quarta-feira, 29 de agosto de 2018

Rentrée 2018 [Planeta]

QUARENTA DIAS SEM SOMBRA, Olivier Truc
Setembro
Vencedor de 22 prémios literários. O aclamado e premiadíssimo romance de estreia do autor francês Olivier Truc é um policial étnico fascinante que nos leva a uma terra misteriosa, a Lapónia, e à descoberta da cultura e do povo Sami, um dos últimos povos indígenas da Europa, quase desconhecidos e em risco de desaparecerem.
Olivier Truc é jornalista e correspondente do Le Monde e do Le Point, em Estocolmo.
Especialista nos países nórdicos e bálticos, o autor conhece bem a região que tem como pano de fundo este policial magnífico e intenso, escrito num estilo directo e vigoroso.

A NOSSA FORMA DE CRUELDADE, Araminta Hall
Setembro
Um romance profundamente inquietante onde um jogo secreto entre amantes tem consequências mortais. Este tipo de amor tóxico que conduz à obsessão, está muito bem descrito no livro e a autora dá-nos acesso a uma mente retorcida de um stalker.

O RAPAZ À PORTA, Alex Dahl
Outubro
Um thriller psicológico muito poderoso que é obra de estreia desta escritora norueguesa.
Um livro muitíssimo bem escrito, com uma excepcional caracterização das personagens e tensão do suspense muito bem conseguida. É obscuro, inteligente e emocionante, é impossível parar de ler. Numa pacífica cidade escandinava onde a violência nunca aconteceu uma rede de mentiras tão densa que quase se torna impenetrável irá abalar não só a cidade como também a comunidade. 


terça-feira, 28 de agosto de 2018

Leila Slimani - Canção Doce [Opinião]

Sinopse: AQUI

Opinião: A obra Canção Doce é marcada pela primeira frase: "O bebé morreu". Poder-se-ia, desde logo, pensar que sabendo de antemão o desfecho da história, a mesma seria previsível e, por conseguinte, desinteressante. Antes pelo contrário. Devo dizer que tentar desvendar uma trama que originou um infanticídio, bem como ferimentos graves numa criança mais velha, sabendo atempadamente o clímax, afigura-se como uma leitura desafiante. Como de facto, Canção Doce, livro que venceu o prémio Concourt em 2016, se revelou.

Começo por realçar o ínfimo número de páginas da obra em apreço que acaba por ser inversamente proporcional à tensão criada pela história, que se desenvolve a partir da necessidade de Myriam e Paul contratarem uma ama para os seus filhos, uma situação tão banal nos tempos actuais. Pegando nessa mesma premissa como ponto de partida da presente recensão, é notório que Canção Doce questiona alguns aspectos referentes à sociedade moderna, mais concretamente à maternidade, adiantando que a autora não mostrou apenas o lado idílico desse estágio da vida, optando por traçar um retrato mais cru e realista da dicotomia entre os progenitores e a sua prole. Conjugar a maternidade com a necessidade de uma realização profissional parece um exercício hercúleo com as pressões da sociedade actual. 
Assim, um dos elementos que apreciei na obra foi, portanto, a reflexão sobre o tema, algo que somos impelidos a fazer pelo presente título. 
Registei igualmente, se bem que de forma mais secundária, uma subtil crítica à comunidade parisiense, na forma como esta lida com o racismo, um fenómeno que, deduzo eu, surja em resposta ao número cada vez maior de emigrantes na capital francesa.

Ainda que, na minha opinião, Canção Doce não seja uma trama completamente original (reconheci algumas similaridades com o filme A Mão Que Embala O Berço realizado por Curtis Hanson em 1992), é impossível não nos rendermos a esta obra, ainda para mais, quando encontrarmos também semelhanças com episódios verídicos entre amas e os seus alegados protegidos. Talvez seja este o factor mais chocante da narrativa, quando observamos que a figura que devia cuidar, acarinhar e guardar as crianças torna-se simultaneamente a vilã da obra. Acima da exímia construção das personagens, fascinaram-me as interacções da ama com o núcleo familiar, conduzindo a leitura a um crescendo de emoções. 
Ao contrário da grande maioria dos títulos do mesmo género, constatei que Canção Doce  não apresenta um grande twist final. Todavia não me importei com tal facto pois, afinal de contas, todo o desenvolvimento da trama é muito intenso.

