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Opinião: O mais recente thriller psicológico da Planeta lança as suas bases no lado mais obsessivo do amor. A protagonista, Francine Day, é advogada e tem entre mãos um complexo caso de divórcio, processo esse que se torna ainda mais desafiante a partir do momento em que ela se envolve com o seu cliente, Martin. Esta situação, no mínimo imoral, tornar-se-á mais intensa quando a ex-mulher de Martin, Donna, desaparece.
Poder-se-ia catalogar este livro como thriller erótico uma vez que o mesmo se alicerça numa paixão tórrida e, por conseguinte, existem várias cenas com conteúdo sexual explícito. Reconheço que, apesar de considerar que, regra geral, os thrillers eróticos são menos desafiantes que os demais, agradam-me obras deste subgénero precisamente por aliarem à componente de mistério, alguns episódios de maior sensualidade e sedução.
Confesso que a trama não me cativou nos primeiros momentos. Francine Day é uma mulher muito dedicada ao trabalho e, como tal, encontramos explanadas neste título toda uma série de detalhes concernentes ao mundo do Direito, área que, sinceramente, não me desperta grande curiosidade. Compreendo que a autora J. L. Butler, pseudónimo de Tasmina Perry, advogada de profissão, tenha querido conferir uma maior profundidade à protagonista, depreendendo-se desse modo, a utilização exaustiva de terminologia jurídica.
Ainda que Francine Day possa suscitar um sentimento de admiração pela sua dedicação profissional, a meu ver, essa percepção cai por terra a partir do momento que a mesma se envolve com Martin, uma opção nada ética para uma advogada. E é nestas circunstâncias que se instala alguma incredulidade relativamente a Francine. Martin, a meu ver, também não é convincente no que concerne aos seus sentimentos pela advogada, pois um homem que envia uma mensagem escrita com expressões de teor escatológico em forte calão não está, creio eu, a expressar o seu amor mas sim um sentimento mais próximo da luxúria ou mera atracção física.
Cria-se assim uma espécie de isenção de empatia pelos protagonistas da história. Martin apresenta argumentos pouco credíveis até ao dia em que a ex-mulher desaparece. Nesta altura da história é impossível não desenvolver um paralelismo com outras obras como Gone Girl, A Simple Favor ou mesmo outras narrativas cuja trama assente na seguinte premissa: o desaparecimento de uma mulher com um papel preponderante na narrativa.
Reconheço em Tu És Meu! alguns clichés que funcionam bem no contexto desta nova vaga de thrillers, tais como: o episódio de amnésia aquando o desaparecimento de Donna, os avanços e recuos da investigação policial e a caracterização duvidosa dos protagonistas. Ainda que Francine seja uma advogada de renome, ela é uma personagem não fiável, bem como Martin.
A haver verdadeiramente uma inovação, creio que a mesma se terá prendido com a abordagem do tema saúde mental, embora sinta que nem mesmo esta condição terá sido credível. Além disso, confesso que me desagradou a interacção de Francine com o vizinho, algo que considerei, no mínimo, constrangedor e que terá tido apenas como propósito avolumar o dramatismo do contexto pelo qual a protagonista passa.
Todavia devo dizer que li a obra com interesse até porque a história é intrigante (estive sempre na expectativa de encontrar uma razão lógica para o desaparecimento de Donna) mas confesso, infelizmente, que não me arrebatou como teria gostado.
Reflicto sobre as razões pelas quais este livro não teve um grande impacto em mim e creio que estas se prendem essencialmente com a história e a caracterização das personagens que me foram indiferentes.
Gostei, no entanto, do desfecho, tendo-o considerado bem intenso e com uma explicação convincente e surpreendente sobre o caso de Donna Day.
Em suma, é um
thriller que recomendo a todos os que apreciem tramas com personagens dúbias e pontuadas por episódios de romances tórridos e relacionamentos obsessivos.