Sinopse: AQUI
Opinião: Tenho para mim que este livro terá uma opinião consensual à grande maioria dos leitores. Posto isto, como entusiasta de um bom policial nórdico que sou, ia já preparada para me deparar com uma história que, a avaliar pela premissa, prometia ser bastante pesada. Os crimes contra as crianças são, indubitavelmente, aqueles que mais me chocam. Na obra em epígrafe, deparamo-nos com um espectro de atentados a crianças, passando pela negligência, culminando no de maior gravidade, o homicídio. As vítimas são crianças em idade pré escolar, o que pode acentuar os contornos impressionantes dos assassinatos e, pessoalmente, considero que os pormenores relativos ao modus operandi torna-os ainda mais difíceis de digerir.
Contudo, Viajo Sozinha não se cinge apenas a esta premissa. A história é enriquecida com uma subtrama, alusiva à comunidade religiosa do local e, desde cedo, o leitor é incitado a estabelecer uma relação entre as duas histórias aparentemente desvinculadas, tendo apenas como denominador comum o papel da criança como vítima.
Uma narrativa com esta complexidade carecia de dois protagonistas que lhe fizessem jus: Holger Munch e Mia Kruger. O protagonista masculino, um polícia bastante experiente, já com uma neta com idade pré escolar é, talvez, o aspecto mais previsível da história. Afinal de contas, a pequena Marion tendo a idade das vítimas do serial killer, poderá, eventualmente, constituir mais uma vítima do antagonista. Por outro lado, Mia, tem sérios problemas familiares que a afectaram drasticamente. É uma mulher que inspira grande compaixão, por isso. É notório que estas histórias de vida tão sobredesenvolvidas, uma característica por vezes incomum no livro de estreia de uma série, conduzem a uma familiaridade entre o leitor e a obra, pelo que, inevitavelmente, finda a leitura, fica o desejo de ler, quanto antes, a continuação desta história.
Uma vez que a acção é repartida em duas subtramas, além das histórias pessoais dos protagonistas, creio que a obra é bastante envolvente, estimulante e complexa, razão pela qual devo mencionar o único aspecto menos positivo e que considero pertinente ser referido: Viajo Sozinha é uma obra extensa, ascendendo a mais de 500 páginas, pelo que poderão contar com uma história cativante sensação que se deve sobretudo aos pormenores que enriquecem a trama. Porém, o mesmo não se verificou com o desfecho. Tive uma sensação que este foi demasiado apressado e, para a história que Bjørk arquitectou, pessoalmente teria gostado que o final fosse mais explorado e, acima de tudo, que o epílogo fosse um pouco mais animador. Ainda assim, desperta um imediato interesse pelas obras que sucederão a esta.
O balanço final de Viajo Sozinha superou largamente as minhas expectactivas. Estamos perante uma trama complexa e verdadeiramente emocionante com um extra: Samuel Bjørk ficará na lista de autores a manter debaixo de mira.
Esta opinião está qualquer coisa de espetacular! Fico sempre com vontade de ler os livros quando leio as tuas opiniões! Mas talvez este seja um bocado duro de mais para mim ahah
ResponderEliminar