terça-feira, 4 de dezembro de 2018

Stephen King - A Coisa [Opinião]


Sinopse: AQUI

Opinião: Finalmente foi publicada em Portugal uma obra bastante aguardada pelos fãs de Stephen King, o clássico de 1986, IT.
A história, para mim, não era propriamente uma novidade uma vez que cheguei a ver a adaptação em minisérie de 1990 e a mais recente versão do realizador Andy Muschiett, conhecido pelo filme Mama. Tal como os fãs de IT e do palhaço Pennywise, o polémico vilão desta história, estou extremamente ansiosa pela segunda parte do filme que estreará já no próximo ano.

Na minha opinião, ambas as adaptações são relativamente fiéis ao livro, não obstante este ser bem mais rico, como é apanágio das obras adaptadas à sétima arte. Neste sentido, aproveito para apresentar aquela que é talvez a minha única crítica a esta obra e que se prende com a extensão em demasia da mesma, embora considere que esta é uma característica já transversal aos livros do autor. Tenho para mim que Stephen King pretende que o leitor se sinta parte integrante das suas histórias e para isso, não se coíbe nos detalhes. 

A obra original, IT, dividida cá em dois volumes, ultrapassa as 1000 páginas, levando-me a concluir que Stephen King quis ir muito além de uma história de terror para, quiçá, apresentar-nos um ensaio sobre a amizade. Para mim, muito mais que as terríficas cenas protagonizadas por Pennywise, a trama reside, no essencial, na união daquele grupo perante algumas adversidades como o bullying, alienação parental ou até o racismo. Na minha opinião, esta forte crítica social, abordando estas temáticas, acaba por funcionar como um murro no estômago do leitor, tanto quanto as cenas protagonizadas por Pennywise. A maldade humana é pois equiparada à força maligna do palhaço que aterroriza Derry e é real.

Como referi anteriormente, o livro é mais complexo do que qualquer adaptação cinematográfica, apresentando-nos, em particular, uma cena bastante perturbadora e que foi excluída de ambas as versões. Além disso, existem inúmeros elementos que enriquecem a trama, alguns com um teor bastaste peculiar. A título de exemplo e sem referir spoilers, existe uma tartaruga com um papel pertinente na presente obra (e cuja função é, no mínimo, bizarra) contudo, pelo que pude apurar, este animal faz parte do universo criado pelo autor, mais concretamente, na série Torre Negra. 

Bizarro é também o adjectivo que utilizaria para caracterizar Pennywise. A Coisa é um livro tão afamado que não foi surpresa para mim quando o autor revelou a verdadeira natureza do palhaço. Achei essa explicação simultaneamente inverossímil e até exagerada, contudo, dado o carácter demoníaco do vilão, é algo que acaba por lhe fazer jus. 

Com excepção de inúmeras páginas que considerei, de facto, desnecessárias para o desenrolar da trama assim como a cena polémica que referi anteriormente e que foi omitida das adaptações ao grande ecrã, posso dizer que A Coisa foi um livro que me agradou imenso. Não sou versada em Stephen King, é certo, contudo posso já afirmar que A Coisa foi, definitivamente, um dos melhores livros que li do autor até agora. Fiquei agradavelmente surpreendida por ser um livro que não se fixa exclusivamente no género de terror como era a minha percepção inicial sobre este título.

Não se deixem intimidar pelo tamanho, A Coisa é uma obra que, com as minhas devidas ressalvas, merece ser apreciada. É um livro que ficará, com toda a certeza, na minha memória para sempre. 


2 comentários:

  1. Quando dizes meramente que a cena polémica do livro é desnecessária, estás a ser muito simpática. Acho que essa cena, pelo que ouvi, de várias páginas levanta algumas questões sobre o caracter do autor e mais questões ainda sobre como é que ninguém se pronuncia sobre isso...Provavelmente porque ninguém quer criticar um autor famoso e tão adorado e depois ficar mal visto.

    Mas a partir do momento em que por alguma razão os média decidissem avançar com uma campanha acusações sobre o Stephen King, todos se lembrariam de algumas cenas estranhas das suas obras e diriam: eu sabia!

    Gostei da tua review. Estava a ler algumas reviews e opiniões sobre o It e outros livros do Stephen King antes de o comprar mas ainda estou muito na dúvida se o quero mesmo comprar ou se escolho outro livro.

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    1. Desculpa, tenho andado mesmo away do blogue e não vi atempadamente o teu comentário. Deduzo que, mesmo que não tenhas lido o livro, já saibas o teor da cena polémica. É verdade, há algumas cenas absurdas aqui e ali mas pelo que já pude apurar, o próprio SK diz que muita da sua literatura escrita nos anos 80 foi sob o efeito de alcool ou drogas. Nunca saberemos se esta será uma delas. Depois diz-me que livro é que decidiste ler dele :) Um grande beijinho e boas leituras

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