Sandra Brown é uma autora no mundo do policial que se caracteriza como bastante peculiar. A forma como ela arquitecta enredos providos de um misto entre o romance e o policial propriamente dito, é sem dúvida diferente do que é habitual. Devo dizer que ainda não li Karen Rose nem Julie Garwood e consta que estas também escrevem num estilo que se coaduna com o suspense romântico. Gostei de ler Calafrio e Uma Voz na Noite, por serem livros mais leves, são adequados para qualquer público mesmo quem não aprecie o género de policial (ainda que me pareça que estes livros satisfaça mais o público feminino, por enfatizarem a parte do romance, numa onda dos célebres livros Harlequin).
Então neste livro basicamente passa-se o seguinte: o detective de homicídios Duncan Hatcher e a sua parceira DeeDee Bowen são chamados à casa do juiz Cato Laird e a sua esposa Elise. Esta baleou um intruso (tendo consequentemente morrido), e alega ter sido em auto-defesa. Duncan e DeeDee têm dúvidas sobre sua história e começam a investigar. Quem será o intruso? Que iria fazer ele à casa do juiz àquela hora? O problema é que Hatcher já teve alguns desentendimentos com o juiz, tendo mesmo parar à prisão por se manifestar contra o julgamento do vilão Robert Savich. A esposa do juiz, a atraente mas calculista Elise, não parece estar a contar a verdade em relação ao que se passou. Curiosos? Mais do que isto não posso desvendar! Apenas posso dizer que a história segue caminhos altamente imprevisíveis.
A história que Sandra Brown nos apresenta em Ricochete tem alguns pontos expectáveis. Nomeadamente qual será o interesse amoroso de Hatcher. Havendo apenas duas personagens femininas, torna-se óbvio a partir do momento em que o leitor lê a sinopse. E falo em interesses amorosos porque é já familiar a anteriormente falada relação suspense-romance que a autora publicamente desenvolve em todos os seus livros. No entanto, devo desde já acrescentar, que denotei um conteúdo romântico mais discreto neste Ricochete face a Calafrio e Uma Voz na Noite. Não querendo impor que o melhor policial está desprovido de cenas de cariz sexual, e denotando o tom dissimulado deste na narrativa, achei que este livro está por um lado mais sóbrio do que os outros que li. Porque há menos personagens e o final pode ser qualquer coisa. Em Calafrio e Uma Voz na Noite, o objectivo era conhecer a identidade do assassino (Calafrio) ou do stalker (Uma Voz na Noite). Aqui buscamos mais do que um assassino, queremos conhecer a verdade, se Elise terá realmente baleado o homem e porquê, e as consequências deste acto na sua vida e na do esposo. Portanto as únicas surpresas do enredo, prendem-se apenas com o rumo que as personagens irão tomar ao longo do livro.
Elise é uma femme fatale, aparentemente não muito leal e sincera. Ela tem muito a esconder, incluindo segredos do seu passado. Além disso é casada com o juiz Cato Laird, um homem mais velho do que ela, mas pelo que parece, com um aspecto ainda jovial e no auge da sua sexualidade. Pela ambiguidade das situações face ao que é relatado sobre Elise, esta é uma personagem por quem nos sentimos sempre na dúvida. Não apresenta provas concretas que podemos confiar no que ela diz.
Por sua vez, Duncan é um homem justo, honesto e comedido. Esta combinação antagónica de personagens, o cenário e a própria conjuntura dos acontecimentos, tornam a probabilidade de sucesso deste affair como bastante reduzidas. Pelos vistos eu sou demasiado racional, e não achei assim tão convincente o romance entre estas personagens, dadas as conjunturas. Ou talvez para mim seja mais clara a distinção entre luxúria e amor. Mas no que concerne à parte romântica ficará à consideração de cada um se o amor pode surgir a partir de uma relação sexual isolada, embora, pessoalmente, tal não me pareça verosímil.
Como tem sido habitual também, a autora aplica uma fórmula, cujos resultados são válidos de livro para livro. Falo portanto da descrição do protagonista masculino. Quase que a leitora se sente atraída por um homem assim: viril, atraente... A imagem de um homem perfeito está constantemente a ser usada em qualquer que seja o romance de Sandra Brown. E a vantagem? Empatia imediata (e em demasia) com o protagonista masculino, neste caso concreto, Hatcher Duncan.
Já tinha denotado a forma como a autora escreve nos livros anteriores. A metodologia do romance aliado ao policial faz com que o leitor core ao ler certas passagens mas ao mesmo tempo o desfolhar das páginas é contínuo, só pela ânsia de saber um pouco mais e mais da história. A autora não recorre a elementos violentos, aquando na descrição dos crimes, mas por outro lado não tem qualquer pudor em explorar a linguagem erótica.
No entanto achei interessante o mistério e a desconfiança intrínsecos à história e a curiosidade de conhecer o seu desfecho. Pistas falsas e intrigas várias levam o leitor a estar confuso por diversas vezes. Afinal Elise será vítima de uma conspiração ou estará a contribuir para o afundamento de Duncan. E este sucumbirá aos encantos ainda que superficiais de Elise? O desenrolar da acção carece de momentos previsíveis mas achei que o desfecho que estava dentro dos parâmetros expectáveis: ou Elise contava a verdade ou não. A meu ver, não fugiu muito ao que se esperava.
