Sinopse: Uma
manhã, o cadáver de um marinheiro é arrastado pela maré até à beira-mar de uma
praia galega. Se não tivesse as mãos amarradas, Justo Castelo seria outro dos
filhos do mar a encontrar a sua sepultura entre as águas, durante a faina.
Sem testemunhas nem rasto da embarcação do
falecido, o inspetor Leo Caldas mergulha no ambiente marinheiro da povoação,
tentando esclarecer o crime entre homens e mulheres renitentes em revelar as
suas suspeitas, mas que, quando decidem falar, indicam uma direção demasiado
insólita.
Opinião: Na aldeia Panxón, na Galiza, em que a actividade piscatória é o ganha pão dos locais, o cadáver de Justo Castelo dá à costa. Os locais, gente de origem humilde, consideram que o pescador terá cometido suicídio, no entanto, as provas forenses indicam que terá sido um homicídio.
Esta é a premissa de um livro que equilibra a investigação criminal com o desvendar de segredos dos populares. Estes conferem, como seria de esperar, algumas reviravoltas ao longo de uma trilha repleta de falsas pistas. Por isso dá a sensação que, sem perder o interesse do leitor, nos primeiros dois terços do livro a investigação aparentemente não avança.
O aspecto que mais me cativou no livro foi sem dúvida, o cenário onde tem acção esta trama policial. O autor descreve pormenorizadamente as belas paisagens costeiras galegas e a rotina dos pescadores que habitam na região. Durante muitos anos passei férias em Olhão no Algarve e não pude deixar de estabelecer um paralelismo entre os habitantes de Panxón com o povo olhanense devido aos hábitos e à rotina de quem vive do mar.
Nunca pensei que um crime nestas circunstâncias fosse credível pois nunca consideraria os humildes pescadores como assassinos mas finda a leitura, não pude deixar considerar que este ambiente, tão melancólico, fosse propício a um caso criminal deste calibre.
Sendo o primeiro contacto que tenho com o autor Domingo Villar, devo dizer que o caso está inteligentemente arquitectado e a escrita é bastante fluída. Gostei da estrutura original da trama onde cada capítulo é antecedido por uma definição das que consta no dicionário.
O autor não se alarga em pormenores de natureza violenta, restringindo-se apenas aos procedimentos standard na morgue.
Este é o segundo livro escrito por Domingo Villar, e embora não tenha lido Ojos de Água, também protagonizado por Leo Caldas, não me senti perdida de todo. Neste romance policial é dada pouca ênfase à vida pessoal de Caldas, se for a comparar com a generalidade dos livros policiais que li recentemente, abordando a sua relação com o pai, o tio Alberto, a mulher que o deixou Alba e acima de tudo, com o assistente Rafael Estevez. Villar reveste a personagem principal de algum humor, não só nas passagens ocorridas no hospital, num tom mais agridoce como nas observações ao sempre cúmplice Rafa e as idas à rádio local em Vigo, numa tentativa de melhorar o relacionamento com a comunidade.
A Praia dos Afogados é o terceiro livro da colecção Sextante Top que tinha elevado a fasquia das tramas policiais de qualidade com os livros Alex de Pierre Lemaître e Sindrome E de Franck Thilliez. Na linha dos bons policiais europeus, junta-se este A Praia dos Afogados, esperando eu que seja o primeiro de mais publicações do autor Domingo Villar.
Para mais informações sobre o livro A Praia dos Afogados, clique aqui.
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