Em suma, Canção Doce é um livro intenso e que espicaça algumas questões actuais relativas à sociedade moderna, conduzindo-me a um exercício de introspecção. Ainda hoje penso nos contornos desta obra visceral. Gostei mesmo muito!


quinta-feira, 23 de agosto de 2018

John Douglas & Mark Olshaker - Mindhunter [Opinião]


Sinopse: AQUI

Opinião: Normalmente atribuo 5 estrelas no Goodreads a livros que me ofereçam uma experiência de leitura assombrosa e voraz. No entanto aconteceu-me o contrário com esta obra: que é impressionante, sem sombra de dúvida, todavia o ritmo de leitura foi moroso. Tal dever-se-á ao facto deste título me ter impelido a pesquisar continuamente (levando-me até a ficar viciada num conjunto de mini documentários de um canal de Youtube chamado Freak TV), de forma a complementar toda a informação que John Douglas partilha nesta obra. 
Os testemunhos de Douglas, que trabalhou no FBI na área de desenvolvimento de perfis psicológicos de alguns criminosos são intensos e não há como ficar indiferente a Mindhunter.

Tratando-se um livro de não ficção, tenho notado que este género, embora me impressione mais que os tradicionais romances policiais, me tem atraído mais recentemente. Poder-se-á dizer que este título apresenta igualmente alguns laivos de autobiografia, o que, a priori, poderia parecer que seria maçador, contudo, na minha opinião, John Douglas afigura-se como um indivíduo extremamente fascinante pelo que nem as passagens relacionadas com a sua vida me desinteressaram da leitura. 
Porém o livro tornou-se muitíssimo mais cativante a partir do momento em que o ex-agente especial do FBI se debruçou sobre os mais variados casos de homicídio que ajudou a deslindar. Confesso que conhecia poucas das personalidades que são abordadas na obra e fiquei deveras impressionada sobretudo com Edmund Kemper III.

Como já referi brevemente, esta leitura convidou-me a fazer várias pesquisas. Sempre que John Douglas se referia a mais um caso (ele mencionou sobretudo investigações entre o final dos anos 70 e a década de 80), tive necessidade de ir apurar mais alguns factos sobre estas mentes criminosas. A título de exemplo, cheguei a ver o filme The Frozen Ground, de 2013, o qual relata o caso de Robert Hansen. Também este assassino em série me impressionou com o seu modus operandi tão mórbido e peculiar. 
Recordo-me igualmente da investigação sobre Jerry Brudos... como esquecer que uma parafília tenha escalado para uma situação mais grave. 
Poderia estar aqui a enumerar os serial killers que me chocaram mais, contudo prefiro despertar em vós a curiosidade sobre estas personalidades tão macabras e acima de tudo lanço-vos o desafio de conhecê-los através da perspectiva do homem que conseguiu analisar o perfil de um vasto conjunto de psicopatas, a partir da observação de cenas de crime e algumas entrevistas com os próprios já em situação de detenção.

Ao ler estes relatos, fiquei revoltada com os homicídios e o sentimento intensificou-se com a descrição de crimes perpetrados contra crianças, designadamente de índole sexual. O autor também relata com grande pormenorização algumas cenas cujo conteúdo poderá ser susceptível de ferir a sensibilidade de alguns leitores.
Na minha óptica, esta leitura foi, sem sombra de dúvidas, um desafio à minha própria sensibilidade.

Em suma, embora seja um género de livro ao qual não estou muito habituada (estranhamente é já a segunda obra de não ficção que leio este Verão) Mindhunter é um sério candidato ao pódio dos melhores livros lidos este ano. Impressionou-me, desafiou-me a conhecer mais sobre os homicidas relatados e, acima de tudo, espicaçou ainda mais o meu interesse pela área da Criminologia e da Psicologia Forense. 

