segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

Top 10 de 2018


Começo o último post do ano confessando que foi insatisfatório a nível literário. 
Em 2018 li menos do que é hábito, traduzindo-se em menor conteúdo para o blogue. Tenciono, claro, contornar esta tendência em 2019! Quero salientar o meu entusiasmo pela literatura de thriller e policial, como é meu apanágio. 
Também como é habitual, gosto de dedicar o último dia do ano a balanços e, desta forma, quero mencionar alguns livros que mais me marcaram no (pobre) ano literário. Li 57 livros, 5 dos quais foram ouvidos em audiobook, em inglês. Pouco, comparativamente com o que desejava ler/ouvir no balanço do ano passado. 

Feitas as contas, vamos a isto, sem ordem de preferência:

O livro que mais rapidamente me vem à retina em 2018 é, sem dúvida, Às Cegas de Josh Mallerman. Com excepção do final, foi uma obra que me impressionou muito (e sim, já vi o filme, achei-o bastante inferior ao livro). 


Um autor revelação este ano, pelos thrillers ágeis e gráficos, tal como eu gosto, foi Taylor Adams. Sem Saída foi fantástico e recentemente li Encurralados. Não lhe ficou atrás, garanto. A avaliar pela leitura destes dois livros, é um autor que tenho debaixo da mira e, como tal, espero que mais obras sejam publicadas por cá.


Ainda sobre autores, os mais aguardados foram Camilla Lackberg -A Menina na Floresta -, Jo Nesbo  - A Sede -, Chris Carter - Um Por Um - e Hjorth & Rosenfeldt - O Castigo dos Ignorantes. Estes autores são a prova viva que manter uma série policial aliciante é possível!


Por falar em livros aguardados, andei eu a suspirar desde Novembro de 2017, altura em que soube que a tradução de It de Stephen King estava em curso. Foi em Outubro que nos chegou, finalmente, A Coisa. Que livraço! Nunca me esquecerei do grupo de miúdos nem do palhaço Pennywise...  


2018 foi marcado pelas leituras de um género que desleixo, o de não ficção, e os dois títulos dessa mesma categoria entraram logo no top anual: I´ll Be Gone In The Dark, traduzido por cá como Desaparecer na Escuridão de Michelle McNamara e Mindhunter de John Douglas e Mark Olshaker.


E fecho, desta forma, o meu ano parco em leituras - pára de bater no ceguinho, Verovsky - mas com uma vontade de iniciar 2019 com muitos livros! Para vós, desejo muita saúde, felicidade e sucessos! 
Obrigada por me terem acompanhado em 2018 e espero ver-vos por cá no próximo ano! Feliz 2019! 

quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

Lynda La Plante - Viúvas [Opinião]


Sinopse: AQUI

Opinião: Que surpresa este livro, o primeiro que leio da autora Lynda La Plante. Confesso que não pensava lê-lo (planeava apenas ver o filme) mas ainda bem que o fiz pois, tal como é habitual, a obra é bastante superior à adaptação cinematográfica.

Sendo um livro escrito em 1983, o que mais me agradou, numa primeira análise, foi o ambiente. Ora sabe-se que nesta década houve um certo revivalismo dos anos 50 e esse aspecto foi notório na obra, uma vez que somos imersos num ambiente noir, tão típico de meados do séc. XX.

Também gostei da grande relevância que as personagens femininas tiveram na trama.
Dolly, Linda, Shirley e Bella são as protagonistas desta obra e ficamos, desde logo a saber, que as mesmas orquestram um assalto após terem ficado viúvas, pretendendo seguir à risca um plano deixado por Harry, o marido de Dolly e cabecilha de um grupo de assaltantes. 
No início o leitor não consegue perceber exactamente como se processará o assalto, contudo, a definição deste vai sendo consolidada ao longo da trama, parecendo-nos que o mesmo será exequível e que as mulheres serão bem sucedidas. É esta expectativa que alicia o interesse pela trama. 

