até à exaustão as circunstâncias de morte das vítimas.

Neste livro, Scarpetta investiga o homicídio de uma escritora que até então, era ameaçada. Pois eis que Beryl Madison é morta com alguma brutalidade. O caso torna-se mais sórdido quando o tutor da escritora também morre, em circunstâncias bizarras. E eis que o envolvimento de Kay Scarpetta com o caso toma tais proporções a ponto de colocarem em risco também a sua vida.

A capa do livro é fantástica, e não deixo de comentar o meu favoritismo em relação às capas dos livros da colecção Fio da Navalha mais antigos, pretas, simples, com uma figura quase como abstracta mas alusiva aos crimes. Daí que, tive a sorte de encomendar um destes livros, de edição mais antiga, e a Editorial Presença, editora que atende às sugestões e requerimentos dos demais fãs, teve o meu pedido em conta.
No entanto, penso que a capa do livro peca (pelo menos esta primeira edição), por não conter uma sinopse verdadeiramente fiel ao conteúdo do livro.

Um dos aspectos que realcei no primeiro livro que li da autora, Post Mortem, foi o facto de, o livro ser escrito no início dos anos 90, mostrando já uma maturidade (e certamente inovação) em relatar procedimentos forenses muito pormenorizadamente. Pois bem, Corpo de Delito, escrito em 1995, segue essa linha e envolve o leitor no mundo da ciência forense, ainda que, actualmente seja banalíssimo. A autora usa a Química, para desmistificar alguns aspectos que possam advir de dúvidas na detecção de provas ou como simples curiosidade, como a lição sobre os estereoisomeros nas drogas. (para uma engenheira do ambiente, e que estudou Química Orgânica, é voltar às reminiscências do polarímetro e voltar a estudar como roda a luz o dextrometano e o levometano).

Corpo de Delito é uma trama que envolve o leitor. Tem uma acção dita lenta com alguns picos de adrenalina, que deixarão o leitor colado e a pensar "E agora Scarpetta, como te vais safar daí?" Mas tal é a previsibilidade, afinal Scarpetta é a protagonista de cerca de 15 romances policiais, e como tal sabemos no nosso íntimo que ela afinal vai safar-se. Contudo há que dizer que é fantástico como a autora concebe um livro tão rico em pormenores sórdidos, outros curiosos. Apesar de toda uma exploração dos procedimentos forenses, a autora inclui elementos como o mistério e a desconfiança, recorrendo para isso à análise de perfis psicológicos do eventual assassino. Sim, relativamente a meio do enredo começa a desenhar-se a identidade do assassino mas apesar da previsibilidade deste facto, o livro é extremamente interessante. A trama é complexa mas muito cativante e atende à curiosidade do leitor para ler mais.

Mesmo sendo o segundo noto uma necessidade de ler esta saga por ordem, afim de entender e criar uma afinidade que será crescente, com a personagem principal Kay Scarpetta. Uma personagem forte e determinada, que deixa muito a desejar a comunidade policial que deveria ser a entidade de resolução dos casos. Pois Kay é perspicaz e o envolvimento com as vítimas é tal que o plano pessoal da personagem acaba por estar em risco. Aconteceu em Post Mortem, acontece aqui e quer-me crer que acontecerá nos demais livros da saga. Se há personagem com um forte enfoque nas tramas de Cornwell é Pete Marino, o tenente que compactua com Scarpetta nas demais investigações, ainda que não consegue ter o mesmo destaque que esta.
Senti a falta de uma personagem neste livro, Lucy, a sobrinha de Scarpetta, que representa um pouco do plano pessoal da médica legista. Em contraponto, é-nos apresentado Mark James, um ex-amante da personagem principal, sendo ele, o orientador de toda uma linha de acontecimentos na vida de Scarpetta, mais vocacionados no seu plano pessoal.

Um desfecho que poderia ter sido mais explorado em relação ao desfecho do assassino, mas que, confesso, deixou-me de coração apertado com a vida amorosa de Kay. Em relação a este lado tão íntimo da personagem tenho a dizer que, ficando em aberto, irei ler quanto antes, "Tudo o que Resta", o terceiro livro da saga.

Estamos portanto diante de um bom livro policial e que recomendo. Irão adorar Scarpetta, e acreditem, irão envolver-se com ela no mundo da ciência forense dos anos 90.

3 comentários:

  1. Já sabes que adorei a protagonista desta saga, embora tenha começado pelo último. No entanto, se comprar algum este ano será, sem dúvida, Post-Mortem.

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  2. Oié!
    Ei, andei falando (bem é lógico) de você no meu Facebook. Dê uma olhada. https://www.facebook.com/isabel.f.barros/posts/312152485497925

    Ah, o "Segredos Imorais" que comprei na Wook já chegou aqui no Brasil e logo poderei colocar minhas mãozinhas nele. Até que está sendo rápido.
    Assim que der vou começar a lê-lo.

    Beijos e bom fim de semana!

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  3. Olá Isabel :D Que espectáculo, o livro chegou rápido :D Olha amiga, não consigo ver o post mas enviei-te um pedido de amizade do meu fb pessoal, assim falamos mais vezes :))

    Beijinhos, boas leituras!

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