terça-feira, 11 de dezembro de 2012

David Hewson - The Killing: Crónica de um Assassínio Vol 1 [Opinião]


Depois de ter visto a série The Killing - Crónicas de um Assassinato, foi com muita expectativa que aguardei por este livro. Felicito a editora Dom Quixote por mais uma aposta nos ditos policiais nórdicos. David Hewson vem de certa forma, juntar-se ao role de carismáticos autores como Jo Nesbo, Camilla Lackberg e Mons Kallentoft.
O primeiro aspecto curioso que o autor explica nas notas introdutórias, foi a forma como este livro nasceu, tendo sido baseado na série, o que por si só, é pouco usual. Portanto, a adaptação televisiva já existia e o livro surge posteriormente, o que, à primeira vista, não trará aspectos novos à trama.

Eu vi a série, no formato americano, e desde logo me apercebi que as semelhanças seriam irrefutáveis com a série original, em dinamarquês. O livro veio constatar esse ponto e a história desde o início foi estranhamente familiar. Não obstante, tal facto não tirou pitada do prazer que foi ler este livro até porque considero que o argumento de The Killing é um dos melhores que existem em matéria de séries de investigação criminal.

 Associar o livro à série televisiva é inevitável mas vou tentar cingir-me ao livro doravante. Este apresenta uma estrutura dinâmica, com muitos diálogos, o que contribui para uma rápida leitura se excluirmos a complexidade de retenção dos nomes das personagens e locais, aspecto intrínseco à toponímia dinamarquesa. O facto da abundância dos diálogos faz pensar se o livro não estaria fiel ao argumento da série.

A narrativa, portanto, assume duas linhas distintas: a forma como a morte de Nanna Birk Larsen abala uma família, uma comunidade escolar e indirectamente, uma vida alheia, a vida de Sarah Lund. Esta, a vicekriminalkommissaer da polícia dinamarquesa, hesita entre o abandono do caso ao ir para a Suécia e permanecer na investigação.
Há portanto, uma questão fulcral que se arrasta até ao final, um pouco à semelhança da série dos anos 90, Twin Peaks (Who killed Laura Palmer), e que inevitavelmente aqui será Who killed Nanna Birk Larsen?
O primeiro volume narra os primeiros onze dias da investigação, levada a cabo por Sarah Lund e por Jan Meyer, investigação esta pautada pelas falsas pistas que vão surgindo aliada ao desvendar de segredos, um pouco por todas as personagens, que directa ou indirectamente se relacionam com Nanna Birk Larsen.
Mas o The Killing é mais do que isso: é a forma como explicita certo abuso de poder, tráfico de influência e corrupção activa, nos cargos políticos. E estes, infelizmente, acabam por ser um pouco transversais a todos os países.

Numa história de conteúdo tão ricos, há pormenores que parecem ser descurados. Falo portanto das personagens, que achei pouco desenvolvidas. Proponho a minha explicação para o facto: no contexto deste livro ser baseado na série e o leitor poder optar por visualizar a mesma. Ou talvez esta seria a verdadeira intenção do argumentista para que os segredos das personagens constituíssem surpresa ao longo do enredo e desta forma surtir o efeito choque tão característico de The Killing.

Para quem visionou a série, como eu, o livro não constitui grandes surpresas uma vez que está fidedigno à adaptação televisiva. Ainda assim, The Killing é uma excelente trama policial, a qual recomendo. Estou desejosa que chegue Janeiro, mês em que estará disponível o segundo (e último) livro da saga. Um livro muito bom!


1 comentário:

  1. Gostei muito desta tua opinião Vera, e decididamente vou passar o livro. Tenho estado a acompanhar a série e como sabes estou a adorar. Gosto de séries, bem estruturadas e que me façam dar voltas à cabeça. Esta é um excelente exemplo. E ao contrário da maioria, foi a série que deu origem ao livro e não contrário.
    p.s Boas notícias.... lá chegaram a uma conclusão: haverá mesmo uma 3ª temporada (americana) da série. Parece que a Dinamarquesa já arrancou.

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