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quarta-feira, 22 de agosto de 2018

John Douglas & Mark Olshaker - Mindhunter [Resultado Passatempo Editorial Presença]


Com a preciosa colaboração da Editorial Presença, a menina dos policiais tinha um exemplar do livro Mindhunter de John Douglas & Mark Olshaker para oferecer. Desde já agradeço à editora e aos participantes que contribuíram para o sucesso deste passatempo. Com 163 participações válidas, as respostas correctas eram:

1. Qual foi o famoso assassino em série entrevistado por John Douglas? Charles Manson
2. Quem afirmou que «John Douglas sabe mais sobre assassinos em série do que qualquer outra pessoa em todo o mundo.»? Jonathan Demme
3. Em que serviço de internet podemos assistir à série baseada nesta obra? Netflix
4. Que documentário nomeado para um Emmy foi escrito e produzido por Mark Olshaker?
Mind of a Serial Killer

Note-se que este passatempo tinha uma particularidade facultativa: quem partilhasse o passatempo no Facebook, no seu mural e de forma pública, a participação era duplicada. Assim, quem participaria na posição 1 e cumprisse este requisito, participa com os números 1 e 2. O objectivo era divulgar o blogue aos amigos :)

E após um sorteio no random.org, a vencedora é:

101 - Paula António (Falagueira) 

Parabéns à vencedora!!! A todos os que tentaram mas não conseguiram, não desistam pois terei o maior prazer em fazer estes passatempos! Boa sorte e boas leituras para todos!

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quinta-feira, 16 de agosto de 2018

Jussi Adler-Olsen - A Mensagem na Garrafa [Divulgação Editorial Presença]


Data de publicação: 17 Agosto 2018

               Título Original: Flaskepost fra P
               Tradução: João Bouza da Costa
               Colecção: O Fio da Navalha #119
               Preço com IVA: 22,90€ 
               Páginas: 504
               ISBN: 9789722362573

Autor bestseller, multipremiado com mais de 16 milhões de livros vendidos. 
A Mensagem na Garrafa,é uma obra perturbadora, mas definitivamente inovadora. 
Todos os livros da série Departamento Q foram adaptados ao grande ecrã!

Sinopse: Em Wick, nos confins da Escócia, dois irmãos, ainda crianças, acordam amarrados e amordaçados num barracão para embarcações junto ao mar. As amarras com que estão presos são impossíveis de romper. Mas talvez alguns dos objetos deixados por perto possam ajudá-los: uma garrafa e alcatrão para a selar, uma farpa de madeira e papel para escrever uma mensagem de socorro…
Anos depois, na divisão de casos arquivados da polícia em Copenhaga, o inspetor Carl Mørck recebe uma garrafa que contém uma mensagem velha e quebradiça, escrita com sangue por dois rapazes. Será real? Quem são eles e por que razão ninguém deu o alerta do seu desaparecimento? Estarão ainda vivos?
Inicialmente, a investigação não parece dar frutos, mas rapidamente Carl e a sua equipa dão por si no encalço não só destas crianças, mas também de muitas outras: rapazes e raparigas desaparecidos e que nunca mais foram vistos.
E seguem o rasto de um assassino cruel incapaz de parar...

Sobre o autor: Jussi Adler-Olsen nasceu em Copenhaga e trabalhou como editor em diversas publicações antes de escrever ficção. 
Recebeu numerosas distinções e prémios nos últimos anos, nomeadamente o Golden Laurels, o maior prémio literário da Dinamarca. Detém o prestigiado Glass Key Award, concedido anualmente a romances policiais de autores escandinavos. Conta com 10 milhões de livros vendidos em mais de 40 países. Desejo de Vingança é o segundo romance da série do Departamento Q, da qual a Presença publicou já O Guardião das Causas Perdidas.

Imprensa
«Uma história perversa... inspirada em acontecimentos reais durante um período negro da história da Dinamarca. Ah!, mas há muito mais que isso, muito mais neste thriller alucinante.» 
The New York Times Book Review

«Um romance impressionante e inquietante... com uma criatividade notável e marcante.»
The Independent

Leia aqui as primeiras páginas  

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terça-feira, 14 de agosto de 2018

Seth C. Adams - O Cobrador [Opinião]


Sinopse: AQUI

Opinião: Um livro recomendado aos fãs da série Stranger Things e dos livros IT e O Homem de Giz? Então será, definitivamente, uma leitura para mim!
Foi com base nesse pressuposto que, com bastante expectativa, embarquei na obra de estreia de Seth C. Adams.

