terça-feira, 31 de dezembro de 2019

Retrospectiva de 2019 [Livros]

Comecei 2019 com uma meta de 75 livros, tendo lido apenas 53. 
Nos últimos dois anos, tenho abraçado desafios novos no trabalho, dedicando-me mais ao mesmo e, por conseguinte, o ritmo de leituras tem vindo a descer significativamente. Honestamente, nos últimos meses senti-me tão cansada que passaram semanas sem que lesse uma página, imagine-se! Nessa altura notei que o desinteresse pela leitura pareceu ter alastrado também à compra de livros, durante algumas semanas não estive a par das novidades que saíram e mal actualizei o blogue. Todos os anos, desde que me lembre, sou uma entusiasta com as eleições para os melhores livros no Goodreads (voto apenas nas categorias de terror e thriller). Este ano falhei redondamente com esse dever eleitoral de livrólica. 
Desafiei-me a ler 12 livros de um autor que tanto admiro, Stephen King, contudo mal começou o ano lectivo corrente, tive consciência de que não iria conseguir. Ainda assim, acho que vou continuar a ler um livro deste autor por mês.


Em 2020 pretendo, claro, reverter esta tendência e disciplinar-me mais no que concerne aos meus hábitos de leitura bem como as actualizações do blogue. Afinal de contas, é neste ano que comemoro 10 anos de opiniões e partilhas literárias!
Baixei a minha fasquia para os 60 livros e estou esperançosa de conseguir pois outrora li muito mais mas ao mesmo tempo tenho consciência dos meus limites e tenho que ser mais moderada com os meus objectivos de leitura. 

Para terminar 2019, quero destacar os títulos que mais me marcaram:


Segundo me apercebi, avaliei estes cinco livros com 5 estrelas no Goodreads. As razões prendem-se sobretudo com o ritmo de leitura galopante ou uma história que me deixou deslumbrada. Ressalvo que o último livro, Uma Família Quase Normal, vai ser publicado em breve e merece ser atentado pelas razões que mencionei na minha recensão crítica. Aliás, todas as obras acima mencionadas têm opinião aqui no blogue.

Mais uma vez quero agradecer-vos por estarem aí desse lado! Até 2020! 

Retrospectiva 2019 [Filmes]

Como sabem, sou fascinada pelo género de terror. Este ano, como é habitual, vi uns quantos filmes e também eu quero deixar a minha lista dos best-of 2019.

As maiores surpresas:




As minhas desilusões:
  • It - Chapter 2 (achei-o muito repetitivo e similar ao primeiro filme. Não creio que tenha evoluído)
  • The Curse of La Llorona (a lenda poderia ter sido mais bem explorada e o filme resume-se a uma sucessão desconexa de jump scares)
  • Suspiria (o remake do clássico de Dario Argento ficou muito aquém das minhas expectativas)
E vocês? São fãs do género? Viram algum bom filme que me queiram recomendar? Que este ano de 2020 seja repleto de bom cinema de terror!

segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

John Marrs - Almas Gémeas [Opinião]

Sinopse: AQUI

Opinião: Encontrar rapidamente a cara metade  recorrendo a um simples teste de ADN é a premissa da primeira obra de John Marrs publicada em Portugal. Curiosamente, The One, já constava no meu e-reader há algum tempo por ter ouvido inúmeros elogios sobre a obra. Optei, claro, por ler a nossa edição.

Narrado sob cinco pontos de vista, Mandy, Christopher, Jade, Nick e Ellie, a acção desenrola-se sob os acontecimentos dos cinco personagens quando estas descobrem os seus matches, através de um teste de compatibilidade baseado no ADN.
Receava que, por terem um único denominador comum - o de encontrar, finalmente, a sua cara metade - os destinos das personagens tivessem desfechos similares. Este foi um medo infundado: tanto os pontos de partida como os próprios desenvolvimentos das cinco histórias de vida são distintas.

Além de achar a trama envolvente e viciante, devendo-se sobretudo à estrutura, em capítulos curtos com desfechos em cliffhanger, intercalados pelas cinco personagens, é uma obra que se lê num ápice e com grande interesse em antecipar os próximos passos dos protagonistas. Achei, no entanto, uma das situações extremamente inverosímil. Falo concretamente da personagem de Nick cujo ponto de partida não me convenceu, embora reconheça que tenha sido fulcral para o desenvolvimento da sua história de vida.

