L. Ville é a obra de estreia do jornalista Fernando Sobral. Este autor é mais conhecido pelo último livro lançado, intitulado Ela Cantava Fados, mas para ingressar na escrita de Sobral, decidi começar por este livro. Devo dizer que, antes de enveredar por esta leitura, vi o booktrailer e fiquei fascinada! Ora vejam e digam-me de vossa justiça! De facto, penso que é uma excelente aposta de marketing, juntamente com a capa, factores aliciantes para a escolha deste livro.
Então L. Ville conta a história da investigação da morte do comerciante de arte, Ernesto Ávila, tendo como pano de fundo a cidade de Lisboa. O responsável pelo caso é o detective Manuel da Rosa que, ao investigar o caso, irá divagar pelo lado mais negro da cidade onde conhecerá o passado e ligações de Ávila. A partir daí, o detective irá ter muitas dificuldades em triar a mentira da verdade.
O que mais me impressionou é a forma crua mas real com que o autor descreve a cidade de Lisboa. Ora é uma cidade bonita, turística, contudo há um lado mais corrupto, onde impera a prostituição, armas brancas e o tráfico de drogas. A marginalidade está assente sobre um cenário que me identifiquei imediatamente, não sendo eu da própria cidade de Lisboa, tendo morado já no concelho da Amadora e tendo conhecimento dos supra referidos bairros degradados que o autor enumera na sua trama. Neste contexto é tanta a sensação de familiaridade de cheiros e sons tão característicos de uma zona de Lisboa também mencionada neste livro, Martim Moniz.
Através de capítulos pequenos, o autor desenvolve uma história policial onde o leitor duvida de personagens complexas como Susana Wong ou Bruno Plácido, que mostram um lado suspeito mas simultâneamente humano. Daí que será muito difícil apontar-lhes o dedo, como certamente terão já experienciado com diversas personagens na leitura policial.
Em suma, não existem muitas intervenientes na narrativa, mas estes são realisticamente descritos, tanto as personagens mais ambíguas mencionadas anteriormente, como os investigadores do caso. O detective Manuel da Rosa é um homem determinado, e tem uma relação com uma agente da polícia, Ana Moreno. Como o enredo não incide apenas na componente policial, há todo um plano descritivo da relação entre estes. Classificado como um policial urbano, há uma pormenorização da cidade e dos problemas mais vulgares que aqui têm lugar.
Este é um típico policial mais parado, mas que devido ao reduzido número de páginas, deixará o leitor preso até que termine a sua leitura. Sem grandes twists mas interessante, L. Ville é um livro que dará que pensar: Portugal pode ser o cenário realista de uma boa história policial. Extremamente aprazível, é um livro que irá ler num par de horas sem dar por isso. E seja ou não o meu caro seguidor de Lisboa, irá embarcar numa viagem à parte obscura da cidade com este livro. Gostei!
Por falar em livros passados em Lisboa aqui fica uma dica:
ResponderEliminarRobert Wilson, O ultimo acto em Lisboa
esse tb já cá canta :)) Obrigado pela sugestão rsl. Beijinho e boas leituras!
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