Toda a gente conhece aquela sensação de terminado um livro, sentir imediatamente uma nostalgia, uma pena de ter terminado esse livro. Pois bem, isso aconteceu-me agora com Anne Holt. Li (ou melhor, devorei) o seu livro em dois dias, tal era a ânsia de descobrir todas as pontas daquele fantástico enredo e agora pergunto-me porquê não ter abrandado a leitura para desfrutar desta mesma só mais uns instantes...
Anne Holt é mais do que uma mera autora de policiais. Ela foi também ministra da Justiça e talvez tenha sido esse facto que desencadeou uma percepção bastante realista sobre a criminalidade e que Holt descreve com brio nos seus livros. Sou uma fã inveterada dela, confesso! Assim que saíram os livros Castigo e Crepúsculo em Oslo, li-os em menos de nada, ficando a ansiar por mais. No entanto não li a Senhora Presidente, cuja sinopse revela um cariz mais de conspiração política e menos de policial propriamente dito, o que fez atrasar o seu momento para ser lido. Eventualmente irei lê-lo em breve.
Para quem não leu este dois últimos, o autor faz uma contextualização muito básica sobre as personagens, possibilitando a leitura deste sem que seja necessário ler os dois primeiros livros.
Em "A Raiz do Ódio", deparamo-nos com três subtramas: a investigação da morte da episcopisa Eva Karin Lysgaard, em circunstâncias um pouco estranhas. Tendo marido e um filho, esta senhora de 62 anos, terá encontrado Jesus aos 16 anos, enveredando então pela via religiosa. Em simultâneo decorre o inquérito policial sobre um corpo encontrado num rio, já em elevado estado de decomposição. À parte, o leitor acompanha o drama pessoal de Marcus Koll, um homossexual muito pacato e casado com Rolf, vê a sua vida a descambar quando incorre num erro fatal. Mas também é dado um ênfase à vida pessoal de Johanne Vik, e Adam Stubo. Para quem não está familiarizado com estas personagens, devo adiantar que ele é polícia, ela é psicóloga e criminologista. Johanne tem uma filha do casamento com Isak, Kristiane, com agora 14 anos. Esta menina tem alguma limitação e quer-me fazer crer que é autista. Em comum com Stubo, Vik tem uma filha, Ragnhild, de 5 anos.
Relativamente às subtramas acima mencionadas, achei que estas têm pontos em comum e estão bem conduzidas até aos seis finais, que são no mínimo, surpreendentes!
Neste livro há uma nítida evolução na personagem de Stubo. Deixou mais de lado os seus fantasmas pessoais (pois o próprio teve um acidente que abalou por inteiro a sua existência). Senti que agora estava uma personagem mais madura, mais adulta, com mais confiança em si próprio. É deixada mais de parte a relação com o genro e o neto, cuja importância era significativa nos livros anteriores.
No entanto continua-se sem perceber de facto o que se passa com a sua enteada, embora eu já tenha formulado uma teoria sobre a mesma. As restantes personagens estão bem caracterizadas, e bastante reais até, desde o viúvo Erik Lysgaard, que certamente esconde algo sobre a episcopisa até ao simpático casal Marcus e Rolf. Isto para não falar da vida familiar de Johanne, mãe preocupada, debate-se com uma série de contratempos já conhecidos por quem vive a maternidade dia após dia.
As emoções são de facto transmitidas ao leitor, que acompanha a par e passo a investigação de Stubo bem como a investigação paralela por parte da detective Silje Sorensen.
Como tenho vindo a denotar em policiais nórdicos, e penso já ter partilhado convosco este meu ponto de vista, as relações humanas são postas em segundo plano. E quando falo de relações humanas, refiro-me aos sentimentos e à demonstração dos mesmos. Ora vejamos, acompanhámos desde o início a evolução da relação entre Vik e Stubo, desde o livro Castigo. E embora a sua relação tenha convergido para um relacionamento amoroso, poucas são as descrições que demonstrem este facto. Nota-se um à vontade bastante incomum por parte dos mediterrânicos, especialmente no lidar com o ex da actual esposa, por exemplo. Por mais que leia policiais nórdicos, parece que nunca me cansarei de ler sobre os vários costumes desta cultura e confronta-los com os nossos.