Antes de mais devo dizer que compreendo as comparações com as obras em epígrafe, embora, na minha modesta opinião, estas dever-se-ão apenas ao facto de os protagonistas constituírem um grupo em idade escolar com toda a dinâmica inerente a essa realidade vivida no período da adolescência ou pré-adolescência.
Embora o "Clube dos Falhados" de IT seja referenciado, (tenho para mim que o autor terá querido homenagear o autor Stephen King), creio que esta dinâmica das personagens e a própria premissa da obra vai mais ao encontro do conto Stand By Me, traduzido para português como Conta Comigo. Para quem não conhece este conto, da autoria do mestre do terror, o mesmo debruça-se sobre um grupo de jovens que encontra um cadáver, sendo a característica mais interessante da narrativa o facto desta explorar a curiosidade das personagens bem como as sensações que este acontecimento lhes desperta.
Mas engane-se quem acha que O Cobrador será uma versão "wannabe" destas histórias de King. O aspecto que salta mais à vista parece ser, sem dúvida, o rumo que a acção toma, com contornos explícitos de violência, facto que me surpreendeu pois, a meu ver, seria expectável que uma história narrada por um jovem de 13 anos se cingisse a uma trama mais comedida.

Adorei o protagonista e narrador, Joey, um miúdo que, como referi, na altura desta história, tem apenas 13 anos, e cujas considerações são hilariantes. Dei por mim a esboçar um sorriso com as suas considerações e os seus gracejos. Tal como eu este personagem adora livros, pelo que não pude deixar de me identificar com a sua ambição em comprar montes deles, caso tivesse muito dinheiro à sua disposição. Acima de tudo, o que mais me agradou foi o humor negro com que as suas observações são dotadas.

Como pude afirmar anteriormente, a dado ponto, a trama começa a tornar-se bastante violenta, facto que me levou a duvidar de algumas atitudes de Joey e dos seus amigos. Pareceram-me demasiado adultas para um grupo de pré-adolescentes. Confesso que certas atitudes pareceram-me mesmo inverosímeis, tendo em conta a referida faixa etária dos personagens principais.
Além disso, o autor passa cerca de um terço do livro a descrever as personagens e as suas interacções, pelo que considero que a componente de thriller, propriamente dita, se desenvolveu tardiamente. 
Ainda assim e ao contrário do que possa parecer, não me senti maçada. O autor deu a conhecer, logo desde o início, as personagens e sua interacção envolvido-me completamente naquele ambiente juvenil.
Apesar daquele grupo ser composto por miúdos estereotipados, creio que esta continua a ser uma fórmula que resulta desde meados do séc. XX, isto se considerarmos que tais estereótipos já se encontram presentes nas obras infanto-juvenis da escritora britânica Enid Blyton. Esta percepção foi reforçada através da presença do Bandit o cão de Joey, que tem igualmente um papel preponderante na trama.

Claro que quando a presente obra chega ao seu clímax dei por mim a pensar o quão longe estava de imaginar que aí viriam passagens de carácter tão impetuoso e cheias de adrenalina, componentes estas que estiveram adormecidas no início da leitura. Este foi, a meu ver, claramente, o ponto forte desta narrativa.

Em suma, apesar de não ter sido uma história que me tenha deslumbrado desde o início, como terão certamente depreendido, acabou por me surpreender. Não esperava, sinceramente, que o desenvolvimento da história fosse tão intenso. Assim, O Cobrador é uma leitura que aconselho, especialmente aos fãs de tramas mais sombrias e que possuam um estômago forte. As cenas finais são brutais! 


quarta-feira, 8 de agosto de 2018

John Douglas & Mark Olshaker - Mindhunter: Caçador de Mentes [Passatempo Editorial Presença]


Desta vez, e em parceria com a Editorial Presença, a menina dos policiais tem para sortear um exemplar do livro Mindhunter de John Douglas & Mark Olshaker. Para participar no passatempo tem apenas de responder acertadamente a todas as questões seguintes.
São mantidos os moldes do passatempo anterior: a partilha do passatempo numa rede social, pública, garante ao participante mais uma entrada válida!

Regras do Passatempo:

- O passatempo começa hoje, 8 de Agosto de 2018 e termina às 23h59 do dia 19 de Agosto de 2018.
- Os participantes deverão ser seguidores do blogue (fazer login na caixa dos seguidores na barra direita do blogue)
- O participante vencedor será escolhido aleatoriamente.
- O vencedor será contactado via e-mail.
- O blogue não se responsabiliza por extravios dos CTT.
- Apenas poderão participar residentes em Portugal e só será permitida uma participação por residência.
- Se precisarem de ajuda podem consultar aqui

Só me resta desejar boa sorte aos participantes!!! :)

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quinta-feira, 2 de agosto de 2018

Michelle McNamara - I´ll Be Gone In The Dark [Opinião]


Sinopse: AQUI

Opinião: Antes da publicação deste título em Portugal ouvi previamente o audiobook e devo dizer que fiquei profundamente chocada com a trama. Confesso que ler sobre True Crime me arrepia apesar de ser apaixonada pelo género policial. É como se a palavra ficção me trouxesse algum conforto na hora de abordar a narrativa de um crime. Ler uma obra de não ficção acaba por se assemelhar a um soco no estômago. No meu íntimo, acabo por pensar na trama policial como mera ficção, o que, obviamente, não é de todo verdade.