Uma excelente leitura, que não só agrada aos fãs do policial como também aos que apreciam romances apimentados. Por isso, não deixo de recomendar este livro. Está a venda a partir de hoje, dia 12 de Setembro.
A história que Sandra Brown nos apresenta em Ricochete tem alguns pontos expectáveis. Nomeadamente qual será o interesse amoroso de Hatcher. Havendo apenas duas personagens femininas, torna-se óbvio a partir do momento em que o leitor lê a sinopse. E falo em interesses amorosos porque é já familiar a anteriormente falada relação suspense-romance que a autora publicamente desenvolve em todos os seus livros. No entanto, devo desde já acrescentar, que denotei um conteúdo romântico mais discreto neste Ricochete face a Calafrio e Uma Voz na Noite. Não querendo impor que o melhor policial está desprovido de cenas de cariz sexual, e denotando o tom dissimulado deste na narrativa, achei que este livro está por um lado mais sóbrio do que os outros que li. Porque há menos personagens e o final pode ser qualquer coisa. Em Calafrio e Uma Voz na Noite, o objectivo era conhecer a identidade do assassino (Calafrio) ou do stalker (Uma Voz na Noite). Aqui buscamos mais do que um assassino, queremos conhecer a verdade, se Elise terá realmente baleado o homem e porquê, e as consequências deste acto na sua vida e na do esposo. Portanto as únicas surpresas do enredo, prendem-se apenas com o rumo que as personagens irão tomar ao longo do livro.
Elise é uma femme fatale, aparentemente não muito leal e sincera. Ela tem muito a esconder, incluindo segredos do seu passado. Além disso é casada com o juiz Cato Laird, um homem mais velho do que ela, mas pelo que parece, com um aspecto ainda jovial e no auge da sua sexualidade. Pela ambiguidade das situações face ao que é relatado sobre Elise, esta é uma personagem por quem nos sentimos sempre na dúvida. Não apresenta provas concretas que podemos confiar no que ela diz.
Por sua vez, Duncan é um homem justo, honesto e comedido. Esta combinação antagónica de personagens, o cenário e a própria conjuntura dos acontecimentos, tornam a probabilidade de sucesso deste affair como bastante reduzidas. Pelos vistos eu sou demasiado racional, e não achei assim tão convincente o romance entre estas personagens, dadas as conjunturas. Ou talvez para mim seja mais clara a distinção entre luxúria e amor. Mas no que concerne à parte romântica ficará à consideração de cada um se o amor pode surgir a partir de uma relação sexual isolada, embora, pessoalmente, tal não me pareça verosímil.
Como tem sido habitual também, a autora aplica uma fórmula, cujos resultados são válidos de livro para livro. Falo portanto da descrição do protagonista masculino. Quase que a leitora se sente atraída por um homem assim: viril, atraente... A imagem de um homem perfeito está constantemente a ser usada em qualquer que seja o romance de Sandra Brown. E a vantagem? Empatia imediata (e em demasia) com o protagonista masculino, neste caso concreto, Hatcher Duncan.
Já tinha denotado a forma como a autora escreve nos livros anteriores. A metodologia do romance aliado ao policial faz com que o leitor core ao ler certas passagens mas ao mesmo tempo o desfolhar das páginas é contínuo, só pela ânsia de saber um pouco mais e mais da história. A autora não recorre a elementos violentos, aquando na descrição dos crimes, mas por outro lado não tem qualquer pudor em explorar a linguagem erótica.
No entanto achei interessante o mistério e a desconfiança intrínsecos à história e a curiosidade de conhecer o seu desfecho. Pistas falsas e intrigas várias levam o leitor a estar confuso por diversas vezes. Afinal Elise será vítima de uma conspiração ou estará a contribuir para o afundamento de Duncan. E este sucumbirá aos encantos ainda que superficiais de Elise? O desenrolar da acção carece de momentos previsíveis mas achei que o desfecho que estava dentro dos parâmetros expectáveis: ou Elise contava a verdade ou não. A meu ver, não fugiu muito ao que se esperava.
Uma excelente leitura, que não só agrada aos fãs do policial como também aos que apreciam romances apimentados. Por isso, não deixo de recomendar este livro. Está a venda a partir de hoje, dia 12 de Setembro.
Este interessa-me especialmente! Além disso acabo de ler um romance, e poderia ser uma boa opção para mudar de ares :)
ResponderEliminarGostei de ler este livro mas achei que o final poderia ter sido mais surpreendente, para mim foi muito previsível... mas sem duvida que lerei outros livros desta escritora
ResponderEliminarBoas leituras :)
Oi Maria,
ResponderEliminarsabes que este foi o livro dela que menos gostei... Ainda me falta ler Vidas Trocadas! Já leste esse? De resto, gostei muito do Obsessão, os outros também não estavam maus de todo.
Bjinho, boas leituras :))
Este foi o meu 1º livro desta escritora mas já tenho na minha prateleira "Uma voz na noite" já leste este? Tenho lido muito boas criticas sobre "Vidas trocadas"
ResponderEliminarBjs e boas leituras :)