Grande parte da narrativa debruça-se sobre a caracterização das viúvas e, embora haja a sensação que estas são as vilãs da trama, é a profundidade das personagens que conduz a uma empatia com as mesmas e compreendamos o móbil da execução deste assalto. Atrevo-me a dizer ,que no meu íntimo, desejava que o furto fosse bem sucedido sem que houvesse consequências de maior para as viúvas. 

É uma obra cuja narrativa não se desenvolve vorazmente. Num primeiro plano, alicerça-se sobremaneira na caracterização destas mulheres para, a meu ver, criar a já referida empatia atípica entre leitor e uma personagem de tipo anti-herói, ou, neste caso particular, anti-heroínas, pois estamos perante protagonistas que pretendem praticar um crime, ou seja, a execução de um assalto. Embora pareça que a trama é linear, há bastantes twists inteligentes.

Tive oportunidade de ver o filme e considero que este ficou muito aquém da obra. Apesar de considerar que a narrativa é bastante cinematográfica, muitos aspectos intrínsecos à história foram alterados no filme (bem como o nome das personagens), facto que me desagradou. Para mim, a história resultou melhor nos moldes originais e preferi, uma vez mais, a obra original à adaptação cinematográfica.

O desfecho em aberto levou-me a apurar que este é o primeiro livro de uma trilogia protagonizada por Dolly Rawlins. Embora estes livros datem da década de 80, este título em particular terá chamado a atenção devido à estreia do filme, pelo que creio que seria importante a publicação dos restantes volumes de forma a atar as pontas soltas que a obra Viúvas deixou.
Não poderia deixar de recomendar vivamente esta obra aos leitores fãs de livros noir.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

Hjorth & Rosenfeldt - O Castigo dos Ignorantes [Opinião]

Sinopse: AQUI

Opinião: Desengane-se quem acredita que a qualidade das séries policiais se desvanece a cada volume publicado. O Castigo dos Ignorantes é o 5º livro da saga protagonizada por Sebastian Bergman e reforça a razão pela qual considero esta série uma das melhores do género publicadas em Portugal.

Apesar de Sebastian Bergman ser uma personagem controversa sobretudo pela forma como lida com as mulheres, fruto do seu trauma, tenho para mim que o protagonista tem vindo a crescer a cada volume da série. 
É inevitável que o leitor estabeleça uma relação de proximidade e, acima de tudo, curiosidade sobre os seus próximos passos. Este sentimento é extensível aos restantes elementos da equipa de investigação especial da Riksmord e, a meu ver, esta componente torna esta série especial pois vai desenvolvendo as vidas pessoais das restantes personagens à medida em que se procede à investigação de um caso criminal. 

Estes casos merecem ser destacados pois são diferentes e independentes entre si, sempre intrincados e complexos. Este, em particular, convida à reflexão uma vez que o serial killer pretende combater a ignorância, submetendo as vítimas a testes de cultura geral. O destino dos reprovados é uma sentença de morte.

Posto isto, grande parte da trama debruça-se sobre uma espécie de jogo do gato e do rato, sendo que este "social justice warrior" que enaltece a cultura, pretende eliminar aqueles que não possuem grandes conhecimentos, apresentando um modus operandi bastante original. Eu, que consumo muita literatura policial, ainda não me tinha deparado com uma metodologia de homicídio como esta.

A trama é, desta forma, bastante emocionante e somos envolvidos de tal forma na história que nos sentimos a investigar este rasto de mortes juntamente com a equipa da Riksmord.

A principal ilação a tirar desta obra é bastante interessante uma vez que somos convidados a equacionar se os conteúdos presentes em reality shows ou mesmo blogues serão importantes na consolidação da nossa cultura geral. Tenho uma ideia muito particular sobre isso pois considero que cada indivíduo vai construindo a sua cultura geral consoante as suas áreas de interesse. 

À semelhança da obra antecessora, A Menina Silenciosa, o desfecho é de tirar o fôlego pois termina num cliffhanger. Uma situação chocante protagonizada por uma personagem vai ser o ponto de partida do 6º livro e, como tal, estou extremamente ansiosa pela publicação do próximo volume da série. 