O livro tem uma abordagem muito intensa sobre ódio expressando-se sobretudo na discriminação, quer sexual, quer racial. São tópicos já bastante desenvolvidos em livros policiais é certo, mas achei que este tinha o seu quê de especial. E eis que no fim do livro percebi porquê: a própria Anne Holt dedica este livro à sua companheira. Terá ela sentido na pele todo este preconceito e equacionado as proporções extremas que descreve no livro?
Misterioso até ao fim, adorei o prólogo, quando recuamos até 1962 e finalmente descobrimos o que aconteceu no encontro de Eva Karin com Jesus. Desta feita a autora não deixa nada por explicar, deixando prever uma aventura completamente diferente no próximo livro da saga de Vik/Stubo. Um livro que tem todos os ingredientes dignos de um magnifico policial: Mistério e segredos de família, alguns crimes sem aparentemente uma ligação e a análise dos limites exacerbados do racismo e da homossexualidade.
Mal terminei este e já ando em ânsias para ler o quinto livro da autora. Recomendo vivamente! Um excelente (e viciante) leitura! Garanto que não vai conseguir largar o livro e desvendar os três mistérios que Anne Holt brilhantemente apresenta! Atenção fanáticos de policiais nórdicos: não quererão perder este livro!
Anne Holt é mais do que uma mera autora de policiais. Ela foi também ministra da Justiça e talvez tenha sido esse facto que desencadeou uma percepção bastante realista sobre a criminalidade e que Holt descreve com brio nos seus livros. Sou uma fã inveterada dela, confesso! Assim que saíram os livros Castigo e Crepúsculo em Oslo, li-os em menos de nada, ficando a ansiar por mais. No entanto não li a Senhora Presidente, cuja sinopse revela um cariz mais de conspiração política e menos de policial propriamente dito, o que fez atrasar o seu momento para ser lido. Eventualmente irei lê-lo em breve.
Para quem não leu este dois últimos, o autor faz uma contextualização muito básica sobre as personagens, possibilitando a leitura deste sem que seja necessário ler os dois primeiros livros.
Em "A Raiz do Ódio", deparamo-nos com três subtramas: a investigação da morte da episcopisa Eva Karin Lysgaard, em circunstâncias um pouco estranhas. Tendo marido e um filho, esta senhora de 62 anos, terá encontrado Jesus aos 16 anos, enveredando então pela via religiosa. Em simultâneo decorre o inquérito policial sobre um corpo encontrado num rio, já em elevado estado de decomposição. À parte, o leitor acompanha o drama pessoal de Marcus Koll, um homossexual muito pacato e casado com Rolf, vê a sua vida a descambar quando incorre num erro fatal. Mas também é dado um ênfase à vida pessoal de Johanne Vik, e Adam Stubo. Para quem não está familiarizado com estas personagens, devo adiantar que ele é polícia, ela é psicóloga e criminologista. Johanne tem uma filha do casamento com Isak, Kristiane, com agora 14 anos. Esta menina tem alguma limitação e quer-me fazer crer que é autista. Em comum com Stubo, Vik tem uma filha, Ragnhild, de 5 anos.
Relativamente às subtramas acima mencionadas, achei que estas têm pontos em comum e estão bem conduzidas até aos seis finais, que são no mínimo, surpreendentes!
Neste livro há uma nítida evolução na personagem de Stubo. Deixou mais de lado os seus fantasmas pessoais (pois o próprio teve um acidente que abalou por inteiro a sua existência). Senti que agora estava uma personagem mais madura, mais adulta, com mais confiança em si próprio. É deixada mais de parte a relação com o genro e o neto, cuja importância era significativa nos livros anteriores.
No entanto continua-se sem perceber de facto o que se passa com a sua enteada, embora eu já tenha formulado uma teoria sobre a mesma. As restantes personagens estão bem caracterizadas, e bastante reais até, desde o viúvo Erik Lysgaard, que certamente esconde algo sobre a episcopisa até ao simpático casal Marcus e Rolf. Isto para não falar da vida familiar de Johanne, mãe preocupada, debate-se com uma série de contratempos já conhecidos por quem vive a maternidade dia após dia.