O meu fascínio pela criminologia já me levou a ler textos relacionados com serial killers conhecidos como o Jeffrey Dahmer, Ted Bundy ou o Zodiac. Desconhecia de todo este Golden State Killer - nome atribuído pela autora devido às áreas de actuação - um psicopata que começou por ser um violador em série cujo modo de actuação rapidamente escala para o homicídio. 

Após uma estrondosa introdução de Gillian Flynn, a obra começa por reunir os primeiros casos deste homicida. Fiquei uma vez mais chocada com a exposição dos factos, sem quaisquer floreados. Diria até que os testemunhos e os vários casos são relatados com enorme grau de pormenorização. Consegui idealizar tudo até ao ínfimo detalhe: o modus operandi deste indivíduo e, acima de tudo, o estado dos cadáveres quando encontrados. Não é um livro fácil de ser lido sobretudo se pensarmos que tudo o que é descrito aconteceu na realidade.

Outro factor que me deixou impressionada foi a forma como Michelle McNamara morreu. Ao que pude apurar, as várias insónias devidas à compilação dos dados alusivos ao Golden State Killer e posterior escrita deste livro (que saliento ter sido publicado postumamente), conduziram a complicações cardíacas devidas à excessiva medicação. Desconheço se o seu contributo ajudou na captura do serial killer vários anos volvidos sobre a concretização dos homicídios, mas aqui fica um excelente documento de jornalismo de investigação: a exposição minuciosa dos vários casos, as pistas da autora e a actualização das técnicas forenses ao longo dos últimos tempos poderão, à priori, ser considerados componentes de uma leitura maçadora mas afianço-vos que o livro é cativante.

Não é de crime que vive este livro: há um capítulo, em particular, que me tocou. Michelle descreve a sua relação com a mãe, levando-me, inevitavelmente, a pensar na minha e no nosso relacionamento. 

Ainda sou imberbe no que concerne à literatura de não ficção, é certo, mas pelos motivos anteriormente mencionados, não tive como não me render a este livro tão peculiar. Gostei muito!

Esta é a versão portuguesa que tenciono comprar pois ambiciono estender a minha biblioteca ao género de não ficção criminal: 

Chris Carter - Um Por Um [Opinião]

Sinopse: AQUI

Opinião: Chris Carter já entrou para a lista dos meus autores preferidos e a série protagonizada por Robert Hunter tornou-se já imprescindível na minha estante. Aguardo, por isso, sempre com grandes expectativas, que um novo livro do autor seja publicado por cá e acabo sempre por ser surpreendida.

Como já tive oportunidade de referir noutras recensões críticas, este autor não se coíbe nos pormenores mais gráficos de violência, daí o meu fascínio pela sua escrita.
No quinto volume da série, Um Por Um, a fórmula repete-se e acabei por ser, novamente, rendida ao teor atroz desta história. Além disso, esta série tem uma particularidade: é-me de todo impossível eleger uma trama preferida. Creio que dentro deste estilo mais gráfico de thrillers, a qualidade mantém-se em todos os livros.

Antes de mergulhar na análise da trama, devo reconhecer algumas semelhanças entre esta história e a do filme Untraceable de 2008 pelo que esta narrativa não é inteiramente original. Todavia tal facto não estragou, de todo, o imenso prazer com que li esta obra.
Em Um Por Um, o serial killer dá a escolher como são mortas as vítimas, num modo de funcionamento semelhante ao do programa Agora Escolha, emitido pela RTP nos anos 80 e 90 e que se tornou parte do imaginário de várias gerações. No caso em apreço e em plena era digital, a referida escolha explora já a influência insidiosa da Internet. E as opções consubstanciam actos simplesmente execráveis sendo, por isso, um livro que me angustiou imenso, mas que, como já salientei, também me agradou de sobremaneira. Ainda hoje me recordo dos pormenores daqueles homicídios e sinto-me algo consternada. Meus amigos, isto é autêntico torture porn literário!
Estes crimes perversos impressionaram-me muito e depreendo que deve ter havido alguma pesquisa por parte do autor para alicerçar um homicídio em particular.
Creio que esta será a componente mais impressionante desta obra, embora Carter já nos tenha habituado a serial killers impiedosos que se destaquem pelos mórbidos modus operandi.