Em suma, uma história extremamente inteligente, de ritmo ágil proporcionou-me uma excelente leitura, estando, sem sombra de dúvidas, na lista dos melhores do ano.


quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

Passatempo Bertrand & AXN Stephen King - Sr. Mercedes [Resultado]


Com a preciosa colaboração da editora Bertrand e AXN Portugal, a menina dos policiais tinha um exemplar do livro Sr. Mercedes de Stephen King para oferecer. Desde já agradeço à editora e aos participantes que contribuíram para o sucesso deste passatempo. Com 127 participações válidas, as respostas correctas eram:

1. Qual o nome do polícia reformado que se envolve no caso de Sr. Mercedes? Bill Hodges
2. Quantos episódios tem a temporada 1 da série Mr. Mercedes? 10
3. Mencione um título do autor Stephen King do catálogo da Bertrand. (resposta livre)

Note-se que este passatempo tinha uma particularidade facultativa: quem partilhasse o passatempo no Facebook, no seu mural e de forma pública, a participação era duplicada. Assim, quem participaria na posição 1 e cumprisse este requisito, participa com os números 1 e 2. O objectivo era divulgar o blogue aos amigos :)

E após um sorteio no random.org, a vencedora é:

84 - Isabel Fernandes (Azambuja) 

Parabéns à vencedora!!! A todos os que tentaram mas não conseguiram, não desistam pois terei o maior prazer em fazer estes passatempos! Boa sorte e boas leituras para todos!


terça-feira, 18 de dezembro de 2018

Taylor Adams - Encurralados [Opinião]


Sinopse: AQUI

Opinião: Confesso que aguardava com grande expectativa o lançamento desta obra desde que terminei a leitura de Sem Saída também do mesmo autor. Segundo pude apurar, Encurralados foi o romance de estreia de Taylor Adams embora apenas tenha sido agora publicado em Portugal. 
Para mim Sem Saída havia sido um dos melhores títulos do ano, uma vez que aprecio tramas fortes pejadas de cenas gráficas e o autor voltou a conquistar-me com o presente título Encurralados, razão pela qual atribuí, uma vez mais, cotação máxima no Goodreads e, no meu top anual, constarão certamente ambas as obras de Taylor Adams.

Agradou-me que o cenário tenha sido restrito a apenas um local: o deserto, e nesse contexto o poder descritivo do autor tornou palpável uma sensação esmagadora semelhante à claustrofobia. Apesar do deserto ser, evidentemente, um local amplo, há uma variável que torna o cenário aterrorizante: a presença de um sniper que pretende eliminar quem atravessa aquelas estradas. 

É neste panorama que surge o casal protagonista Elle e James. 
Durante uma viagem com o pretexto de mudar as suas vidas, acabam por ser retidos no deserto após o carro ter avariado em circunstâncias suspeitas e rapidamente passam a ser alvos deste atirador implacável. Dado que o seu modus operandi era apenas o disparo e aparentemente sem qualquer motivo - as suas vítimas eram fruto do acaso, por passarem naquela estrada - devo então confessar que, numa fase inicial, o antagonista não me convenceu. Sou uma entusiasta pelos homicidas com metodologias mais complexas. Porém, no final da obra somos confrontados com uma revelação sobre esta personagem, justificando o seu modus operandi. 

Do outro lado, temos o casal protagonista que com o desenrolar da acção nos mostra o quão forte pode ser o instinto de sobrevivência.
Como já tive oportunidade de referir anteriormente, a trama é dotada de uma extrema violência que poderá, à semelhança da obra antecessora, chocar os leitores mais sensíveis. 
Ainda que a trama tenha um teor pesado, o protagonista masculino responde a certas situações com algum humor negro, o que, apesar de tudo, vai aliviando um pouco o ambiente tenso no qual o leitor se vai enredando. Algumas considerações de James eram tão sarcásticas que dei por mim a esboçar um sorriso.

Repleto de acção, este é um livro que daria uma excelente adaptação cinematográfica. É emocionante, tenso e impetuoso, tendo-me proporcionado uma leitura sôfrega desde as primeiras páginas.