Como as personagens e as suas histórias de vida são diferentes, cada leitor identificar-se-á mais com um dos protagonistas. Embora tenha sentido alguma afinidade, nomeadamente com as personagens femininas, houve uma que exerceu um grande fascínio sobre mim. Falo, claro, de Christopher que é assumidamente serial-killer, relembrando-me a razão pela qual esta obra se encaixa no género de thriller.
É uma personagem complexa e desafiante que, para mim, permitiu conhecer um pouco da mente dos assassinos, um ingrediente que me fascina.

Almas Gémeas acaba por ser uma obra que, por estas razões, não se consubstancia como um thriller pesado e denso, como os que estou habituada. Ainda assim, no meu entender, os novos acontecimentos e as reviravoltas inesperadas são convidativas a folhear e a acompanhar com muito interesse as histórias das cinco personagens. Sem dúvida que é uma obra convidativa a uma reflexão sobre o amor e como este conduz as relações humanas.

sábado, 28 de dezembro de 2019

Mattias Edvardsson - Uma Família Quase Normal [Opinião]


Sinopse: AQUI

Opinião: Como ter-se-ão certamente apercebido, grande parte dos meus livros preferidos são oriundos da Escandinávia e tenho frequentemente constatado que existe um denominador comum entre todos eles: o crime e posterior investigação. Contudo, este título que será lançado já em Janeiro pela editora Suma de Letras afigura-se como extremamente original.
Mais do que um thriller psicológico, este título é, acima de tudo, um poderoso drama familiar.
Já sabem que me encontro numa fase de algum desinteresse pelos livros e, por conseguinte, parca em leituras mas devo dizer que li esta obra praticamente toda hoje e não consigo parar de pensar na história desde que terminei. Vou já explicar-vos, sem desvendar nada sobre a trama, para que percebam este meu entusiasmo.

Uma Família Quase Normal relata a história da família Sandall. Adam, o pai, é pastor numa igreja em Lund. É casado com Ulrika e têm uma filha, Stella, que é acusada de homicídio, abalando desta maneira, toda a estrutura familiar.

O que mais me agradou, numa primeira análise, foi a forma como o autor me embrenhou na narrativa. Rapidamente tive uma sensação de estar em Lund, e acompanhar a história da família Sandall. A obra é estruturada em três partes, sob três pontos de vista: o pai, a filha e a mãe. 

A subtrama principal alicerça-se na possibilidade de Stella ter cometido um homicídio, contudo, a mesma vai alternando com flashbacks do passado nos quais o pai relata alguns episódios do quotidiano ou divergências fortuitas com a filha adolescente, fazendo-nos analisar o que seria a sua família até então.
Na qualidade de pastor da igreja protestante, a referida personagem do pai tece algumas introspecções de cariz religioso com as quais confesso não me identificar mas tenho para mim que estas se revestiram de alguma importância para dar um cunho mais pessoal à personagem de Adam. A angústia, assim como a vontade de ajudar a filha, ainda que para isso ele tenha que mentir, contradizendo os seus princípios e preceitos religiosos, acabam por consubstanciar sentimentos palpáveis para o leitor. 

Após muito interesse em ler a perspectiva do pai, é a vez da filha, a qual, numa linguagem e registo muito diferentes das do progenitor, intensifica a caracterização da personagem mais jovem e, por conseguinte, mais rebelde e sem filtros. A mesma história é relatada sob o ponto de vista da adolescente, aludindo a certos pormenores que me fizeram sentir deveras desconfortável. Embora não seja inteiramente explícita, a trama aborda situações intensas que certamente não deixarão os leitores indiferentes. 