A trama engenhosa tem um ritmo frenético, repleta de reviravoltas e tensão à custa deste macabro antagonista. Também a dinâmica entre Robert Hunter e Carlos Garcia continua a ser um outro factor que me agrada na série. Neste volume, Carlos passa por mais uma provação e eu sinto que o protagonismo, deixa de ser inteiramente de Robert para passar, gradualmente, a ser disputado por ambas as personagens.

Uma trama deste calibre teve um final à altura. O desfecho intenso foi adequado e as motivações do vilão devidamente explanadas. Será, por isso, um serial killer que tardará em sair-me da retina. Diria até que os antagonistas literários mais soturnos que conheço vêm do imaginário deste autor.

Em suma, uma leitura voraz e empolgante como Chris Carter já nos habituou. Vibrei a cada página lida por isso merece a nota máxima no Goodreads, 5 estrelas! Uma série indispensável para os fãs de thrillers viscerais. Já aguardo ansiosamente pelo próximo!


quarta-feira, 1 de agosto de 2018

Phoebe Locke - O Homem Nas Sombras [Opinião]


Sinopse: AQUI

Opinião: Envolto numa excelente campanha de marketing, O Homem Nas Sombras foi um livro que me suscitou a atenção logo desde o primeiro instante. Além disso, foi para mim um prazer privar com a autora, Phoebe Locke, pseudónimo de Nicci Cloke, num evento organizado pela editora Planeta, à qual endereço os meus agradecimentos.
O encontro com a referida autora aumentou exponencialmente a minha expectativa para com a presente obra.

A premissa do livro é bastante interessante pois assenta num mito urbano, o do Slenderman ou Tall Man, que foi alvo de dois filmes (o segundo estreará no nosso país para o mês que vem). Confesso que estas lendas, com enfoque no terror e no folclore local, me deixam muito curiosa, daí estava em crer que a presente obra consubstanciava uma história poderosíssima.
Contudo, e sendo eu fã de filmes de terror, tenho já uma fasquia elevada no género pelo que, lamentavelmente, confesso que não senti esta componente de uma forma tão intensa quanto esperava. 

A acção subdivide-se em três momentos temporais: em 1990, Sadie, ainda criança, está no bosque com amigas e faz um pacto. Em 2000, esta personagem e Miles descobrem que vão ter uma menina e actualmente, em 2018, a filha de Sadie, Amber, está envolvida nas gravações de um documentário sobre a sua condenação por homicídio. 
Portanto o mistério principal que a autora propõe consiste em saber como se interligam estas três subnarrativas e, pessoalmente, enquanto lia, ia-me questionando se Amber cometera o crime, de facto, e qual seria a sua motivação. Um simples mito urbano poderia conduzir uma adolescente a um destino tão trágico?

Devo confidenciar que não gostei tanto da obra como esperava. Achei a trama demasiado morosa, repleta de pormenores que, salvo melhor opinião, considerei pouco relevantes para a história e eu, definitivamente, aprecio narrativas com um ritmo mais frenético.
Além disso, pensei que a narrativa se cingisse mais ao género de terror, ao estilo de O Homem de Giz, o que não aconteceu. Culpa novamente das minhas expectativas.

Além disso, consegui identificar algumas vulnerabilidades no enredo. Ainda hoje subsiste a dúvida: este Tall Man existiria de facto ou seria apenas um mito que motivou toda a história de Sadie? Creio que carecia de uma explicação mais aprofundada. 
No que concerne ao desfecho, devo confidenciar que considerei o mesmo anticlimático. Esperava um final mais intenso.

Em suma, apesar de ter gostado imenso da autora Phoebe Locke, pela sua simpatia e simplicidade, talvez por isso, aumentando as expectativas para esta leitura, infelizmente não apreciei o livro quanto gostaria. Contudo reconheço que esta leitura foi desafiante na medida em que me senti impelida a pesquisar sobre este mito que desconhecia até então.