Em suma, uma história tão excruciante e ritmo tão alucinante fazem de Encurralados um livro que, dentro do género, é dos melhores que foram publicados por cá recentemente. Como tal, não posso deixar de o recomendar. 


quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

Stephen King - Sr. Mercedes [Passatempo Bertrand & AXN Portugal]


Em parceria com a Bertrand Editora e o AXN Portugal​, a menina dos policiais tem para sortear um exemplar do livro "Sr. Mercedes", de Stephen King. A série que adapta este livro estreou em Portugal em outubro de 2018, estando disponível já a 1.ª e a 2.ª temporadas (cada uma de 10 episódios) no AXN Now em VOD (Video On Demand). Já está confirmada a produção da 3.ª temporada. 

Sobre o LIVRO: Sr. Mercedes é um «surpreendente e refrescante» thriller, na opinião do The New York Times. Mas os elogios não se ficam por aqui. Também a Associated Press tece boas críticas a esta obra: «Mais uma vez se prova que um dos maiores contadores de
histórias da América é também um dos seus melhores escritores.» Este livro é uma luta épica entre o bem e o mal, na qual a exploração da mente de um assassino obsessivo e louco é arrepiante e absolutamente inesquecível.
Para mais informações sobre o livro, vejam aqui

Sobre a SÉRIE: A série conta-nos a história de um assassino demente que persegue um ex-detetive da polícia com uma série de cartas mórbidas e e-mails, obrigando-o a começar uma investigação privada e potencialmente mortal para levar o assasino perante a justiça antes que volte a atacar. Brendan Gleeson interpreta Bill Hodges, o ex-polícia que inicia um perigoso e intrigante jogo de gato e rato com Brady Hartsfield, que dá vida ao actor Harry Treadaway.
"Mr. Mercedes", a primeira temporada completa disponível em AXN Now, desde segunda-feira 15 de Outubro.
Para mais informações sobre a série, vejam aqui 

Regras do Passatempo:

- O passatempo começa hoje, 13 de Dezembro de 2018 e termina às 23h59 do dia 18 de Dezembro de 2018.
- O vencedor será anunciado no dia 19 de dezembro. Ao contemplado, será solicitado o NIF (para fins da emissão da guia de transporte da encomenda a enviar pela editora).
- Os participantes deverão ser seguidores do blogue (fazer login na caixa dos seguidores na barra direita do blogue)
- A partilha do passatempo numa rede social, pública, garante ao participante mais uma entrada válida 
- O participante vencedor será escolhido aleatoriamente.
- O vencedor será contactado via e-mail.
- O blogue não se responsabiliza por extravios dos CTT.
- Apenas poderão participar residentes em Portugal e só será permitida uma participação por residência.

 Só me resta desejar boa sorte aos participantes!!! :)

segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

Araminta Hall - A Nossa Forma de Crueldade [Opinião]


Sinopse: AQUI

Opinião: Este é um thriller que poderia passar ao lado até porque, numa primeira análise, pelo que pude apurar, o mesmo tem uma elevada componente sexual e, consequentemente, poder-se-ia pensar que não seria do agrado dos fãs do género. Dividido em três partes, posso assegurar que as duas primeiras estão num registo de thriller psicológico, com algumas descrições eróticas amiúde, para passar, na terceira parte, a thriller jurídico, uma vez que a trama se desenrola durante uma audiência de julgamento.

A Nossa Forma de Crueldade é uma história intensa e arrebatadora embora, confesso, não seja completamente inovadora (de repente, lembro-me de dois ou três títulos com a temática de stalking e obsessão). Porém, por mais tramas que assentem neste tema que eu conheça, e muito embora o fio condutor seja sempre o mesmo, levando invariavelmente a finais trágicos, devo dizer que são histórias que me impressionam imenso. Considero os comportamentos de perseguição e assédio uma realidade muito assustadora e, como tal, acabei por me sentir desconfortável em inúmeras passagens da obra.

