Olivia Darko é o peusónimo de Débora Afonso, uma autora que conheci no Facebook e com quem desde cedo simpatizei devido aos gostos em comum no que concerne à literatura. A autora foi extremamente atenciosa e enviou-me um exemplar do seu romance de estreia, O Filho de Ninguém.
Com menos de 100 páginas, O Filho de Ninguém foi o livro que peguei enquanto esperava ontem pelo marido para jantar. Rapidamente li metade do livro, e concluí-o após a refeição.
O Filho de Ninguém narra a história de Justino, um homem de 26 anos que sempre viveu isolado com a sua mãe, numa terreola. Maria, mãe aos 16 anos, não sabe como ficou grávida, afirmando que o filho seria um presente de Deus. Esta concepção, dentro de uma personalidade quase fanaticamente religiosa, fez com que os anos de Justino fossem exclusivamente dedicados à mãe, excluindo qualquer contacto com a sociedade.
Este livro proporciona um excelente momento de leitura. Por ser pequeno, a autora cinge-se aos aspectos fundamentais da história, Descrições, ela fá-lo sobretudo com locais maravilhosos. Existe uma abundância de diálogos, juntamente com a toponímia portuguesa e a fluidez na escrita da autora, facilita a leitura ávida deste conto.
O livro lê-se em talvez uma hora, e é feito sobretudo com muita curiosidade. Afinal de contas, a acção concentra-se muito num dia, que Justino e Sofia passam juntos. Embora sucinto, é um dia cheio de emoções e revelações por parte da personagem masculina. Este relata flashbacks que incluem uma personagem desconhecida, de seu nome Marta, e que, à priori, desconhecemos sobre a sua veracidade. Demasiado cruéis para uma personagem quase virginal e que vemos o seu desabrochar com Sofia.
Nesta trama há apenas quatro personagens, provando que uma trama intrincada pode ser conseguida a partir de um número reduzido de intervenientes. Esta classifica-se como um poderoso thriller psicológico onde as revelações surgem em catadupa à medida que caminhamos para o final. Ainda em relação às personagens, estas são desprovidas de grande personalidade, e apenas no desfecho é que o leitor consegue fazer juízos de valor correctos sobre as mesmas, contribuindo para um maior efeito surpresa.
É sem dúvida, um livro que se desenvolve a partir dos mecanismos mais complexos da mente humana, da dependência afectiva e a necessidade da interacção em sociedade. Débora Afonso explora com mestria, esta conjunção de temáticas com os instintos primitivos que moram em cada um de nós.
Quanto ao desfecho achei-o surpreendente mas não totalmente original. Fez-me lembrar um filme, um dos melhores de terror que existem, o qual não menciono o título afim de evitar qualquer spoiler.
Para um livro de estreia a autora esteve muitíssimo bem. Este foi um livro que me cativou, tendo lido no meu serão de sexta feira. Deliciei-me com as 97 páginas, mas fechei o livro, querendo mais e mais...
Um nome promissor no thriller psicológico: Olivia Darko, é o exemplo de como a ficção portuguesa consegue estar à altura dos autores consagrados na arte do mistério. Espero que a autora publique mais livros, pois eu fiquei irremediavelmente fã!
Uau! Vou ver se leio o meu este fim de semana! Vou ter muito trabalho mas mesmo assim espero ter um tempinho para ele =)
ResponderEliminarAdorei a opinião!
Olha, nem sei que te diga...eu, que até me tenho em conta de ter sempre resposta pronta, fiquei assim meia sem palavras. Obrigada, com todas as letras :)
ResponderEliminarOlha, nem sei que te diga...costumo ter sempre resposta pronta, mas fiquei mesmo sem palavras! Vindo de uma pessoa como tu, esta crítica torna-se uma validação surpreendente e muito boa! Obrigada :)
ResponderEliminarDeixei um selo no meu blogue! :D
ResponderEliminarQuero ler! Quero Ler!
ResponderEliminarGostei bastante de ler a tua opinião acerca deste livro, também não conheço a autora, mas fiquei com o apetite aguçado.
Li também a opinião da Márcia e gostei bastante.
Boas Festas Vera.
Parabéns à Olivia que não conheço, mas quero conhecer.
O meu exemplar já vem a caminho!
ResponderEliminarVasco
http://vascoricardo.blog.com
Olá. :)
ResponderEliminarExcelente opinião.
Também adorei este pequeno mas muito interessante livro. Gostei da escrita da Olivia e aquele final foi fabuloso. Lembrou-me um pouco o Sexto Sentido ou então algum episódio daquela série "Twilight Zone", lembras-te? Por acaso estive para escrever isso na minha opinião mas depois esqueci-me... :)
Boas leituras.
Olá André!
ResponderEliminarObrigado! Entretanto tb li a tua e vi que gostaste muito! Realmente genial aquele final, parecia mesmo Twilight Zone ;)
Continuação de excelentes leituras! Beijinhos