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Opinião: Antes de mais, como já saberão, considero-me uma grande fã das carismáticas personagens criadas por aquele que é considerado por muitos, o autor que revolucionou a literatura policial escandinava. Falo, claro, de Lisbeth Salander e Mikael Blomkvist.
Talvez por isso me tenha conseguido desprender dos rótulos menos abonatórios conferidos à nova abordagem de David Lagercrantz no que concerne à continuação da história protagonizada pela hacker e pelo jornalista da Millennium e, como tal, tenho naturalmente acompanhado o trabalho do autor.
Pelo que pude apurar, o presente título encerra a série. Mentalizei-me, desde logo, que esta terá sido a última trama protagonizada pelas personagens que tanto acarinho.
Ainda assim, voltou a instalar-se um sentimento de saudade, originando uma reflexão sobre o quão importantes foram estas personagens e quão intensa foi a história criada por Stieg Larsson a ponto de me tornar uma fã inveterada pela literatura policial escandinava.
O presente título vai muito ao encontro das anteriores obras de Lagercrantz. Tendo como premissa a morte de um mendigo, o leitor é convidado a "participar" numa expedição a uma montanha, conhecer um ministro duvidoso em adição à sede de vingança por parte de Camilla, irmã de Lisbeth.
Posto isto, creio que A Rapariga Que Viveu Duas Vezes satisfaz os fãs que apreciaram a nova roupagem conferida por Lagercrantz à saga Millennium.
Pessoalmente teria gostado de ver Lisbeth num papel mais activo, uma vez que, durante a primeira parte da narrativa vemo-la com uma participação fugaz no presente título. Sobre as histórias pessoais dela e de Blomkvist, creio que este volume não adiantou muito. As bagagens emocionais encontram-se já construídas e alicercadas na trilogia original, pelo que Lagercrantz não acrescenta elementos novos à trama. Confesso não me recordar de pormenores minuciosos como, em particular, o da situação de Erika Berger, lapso que atribuo ao facto de ter lido o último volume aquando o seu lançamento, que data de 2017.
Se a trama me manteve bastante intrigada, esta sensação intensificou-se a partir da segunda metade da obra, altura em que são apresentados alguns flashbacks, fulcrais para a construção do quebra-cabeças.
Apenas creio que, para final de uma série, carecia de um final mais épico, mais intenso e que me fizesse despedir das personagens de uma forma mais emocionante. O desfecho, a meu ver, não me parece ter encerrado devidamente os destinos das personagens, oferecendo uma clara sensação que poderíamos ter mais uma história. Esta hipótese está, claramente, fora de questão. Já é um facto público que este será o derradeiro volume da série.
Em suma, ainda que tenha noção que a abordagem de Lagercrantz é diferente da do criador da série e haja alguma incerteza sobre qual seria o rumo dado às personagens caso o próprio Stieg Larsson tivesse conseguido prosseguir com a saga, a meu ver, os ultimos três volumes afiguram-se revestidos de algum interesse no que concerne à continuação da história de Lisbeth Salander, embora com um estilo distinto da trilogia original.
Desta forma, ainda que o título em apreço não tenha sido o meu favorito da série, gostei, acima de tudo, de rever as personagens icónicas criadas por Stieg Larsson. Deixarão, com certeza, muitas saudades.
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