No presente caso, os protagonistas são Mike e Verity. Após 9 anos de namoro aparentemente felizes - pontuados por várias práticas sexuais audazes (e sim, estas são bastante explícitas), rompem a relação, facto ao qual Mike reage com relutância pois ama (demasiado) Verity e quer continuar a relação.

A personagem de Mike é, desta forma, extremamente complexa e a autora constrói um perfil psicológico muito conturbado. Um aspecto interessante foi a forma como Araminta Hall atribuiu esta personalidade à sua infância turbulenta, recorrendo a flashbacks para relatar alguns episódios do passado deste protagonista.
Se me foi fácil fazer esta leitura do protagonista masculino, não posso dizer o mesmo relativamente a Verity. Considerei-a com um carácter muito duvidoso e no decorrer da leitura, senti-me pouco segura nos juízos de valor que ia fazendo sobre ela, daí ter sido incapaz de perceber se esta estava conivente com o comportamento de Mike ou se era mesmo uma vítima das situações provocadas pelo ex-companheiro.

Para ser sincera, achei todo o desenvolvimento da trama bastante previsível. No limite, este tipo de comportamentos desencadeiam situações dramáticas e pessoalmente senti-me tensa, angustiada e até perplexa com os pensamentos e atitudes de Mike.
Até o desfecho achei muito coerente com o desenvolvimento da história e como tal, isento daquela última cartada ou twist que os thrillers muitas vezes apresentam. Não considero que este factor, bem como a previsibilidade da trama, tenham prejudicado o meu interesse na leitura da obra. O elemento Mike faz com que o leitor se envolva demasiado na história, sem pôr em causa estes parâmetros que acabei de avaliar.

Em suma, recomendo este títulos aos leitores apaixonados por personagens mentalmente instáveis e que apreciem situações de stalking. Será um livro que vos fará pensar nas várias tramas que proliferam com esta temática, mas recomendo que se foquem, sobretudo, nas sensações aterradoras que este tipo de situação provoca. Decerto que terão maior proveito desta leitura. 


quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

Clare Empson - Ele Era O Amor Da Minha Vida [Opinião]


Sinopse: AQUI

Opinião: Um thriller simples mas muito intenso que se desenrola sobre uma situação muito peculiar: a protagonista, Catherine, deixou de falar. Suspeitamos que o seu mutismo dever-se-á a um choque traumático de tal ordem que inibiu as capacidades de se expressar verbalmente. Esta é a acção actual, uma subnarrativa que intercala com outros dois momentos temporais.

Há 15 anos atrás, Catherine conhece o amor da sua vida, um homem chamado Lucian. Não é o seu marido pelo que rapidamente concluímos que esta história de amor não terá vingando, por alguma razão. A subtrama remota a 4 meses atrás, é a que desenvolve os acontecimentos que terão despoletado o mutismo da personagem principal feminina. Achei curioso que esta subnarrativa é narrada a duas vozes: por Catherine e Lucian, permitindo o leitor conhecer ambas as versões dos acontecimentos e assim, tirar as suas próprias ilações.

Acima de tudo, este livro prima pelo convite à reflexão. Nem todas as obras do género trabalham habilmente os temas do matrimónio, o amor e as decisões que tomamos em detrimento de sentimentos tão inferiores como a culpa ou a vergonha. Considero que a autora conseguiu alicerçar uma boa história sobre estes assuntos. Atrever-me-ia a dizer que estamos perante um thriller aprimorado e sofisticado. Há uma elegância na descrição e uma omissão de factos violentos, muito embora considere que a autora nos apresenta passagens muito intensas, deixando-me algo inquieta em alguns momentos da leitura.

Apesar de ter avaliado a acção cronologicamente mais antiga, a que remota a 15 anos atrás, bastante previsível, nada me podia preparar para a resposta do mutismo de Catherine. Um acontecimento dramático e impetuoso que me deixou amargurada e quase solidária com o trauma da protagonista. Perante a intensidade deste acontecimento, a previsibilidade da dita subtrama passou a ser secundária e eu não poderia deixar de ficar rendida com a história.