A terceira e última parte é narrada pela mãe, uma advogada criminal e, nesta fase terminal, a trama desenrola-se como se de um thriller jurídico se tratasse. Também esta personagem materna apresenta alguns segredos e partilha algumas considerações com as quais não concordei uma vez que, pessoalmente, tenho uma visão diferente sobre o papel de mãe de acordo com os nossos padrões mais ibéricos ou latinos. Contudo, tive sempre presente que a educação escandinava difere consideravelmente da que é praticada por cá. 
Só nas páginas finais, no epílogo, é que é desvendado o verdadeiro mistério que a trama propõe: terá mesmo sido Stella a assassina? Todavia, já eu estava rendida à história em virtude desta me ter envolvido tanto com aquela família ao ponto de a revelação final já não configurar propriamente um clímax, mas tão somente um ponto final na narrativa.

Em suma, estamos perante um lançamento que será, certamente, um sucesso! Não promete ser um thriller convencional, alicerçado em serial killers, porém o que mais aterroriza é, certamente, um acontecimento que pode comprometer a paz do seio familiar algo que acaba por nos trasmitir algum incómodo ou desconforto visto que a família, nas suas mais variadas vertentes, continua a ser um dos pilares fundamentais da nossa sociedade.
Envolvente e intrigante, Uma Família Quase Normal vai convidar-vos a uma profunda reflexão sobre onde iriam para proteger um filho. 
Imperdível! É o tipo de história que, garantidamente, ficar-vos-á na retina por muito tempo.


quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

Stephen Chbosky - Amigo Imaginário [Opinião]


Sinopse: AQUI

Opinião: Não se deixem intimidar pelo tamanho da obra em epígrafe. O autor de As Vantagens de Ser Invisível está de volta com uma história que, pelo que pude apurar, se encontra num registo bastante diferente do título antecessor, alicerçando-se nos géneros de terror e fantasia.
Agradou-me, por isso, bastante. Como sabeis, o género de terror em particular sempre me fascinou e, nesta obra em concreto, há um ingrediente que me deixou rendida: o facto da trama ser protagonizada por uma criança, Christopher. Tenho para mim que ter uma personagem principal infantil confere, aparentemente, um cunho de maior inocência à história. Ainda para mais quando estamos perante uma narrativa de terror, esta percepção parece intensificar-se.

Apesar de grande parte da acção se centrar, de facto, neste menino, fomentando uma inegável empatia entre o leitor e o protagonista, o autor garante uma interessante multiplicidade de personagens.

O primeiro capítulo situa-nos 50 anos antes da acção e relata um estranho e intrigante evento que se afigura como uma das forças motrizes do mistério desta trama. É então na actualidade que o autor nos dá a conhecer Christopher e a sua mãe, que se mudaram recentemente para a pacata vila de Mill Grove, após passarem por uma traumático episódio familiar.
A trama toma fôlego quando Christopher desaparece misteriosamente e, uns dias mais tarde, reaparece, mostrando um comportamento estranho. Confesso que foi a partir deste momento que a trama se tornou viciante. Apesar do número extenso de páginas e, aparentemente, muita informação transmitida ao leitor que, a meu ver, poderia ser condensada, creio que a magia desta obra reside precisamente no nível de detalhe. Como referi anteriormente e como o próprio título deixa antever, esta é uma trama repleta de elementos do género fantástico e terror. Estamos, portanto, perante uma narrativa com contornos inverosímeis. Devo dizer que sou uma leitora que procura sempre uma explicação racional nas histórias, contudo deixei-me levar pela inquietante aventura de Christopher.

Não obstante ter-me rendido ao pequeno protagonista e ao desenvolvimento da história, creio que esta não é completamente original. Frequentemente dei por mim a pensar na história de Coraline, aliando-a à fértil imaginação das crianças que, imiúde, criam amigos que só existem nas suas mentes. E sem levantar grandes spoilers sobre a história, posso apenas referir que é uma história sobre a eterna luta entre o Bem e o Mal, bastante fantasiosa, mágica e, em certos momentos, tenebrosa.
Como também sabeis, sou uma leitora ávida pelos livros de acção pelo que, em certos momentos, senti que a história se desenvolvia a um ritmo mais moroso. No entanto, compreendo que o autor tenha apostado neste registo para consolidar as personagens e até mesmo a própria acção. 

Em jeito de conclusão, terei que reiterar os adjectivos que atribuí acima: este livro é mesmo para os leitores que procuram uma obra extremamente fantasiosa com momentos de terror.