As emoções são de facto transmitidas ao leitor, que acompanha a par e passo a investigação de Stubo bem como a investigação paralela por parte da detective Silje Sorensen.
Como tenho vindo a denotar em policiais nórdicos, e penso já ter partilhado convosco este meu ponto de vista, as relações humanas são postas em segundo plano. E quando falo de relações humanas, refiro-me aos sentimentos e à demonstração dos mesmos. Ora vejamos, acompanhámos desde o início a evolução da relação entre Vik e Stubo, desde o livro Castigo. E embora a sua relação tenha convergido para um relacionamento amoroso, poucas são as descrições que demonstrem este facto. Nota-se um à vontade bastante incomum por parte dos mediterrânicos, especialmente no lidar com o ex da actual esposa, por exemplo. Por mais que leia policiais nórdicos, parece que nunca me cansarei de ler sobre os vários costumes desta cultura e confronta-los com os nossos.
O livro tem uma abordagem muito intensa sobre ódio expressando-se sobretudo na discriminação, quer sexual, quer racial. São tópicos já bastante desenvolvidos em livros policiais é certo, mas achei que este tinha o seu quê de especial. E eis que no fim do livro percebi porquê: a própria Anne Holt dedica este livro à sua companheira. Terá ela sentido na pele todo este preconceito e equacionado as proporções extremas que descreve no livro?
Misterioso até ao fim, adorei o prólogo, quando recuamos até 1962 e finalmente descobrimos o que aconteceu no encontro de Eva Karin com Jesus. Desta feita a autora não deixa nada por explicar, deixando prever uma aventura completamente diferente no próximo livro da saga de Vik/Stubo. Um livro que tem todos os ingredientes dignos de um magnifico policial: Mistério e segredos de família, alguns crimes sem aparentemente uma ligação e a análise dos limites exacerbados do racismo e da homossexualidade.
Mal terminei este e já ando em ânsias para ler o quinto livro da autora. Recomendo vivamente! Um excelente (e viciante) leitura! Garanto que não vai conseguir largar o livro e desvendar os três mistérios que Anne Holt brilhantemente apresenta! Atenção fanáticos de policiais nórdicos: não quererão perder este livro!
ola Vera,
ResponderEliminarOlha, para ler "o voyeur" convém primeiros ler os outros livros por alguma ordem, ou a ler já este sem ler os primeiros livros do escritor, nao perde nada da historia.
beijo
Bem ficaste mesmo entusiasmada com este livro.
ResponderEliminarEu já li os 3 primeiros dela e este com toda a certeza também é para adquirir.
Olá Ricardo, eu só li o Segredos Imorais e agora leio o Voyeur. Acho que podes ler esse sem ler os anteriores que não pedes nada da história. O autor faz uma contextualização muito básica das personagens para não se perder o fio à meada. Boas leituras
ResponderEliminarveruska, adorei este mesmo! Falta-me ler a Senhora Presidente (temo que não seja tão bom quanto os outros e este).
Beijinhos e boas leituras
Olá Verosky,
ResponderEliminarconheces algum livro de Chris Mooney?
Li DESAPARECIDAS, em "português do Brazil" e gostei bastante, bastante mesmo.
Já ouvis-te falar? Tentei procurar em Portugal, mas estão indisponíveis e são de uma editora que nuna ouvi falar Mill Books.
Queria também saber se tens alguma informação sobre se será lançado em Portugal mais algum livro do Donato Carrisi?
Beijinhos e Obrigada.
Mimi.
PS- Desde que conheço o teu blog gasto muuuuuuuuuito mais dinheiro em livros.
Olá mimi. Agora fui pesquisar essa questão à wook, e parece-me que o livro de que falas é este: http://www.wook.pt/ficha/o-amigo-secreto/a/id/1499158
ResponderEliminarRealmente tem uma sinopse interessante. Creio que a Mill Books já não existe :/ Mas pode ser que em feiras de alfarrabistas e Bertrand encontres algum exemplar perdido.
Em relação ao Donato Carrisi, coloquei essa questão à Porto Editora. Quando tiver resposta informo :)
Obrigada pelos elogios ;)
Um grande beijinho, continuação de boas leituras!