Ainda que, de uma forma geral, toda a trama se caracterize por um ritmo moroso - atentando no detalhe de um passado desconhecido, entrelaçando-o com o presente, foi, para mim, uma rápida e voraz leitura. Não perdi o interesse em momento algum, numa ânsia de perceber a razão pela qual Catherine deixou de falar.

É um promissor romance de estreia. A avaliar por Ele Era o Amor Da Minha Vida - um título bastante sugestivo - um thriller leve e envolvente, que nos leva a questionar as consequências das escolhas nas nossas vidas.



terça-feira, 4 de dezembro de 2018

Stephen King - A Coisa [Opinião]


Sinopse: AQUI

Opinião: Finalmente foi publicada em Portugal uma obra bastante aguardada pelos fãs de Stephen King, o clássico de 1986, IT.
A história, para mim, não era propriamente uma novidade uma vez que cheguei a ver a adaptação em minisérie de 1990 e a mais recente versão do realizador Andy Muschiett, conhecido pelo filme Mama. Tal como os fãs de IT e do palhaço Pennywise, o polémico vilão desta história, estou extremamente ansiosa pela segunda parte do filme que estreará já no próximo ano.

Na minha opinião, ambas as adaptações são relativamente fiéis ao livro, não obstante este ser bem mais rico, como é apanágio das obras adaptadas à sétima arte. Neste sentido, aproveito para apresentar aquela que é talvez a minha única crítica a esta obra e que se prende com a extensão em demasia da mesma, embora considere que esta é uma característica já transversal aos livros do autor. Tenho para mim que Stephen King pretende que o leitor se sinta parte integrante das suas histórias e para isso, não se coíbe nos detalhes. 

A obra original, IT, dividida cá em dois volumes, ultrapassa as 1000 páginas, levando-me a concluir que Stephen King quis ir muito além de uma história de terror para, quiçá, apresentar-nos um ensaio sobre a amizade. Para mim, muito mais que as terríficas cenas protagonizadas por Pennywise, a trama reside, no essencial, na união daquele grupo perante algumas adversidades como o bullying, alienação parental ou até o racismo. Na minha opinião, esta forte crítica social, abordando estas temáticas, acaba por funcionar como um murro no estômago do leitor, tanto quanto as cenas protagonizadas por Pennywise. A maldade humana é pois equiparada à força maligna do palhaço que aterroriza Derry e é real.

Como referi anteriormente, o livro é mais complexo do que qualquer adaptação cinematográfica, apresentando-nos, em particular, uma cena bastante perturbadora e que foi excluída de ambas as versões. Além disso, existem inúmeros elementos que enriquecem a trama, alguns com um teor bastaste peculiar. A título de exemplo e sem referir spoilers, existe uma tartaruga com um papel pertinente na presente obra (e cuja função é, no mínimo, bizarra) contudo, pelo que pude apurar, este animal faz parte do universo criado pelo autor, mais concretamente, na série Torre Negra. 

Bizarro é também o adjectivo que utilizaria para caracterizar Pennywise. A Coisa é um livro tão afamado que não foi surpresa para mim quando o autor revelou a verdadeira natureza do palhaço. Achei essa explicação simultaneamente inverossímil e até exagerada, contudo, dado o carácter demoníaco do vilão, é algo que acaba por lhe fazer jus. 

Com excepção de inúmeras páginas que considerei, de facto, desnecessárias para o desenrolar da trama assim como a cena polémica que referi anteriormente e que foi omitida das adaptações ao grande ecrã, posso dizer que A Coisa foi um livro que me agradou imenso. Não sou versada em Stephen King, é certo, contudo posso já afirmar que A Coisa foi, definitivamente, um dos melhores livros que li do autor até agora. Fiquei agradavelmente surpreendida por ser um livro que não se fixa exclusivamente no género de terror como era a minha percepção inicial sobre este título.

Não se deixem intimidar pelo tamanho, A Coisa é uma obra que, com as minhas devidas ressalvas, merece ser apreciada. É um livro que ficará, com toda a certeza, na minha memória para sempre.